Três vezes por semana, o ginásio da PUC-Rio deixa de lado as animadas peladas de futsal e abre espaço para uma atividade que reforça o o caráter plural da universidade: a capoeira. Comandadas por mestre Camurça, as aulas são um refúgio para estudantes, funcionários e professores. No meio do dia ou no fim da tarde, as gingas aliviam a tensão cotidiana.

Iniciada no fim dos anos 80, a atividade reúne hoje 20 participantes. Pernambucano de nascimento, mestre Camurça construiu a vida no Rio de Janeiro, onde se formou em capoeira. Além das  aulas na PUC-Rio, comanda dois projetos sociais: no Parque da Cidade e em Duque de Caxias. Para ele, a capoeira é uma “ferramenta de construir cidadãos”:

- Ela cuida da nossa saúde. É uma terapia para que possamos conviver com toda essa violência do dia-a-dia. Tento mostrar, por meio da capoeira, que a educação e a cultura são os caminhos a serem seguidos. 

Favorável ao condicionamento físico, a capoeira também trabalha a saúde mental e espiritual, diz o mestre. Segundo Camurça, as aulas são um ótimo espaço para fazer amizades:

- Fiz muitos amigos, que continuam perto de mim até hoje. Depois das aulas, costumo sempre fazer uma roda, para que os alunos possam ter um momento de conversa. Um ajuda o outro.

Alguns alunos de mestre Camurça já são veteranos na capoeira. Solange Freiria, por exemplo, começou a praticar há dez anos:

- Sou muito ativa. A capoeira aqui da PUC se encaixou no meu horário, já que acontece no intervalo do almoço. A aula oferece um descanso do ambiente de trabalho, me deixa mais disposta.

Amiga de Solange, Tatiana Simões é novata. Mas confessa que o namoro com a capoeira é antigo:

- Sempre quis fazer capoeira. Pretendo continuar vindo aqui

As aulas de capoeira, no ginásio da PUC-Rio, são ministradas às segundas, quartas e sextas-feiras em dois horários: de meio-dia às 13h30 e das 19h às 21h. Mais informações pelo telefone 8285-3079.

Movimentos acrobáticos e música

Originária da África, a capoeira se estabeleceu no Brasil com os escravos africanos e seus descendentes. Caracterizada por movimentos rápidos e acrobáticos, é diferenciada das outras lutas por incorporar música.

No Rio, os primeiros registros da sua prática datam do século XVIII. Considerada subversiva, era reprimida. Foi quase extinta. Só em 1932, quando foi fundada a primeira academia de capoeira do Brasil, deixou de ser marginalizada.

Com o esforço dos praticantes, espalhou-se pelo país e alcançou maior notoriedade na Bahia. Nos últimos anos, a capoeira avançou rumo à profissionalização, com a abertura da Federação Internacional de Capoeira e da Associação Brasileira de Árbitros de Capoiera.