Literatura e arte: um par perfeito
Marcela Maciel - Do Portal
22/01/2009
Não se pode fazer uma coisa pela vida inteira. É com esse pensamento que Bia Corrêa do Lago, psicóloga formada pela PUC-Rio, trocou o consultório pela pesquisa da Arte no Brasil. Criou uma editora, pela qual publicou dois livros de arte. Imprescindível nesse caminho foi a companhia do marido Pedro Corrêa do Lago.
Tudo começou em 1992, quando Bia se mudou para São Paulo, onde Pedro já era ele próprio um marchand. Esse era o momento para tentar coisas novas. Com ajuda dele, embarcou em vários projetos culturais.
O casal começou pela obra do pintor holandês Frans Post, que veio ao Brasil com Maurício de Nassau e um dos primeiros a retratar a paisagem brasileira. Durante 12 anos, os dois viajaram pelo mundo em busca de telas pouco conhecidas. Descobriram muitas delas, mas também falsificações e outras atribuídas a Post que se revelaram ser de outros pintores. O resultado foi um Catálogo Raisonné, pela Editora Capivara, comandada pela própria Bia.
Nem sempre é fácil uma relação de trabalho entre marido e mulher. Pedro, no entanto, derrete-se de elogios pela cara-metade:
- Ela teve a generosidade de se interessar pelas minhas paixões. E ela se apaixonou pelas mesmas coisas. É sempre bom trabalhar com a Bia.
Outro projeto na mesma linha é a monografia sobre o fotógrafo Augusto Stahl. De ascendência alemã, ele registrou paisagens e cenas do cotidiano do Brasil do século XIX. O livro que resgata a obra de Stahl também tem o selo da Editora Capivara.
Não bastava, e ela mergulhou no desafio de conversar com escritores e músicos para a TV Futura. Em 1999, Bia recebeu o convite para participar do programa “Afinando a Língua”, com um quadro sobre personalidades do mundo cultural brasileiro. Deu tão certo que, dois anos depois, ganhou espaço próprio na programação, com o título de “Umas Palavras”. Caetano Veloso, João Ubaldo Ribeiro, Lya Luft, Augusto de Campos são alguns dos muitos que já passaram pelo programa. Além de apresentar, Bia acompanha de perto a produção e edição.
Filha do escritor Rubem Fonseca, o universo literário nunca foi novidade para ela, que confessa a grande influência paterna. O pai famoso ajudou, mas ela seguiu suas próprias inclinações:
- Ele nunca falou leia isso ou aquilo. Ele tinha muitos livros, e achava que o fato de ter todos aqueles livros à disposição, era uma coisa para eu ir encontrando. Para mim, ter livros em volta sempre foi um valor.