Amanda Reis, Júlia Zaremba, Patrícia Côrtes e Tiago Coelho * - Do Portal
22/10/2012As seis décadas do Departamento de Comunicação Social e os 25 anos do Projeto Comunicar foram consagrados com uma grande festa no ginásio da PUC-Rio, sábado passado, 20 de outubro. A confraternização nostálgica, repleta de reencontros, reuniu cerca de 600 convidados, entre ex-alunos, alunos e professores. Na manhã seguinte, a comemoração ganhou o Cristo, com missa celebrada pelo arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta. "A comunicação também está de braços abertos aos apelos sociais, é essencial para uma sociedade melhor", lembrou ele, aos pés do cartão-postal. (Veja a galeria de fotos da festa e da missa.)
O contentamento e o orgulho estampados nos que acompanharam a celebração naquele cenário deslumbrante haviam contagiado também a badalação de sábado. Embalados pela Orquestra Bianchini, ex-alunos de diversas gerações entregavam-se a memórias revividas e transformavam o ginásio numa animada pista de dança.
Representantes das primeiras turmas foram homenageados
O reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira; o vice-reitor comunitário, Augusto Sampaio; o decano do CCS, Luiz Roberto Cunha; o diretor do Departamento de Comunicação, Cesar Romero, e o coordenador geral do Comunicar, Miguel Pereira, subiram ao palco para abrir a festa e homenagear representantes de passagens emblemáticas desses 60 anos. Como o jornalista e professor aposentado Fernando Ferreira, idealizador do Projeto Comunicar e aluno da segunda turma do curso. Ferreira se emocionou ao receber a placa do reitor e por ter recebido o carinho de ex-alunos.
- Fiquei muito feliz com a manifestação carinhosa de vários ex-alunos, de todas as épocas. Tudo isto me leva a pensar o que eu pretendi, dentro das minhas próprias convicções, me dá a certeza de que os meus objetivos foram alcançados.
"Foi meu professor", emocionou-se a mestre de cerimônias, a jornalista Viviane Medeiros, que lembrou algumas histórias e curiosidades das seis décadas de Comunicação, iniciada em 1952, ainda associada à faculdade de Filosofia.
Igualmente homenageado, o primeiro diretor do Departamento, professor Walter Poyares, foi representado pelo neto, o publicitário Eduardo Poyares, também formado pela PUC, em 2000. Já a professora e ex-aluna Luísa Chaves de Mello recebeu a homenagem em nome do avô, Gladstone Chaves de Mello, professor das primeiras turmas do curso. A jornalista Adriana Oliveira, editora do jornal O Globo, recebeu uma placa em nome dos ex-estagiários do Comunicar.
Lembranças, reencontros e muita dança agitaram a noite. Depois de abrir a festa com o tema de Star Wars, a orquestra comandada pelo maestro Bianchini atacou de Tim Maia, Village People, Roupa Nova, Frankie Valli and the 4 Seasons. Virou bailão. A cantora Stella Caymmi, que entrou na Comunicação em 1982, deu uma canja.
No embalo da orquestra, trenzinho uniu gerações
Os convidados alternavam as conversas com a pista dança, a grande estrela da noite. Um divertido trenzinho, desses obrigatórios em baile de carnaval, formado por alunos, ex-alunos e grandes figuras da universidade, simbolizava a união de tantas gerações.
Aluna da turma de 1960, a jornalista e professora Ângela do Rego Monteiro (foto abaixo) divertiu-se "demais". Sempre descontraída, só lamentou a ausência de colegas contemporâneos:
– Está tudo incrível, um clima fantástico. Só não reencontrei colegas da minha turma, pois a maioria já está no Céu.
A escritora e roteirista Flávia Lins e Silva, formada em Jornalismo em 1993, estava animada com o encontro:
– É uma delícia reencontrar os amigos e os professores, apesar de manter contato com boa parte da minha turma – contou Flávia, que aprovou o “clima de anos dourados”.
Memórias dos primeiros passos profissionais e do convívio no campus
Autora de uma dezena de livros, entre eles a série protagonizada pela menina Pilar, e roteirista da série infanto-juvenil Detetives do prédio azul, do novo canal Gloob, Flávia foi estagiária do Jornal da PUC, pelo Projeto Comunicar. Ela lembra com carinho do início da carreira:
– Foi uma experiência incrível. Lembro que usávamos máquina de escrever, e o dedo entalava – riu Flávia, que entrou na PUC em 1989, mas já frequentava o campus desde criança:
– Cresci dentro da PUC. Além de meu pai ter sido professor do Departamento de Informática, era vizinha daqui, roubava jabuticabas.
Ao lado da jornalista Paula Autran, Lucia Morgado, da produtora Guiza, formada em 1992 (na foto com as professoras Carla Siqueira e Angeluccia Abert), recordou um momento inusitado durante o estágio no Jornal da PUC:
– Botaram fogo numa casa de marimbondo dentro do Comunicar. De repente, a fumaça chegou ao jornal e foi uma correria. Acharam que havia um incêndio – riu Lucia.
O jornalista e DJ Marcelo Janot também fez parte da turma. Como repórter e redator do Jornal da PUC, ele acrescenta uma história sobre a era pré-computadores:
– Faltavam algumas letras na máquina, que eram preenchidas à mão.
O jornalista ressaltou a importância da universidade na sua vida e alegria de reencontrar colegas e professores:
– A PUC foi uma escolha acertada, não só no sentido acadêmico, mas também no social. Além de estarmos nas salas de aula, ficávamos nos pilotis. A PUC agrega as pessoas. Conheci muitas pessoas com quem tenho contato até hoje, e que me abriram as portas do mercado.
Recém-formados e alunos também prestigiaram a festa. Para Gabriel, do terceiro período, a confraternização superou as expectativas:
– Foi muito mais do que esperava. Eu me diverti bastante e tive a oportunidade de conhecer pessoas novas.
Confira: Ex-alunos de Comunicação falam da importância do curso
O diretor do Departamento de Comunicação, professor Cesar Romero Jacob, também comemorou:
– Quando planejamos, nunca sabemos o que vai acontecer. Fiquei muito feliz com este momento de reencontro. Eu, que estou há 36 anos na PUC, reencontrei muitas pessoas.
"A PUC é uma festa", resumiu Tendler
O publicitário e professor Bernardo Mariani, um dos organizadores da iniciativa, ao lado da também publicitária e professora Claudia Brütt, reforça a satisfação com o resultado:
– A festa teve um astral muito legal: as pessoas dançaram, se divertiram. Era isso que queríamos.
“A PUC é uma festa”, resumiu o documentarista Silvio Tendler, professor e ex-aluno, formado em 1973 (na foto com o colega Ernani Ferraz). O orgulho de ter sido um “filho da PUC” é declarado também por recém-formados, como o jornalista Flávio Carvalho, de 26 anos, que colou grau no primeiro semestre deste ano. Ela destaca como a universidade reúne "diversas realidades":
– Sou da Rocinha, e nunca sofri distinção por parte de ninguém. Os professores me ensinaram muito, e diferentes caminhos se abriram na minha vida.
Para os próximos aniversários da Comunicação, o recém-formado, que trabalha na Biblioteca Parque da Rocinha, ressalta a importância de os alunos e ex-alunos assumirem uma participação ativa:
– Nós estudantes temos que nos conscientizar de que é importante participar e ajudar a melhorar o nosso curso.
Missa no Cristo reforça atmosfera de orgulho e celebração
A "festa" desdobrou-se na manhã de domingo, sob outra forma e outro cenário. Lá do alto do Corvocado, ornada pela vista maravilhosa, a missa em celebração aos 60 anos do Departamento de Comunicação e aos 25 anos do Projeto Comunicar reuniu cerca de 150 pessoas, entre alunos, professores e funcionários. Foi conduzida por Dom Orani João Tempesta, grão-chanceler da PUC-Rio, com o apoio de padre Omar Raposo, reitor do Santuário Arquidiocesano do Cristo Redentor do Corcovado, e do reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira. Entre cânticos e orações, lembraram que o morro que há 81 anos acolhe o monumento-símbolo da cidade foi palco da primeira transmissão radiofônica do país, um marco para a Comunicação na década de 1920.
– É simbólico que o Departamento de Comunicação da PUC celebre seus 60 anos e os 25 do Comunicar em um lugar que significa tudo para a comunicação – observou Dom Orani.
O diretor do Departamento de Comunicação, Cesar Romero Jacob, reforçou o simbolismo do local escolhido para a cerimônia, reforçado pela bela manhã de sol:
– É um momento especial, e o Cristo tem toda uma simbologia para a PUC e para a cidade. Tem uma magia, uma aura especial.
A professora de Comunicação em TV e ex-aluna Carmem Petit Jean levou o filho Jean, de 3 anos. Ela adorou a iniciativa:
– Imagine se eu deixaria de trazer meu filho! Foi a primeira vez dele no Cristo, ele adorou, ficou muito emocionado.
Para Romero Jacob, há 36 anos no Departamento, o tradicional compromisso com o pioneirismo e a inovação sustenta as metas para os próximos anos. Com inevitável orgulho por ter contribuído para o desenvolvimento e a aplicação deste princípio inovador, ele emocionou-se com o congraçamento:
– Fiz a minha carreira profissional na PUC. Então, poder ver este momento de celebração e reencontro é muita felicidade.
Um dos fundadores do Projeto Comunicar, o professor Miguel Pereira também se rendeu à emoção de ter um trabalho consolidado ao longo de duas décadas e meia:
– Aquilo que a gente imaginava e idealizava está se concretizando ao longo do tempo. E ser realizado numa situação dessas é o melhor prêmio do mundo, porque percebemos que o resultado é muito positivo – avalia – A comunicação hoje é uma coisa nova, uma coisa que deve ser pensada, pesquisada, reexaminada, reelaborada e estudada. O importante neste nosso caminho é que a gente sempre deve estudar: quem faz comunicação e não estuda se perde no tempo. Estudar é pensar, refletir, pesquisar, e acho que vocês têm que assumir essa missão – reitera Miguel, dirigindo-se, em especial, às novas gerações de profissionais e pensadores da comunicação.
Turistas de vários países que lá estavam também acompanharam a cerimônia. Um casal de italianos, que completava 40 anos de matrimônio, recebeu com contagiante alegria a benção de Dom Orani. Não menos emocionante foi o encerramento da celebração, ao som de Jesus Cristo, de Roberto Carlos, cantada por padre Omar com o coro uníssono de todos. Um bonito desfecho, à altura do cenário e da história de um curso que, como observou Cesar Romero Jacob, cresceu com o próprio avanço da comunicação no país.
* Participaram desta cobertura Carlos Serra e Maria Christina Corrêa.
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