O projeto de lei sobre a inclusão de disciplinas de ética nas escolas (cidadania moral e ética, para o Ensino Fundamental, e ética social e política, para o Ensino Médio), proposto pelo senador Sérgio Souza (PMDB-PR) e aprovado pelo Senado, divide opiniões de educadores.
Para a professora de ética do Departamento de Cultura Religiosa da PUC-Rio Rosemary Fernandes, coordenadora do setor Comunitário-Pastoral do Colégio Teresiano, a ética deveria ser um tema transversal para todas as disciplinas no Ensino Fundamental, num projeto interdisciplinar.
– A ética está integrada à vida. Todos os professores deveriam tratá-la dentro de suas áreas obrigatoriamente. Desta forma, não haveria nenhuma dicotomia.
Ela acrescenta ainda que, no Ensino Médio, o conteúdo é contemplado pela cadeira de filosofia, que já faz parte da grade curricular, assim como a sociologia.
– Se criarem uma nova disciplina, vão dificultar o entendimento dos alunos e a organização do cronograma escolar. Além disso, as disciplinas já existentes vão ficar desvalorizadas – avalia.
Ao mesmo tempo, a professora acredita que a ética pode ser um item valorizado no currículo profissional, como já acontece com o voluntariado: “Profissionais que prestam serviços comunitários fazem a diferença na hora da contratação” (leia também a reportagem Valorização no currículo move recorde de voluntários).
Rui Alves, diretor de ensino da rede de colégios Ph, uma das maiores da cidade, acha louvável o projeto de lei:
– Disciplinas que trabalham a conduta do ser humano são muito importantes. As escolas não podem estar focadas apenas em temas tradicionais, como matemática e português.
Para ele, as novas disciplinas são uma releitura da antiga disciplina educação moral e cívica, e não trariam impacto sobre a carga horária:
– Novos conteúdos não prejudicam o desempenho dos alunos. A geração Y é multiprofissional e tem a capacidade de absorver diversos conteúdos ao mesmo tempo.
Para ser sancionado, o projeto de lei precisa ser aprovado pela Câmara de Deputados.
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