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Rio de Janeiro, 22 de dezembro de 2024


Esporte

Elas são loucas por futebol

Bruna Santamarina - Do Portal

01/04/2009

 Reprodução

“Não tem o que discutir. O meu time é o melhor. Essa discussão é para decidir qual é o time menos pior”. A bravata seria típica numa mesa-redonda, não fosse por um detalhe: são todas meninas. O Portal PUC-Rio Digital escalou quatro torcedoras que driblam a tradição masculina do esporte. Apaixonadas por seus times, a flamenguista Maitê, a vascaína Juliana, a tricolor Carla e a botafoguense Luisa entendem mais de futebol do que muitos marmanjos. Na primeira CopaCom Feminina, elas terão a oportunidade de mostrar que, além de torcer e discutir com autoridade, sabem o que fazer com a bola no pé.

– Temos um time formado desde o primeiro período: Maria Chuteira Futebol Clube. Treinávamos toda semana e jogávamos amistosos. Com as férias, o time se distanciou um pouco. Mas queremos voltar a treinar e competir pela CopaCom Feminina – planeja a tricolor Carla Araújo, do 3º período de Comunicação Social.

Carla virou Fluminense depois de debutar no Maracanã, em 1998, quando o time estava na série B. O pai é tricolor, mas ela garante não houve pressão:

– Meu pai disse que eu não precisava ser tricolor, se não quisesse. Quando fui ao primeiro jogo, pensei: “Quero torcer por esse time que me fez chorar”. Hoje, sempre que posso, vou ao Maracanã ou assisto em casa mesmo. Nunca perco um jogo. Está acima de qualquer compromisso.

Luisa Pimenta, também do 3º período de Comunicação, cultiva uma relação igualmente visceral com o time do coração. Goleira do Maria Chuteira F.C., Luisa é alvinegra quase por uma imposição dos astros: quando nasceu, em 1989, o Botafogo venceu o Flamengo na final do Campeonato Carioca e acabou com o jejum de 21 anos sem títulos.

– Vou aos jogos com meu pai, seja no Maracanã, no Engenhão, em Xerém ou em Bonsucesso. Nós nos emocionamos muito. Ele também é fanático, e diz que eu nasci com tudo. Alguns amigos não acreditam que eu gosto tanto de futebol. Mas eu fico mesmo maluca, choro e arranjo até confusão, quando vou ao estádio. Às vezes, até quebro os copos de plástico, de tão nervosa que fico.

A flamenguista Maitê Rabelo, aluna do quinto período de Comunicação Social, também encontra no pai um parceiro cativo do futebol. Cresceu assistindo a jogos na TV por assinatura. Na primeira vez que foi ao Maracanã, em 2007, viu seu time vencer o Grêmio por 3 a 0, pelo Campeonato Brasileiro. Inesquecível, é claro:

– Minha mãe, sempre muito preocupada, não me deixava ir ao Maracanã, com medo da violência no estádio. Certo dia, decidi que tinha que ir a um jogo do Flamengo. A primeira vez a gente nunca esquece. Fiquei em frente à torcida, emocionada com tudo.

Ver de perto o objeto da paixão é algo que Juliana Senra ainda desconhece. Problemas de uma estranha no ninho: ela e a mãe são as exceções vascaínas em uma família de tricolores. Para compensar, Juliana se reúne com os amigos em bares próximos à sua casa.

– Meu pai é tricolor e nunca quis me levar a um jogo do Vasco. Costumo ir a barezinhos com minhas amigas. Conversamos sobre futebol o tempo inteiro.

Luisa parte para o ataque: quem gosta mesmo de futebol acompanha o time no estádio, apesar do risco de violência. A paixão pelo Botafogo se estendeu ao ídolo Diguinho, atualmente no Fluminense.

– Uma vez eu estava no shopping e vi o Diguinho subindo a escada rolante. Fiquei desesperada, o agarrei e comecei a gritar: “Eu amo você!”. Minha mãe ficou falando: “Pelo amor de Deus, por que você está chorando?”. Paguei o maior mico e, para completar, minha mãe não reconheceu o Diguinho.

O carinho foi recompensado. Luisa ganhou uma camisa autografada por Diguinho. Ela guarda o troféu emoldurado na parede de seu quarto.

O favorito de Carla também já deixou o clube: Thiago Silva. O zagueiro da seleção transferiu-se do Fluminense para o Milan nesta temporada. De tão apaixonada pelo Tricolor e pelo futebol, Carla quer seguir a carreira de jornalismo esportivo, assim como a amiga botafoguense Luisa. Ela já ensaia os palpites:

– Parreira (Carlos Alberto Parreira, que voltou ao comando do Fluminense em março deste ano) é um ótimo técnico, com visão de jogo privilegiada. Ele faz modificações que muitos não fariam, pois é ousado. Acredito que o Fluminense tem tudo para ganhar títulos este ano. Tanto pelo time, quanto pelo Parreira: é um conjunto. O Fred, que acabou de chegar, é um jogador diferenciado, mas há jogadores antigos igualmente importantes. O Conca, por exemplo, é muito habilidoso, tem raça e sempre ajuda.

Conheça melhor as boas de bola

 Maitê Rabelo

Time: Flamengo
Idade: 20 anos
Curso: Comunicação Social
Período:
Primeira vez que foi a um jogo: 2007 – Flamengo 3 x 0 Grêmio – Campeonato Brasileiro
Melhor clássico: Flamengo x Fluminense
Melhor jogador do time: Fábio Luciano
Jogador mais bonito: Fábio Luciano
Jogo inesquecível: O primeiro jogo, contra o Grêmio, pelo Campeonato Brasileiro
Grito da torcida: “Eu sempre te amarei, onde estiver cantarei: Oh meu Mengo; Tu és time de tradição, raça amor e paixão; Oh meu Mengo”


 Luisa Pimenta

Time: Botafogo 
Idade: 19 anos
Curso: Comunicação Social
Período:
Primeira vez que foi a um jogo: 1995 – Botafogo 2 x 1 Santos – Campeonato Brasileiro
Melhor clássico: Botafogo x Flamengo
Melhor jogador do time: Victor Simões
Jogador mais bonito: Diguinho
Jogo inesquecível: Semifinal da Copa do Brasil, contra o Figueirense, em 2007
Grito da torcida: “E ninguém cala esse nosso amor; E é por isso que eu canto assim: É por ti Fogo”


 Carla Araújo

Time: Fluminense 
Idade: 18 anos
Curso: Comunicação Social
Período:
Primeira vez que foi a um jogo: 1998 – Fluminense 0 x 0 Cabofriense – Campeonato Carioca
Melhor clássico: Fluminense x Flamengo
Melhor jogador do time: Conca
Jogador mais bonito: Tiago Silva
Jogo inesquecível: Final da Copa Libertadores da América, contra o LDU, em 2008
Grito da torcida: “Eu vou cantar essa paixão que vem de dentro; Um sentimento verde, branco e grená; Ole, ole... meu tricolor amo você”


 Juliana Senra

Time: Vasco 
Idade: 18 anos
Curso: Comunicação Social
Período:
Primeira vez que foi a um jogo: Nunca foi. Gosta de assistir em bares com os amigos
Melhor clássico: Vasco e Flamengo
Melhor jogador do time: Tiago
Jogador mais bonito: Tiago
Jogo inesquecível: Final da Campeonato Brasileiro, contra o São Caetano, em 2000
Grito da torcida: “De todos os amores que eu tive, és o mais antigo; O Vasco é minha vida, minha história, o meu primeiro amigo; Quem não te conhece me pergunta por que eu te segui; Eu levo a cruz-de-malta no meu peito desde que eu nasci”