Mauro Pimentel - Do Portal
31/03/2010Jornalistas, esportistas, artistas, escritores, técnicos, cartolas reuniram-se, terça-feira, para o adeus a Armando Nogueira na Tribuna de Honra do Maracanã - palco das muitas glórias e derrotas contadas pelo cronista. A pluralidade de fãs indicava a abrangência amealhada pelo "mestre". Extraído o lamento comum, as vozes lembravam diferentes façanhas, diferentes contortos do jornalista. Desenhavam, num mosaico de histórias, o legado do criador do Jornal Nacional, morto na segunda-feira, aos 83 anos. Para o repórter Marchos Uchôa, ele foi um divisor de águas:
- Antes do Armando Nogueira, o repórter de esporte, assim como o policial, era visto como um jornalista de nível inferior.
O cartunista e escritor Ziraldo ressaltou outra contribuição:
- Ele dava a informação com estilo. Era literário. Perfeito exemplo de um cara que exerceu bem o jornalismo. Talvez a morte do Armando faça renascer o seu estilo de jornalismo - sonha.
Nascido na cidade de Xapuri, no Acre, em 1927, Armando mudou-se na adolescência para o Rio de Janeiro. Cursou faculdade de direito, mas a paixão pelo Botafogo o encaminhou ao jornalismo esportivo. Nesta área, tornou-se referência. Cobriu todas as Copas do Mundo, desde 1954, e imprimou uma forma elegante de contar as histórias do esporte. Sua crônica influenciou gerações. “Ele trouxe a poesia para o jornalismo esportivo”, resumiu Marcelo Barreto, apresentador do canal Sportv, onde trabalhava Armando.
Para o narrador Luís Roberto, da TV Globo, o principal ensinamento deixado por Armando foi a possibilidade de criticar com elegância e elogiar sem bajulação. “A genialidade do Armando não se encontra na esquina”, observou. Já a apresentadora Leilane Neubarth ressaltou o aprendizado ético:
- Aprendemos ética e humildade com Armando Nogueira”.
O reconhecimento se estendia, como se diz, ao outro lado do balcão. Jogadores, dirigentes e técnicos reforçavam a lista de admiradores. “Fez um jornalismo diferente. Uma pessoa maravilhosa, sobre todos os aspectos”, comentou o técnico do Botafogo, Joel Santana. O presidente do clube, Maurício Assunção, acrescentou:
- Ele defendia o Botafogo sem ofender os outros. Foi fundamental para uma geração de botafoguenses que ficaram 20 anos sem ver um título. Seus textos ajudavam a argumentar durante as zoações vindas de torcedores de outros clubes.
Em retribuição, Maurício promete:
- Armando merece o título do campeonato carioca. Os jogadores estão com uma grande incumbência nas mãos.
Armando Nogueira morreu nesta segunda-feira, às 7h, de câncer no cérebro. Foi enterrado às 12h de terça, no cemitério São João Batista, em Botafogo.
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