Diante de uma sociedade cada vez mais virtual, levar o audiovisual para às salas de aula é uma das estratégias para atrair o interesse de crianças e jovens. Segundo o estudo Jovem Digital Brasileiro, do Ibope Media, 93% dos internautas têm acesso às redes sociais e 66% assistem e baixam vídeos online. Com isso, especialistas acreditam que educadores precisam se adaptar à nova demanda tecnológica para melhorar a interação dos alunos com o conteúdo transmitido em sala. Para o professor do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio e especialista no setor audiovisual Ernani Ferraz, a linguagem do educador deve acompanhar tais mudanças técnicas e de comportamento:"Precisamos interagir com os jovens e aplicar em sala materiais e ferramentas alinhados às necessidades, interesses e hábitos deles. Assim despertamos a curiosidade pelo que é transmitido".
Um dos exemplos de incentivo à articulação afinada entre aos novos formatos audiovisuais e os jovens é o projeto Jovem Profissionais do Audiovisual. Idealizada por Ernani, a iniciativa qualifica, para o mercado audiovisual, 100 moradores da Rocinha, na Zona Sul carioca, e estudantes de escolas públicas do Rio. Eles recebem aulas de audiovisual, informática, inglês na PUC-Rio, com o suporte do Núcleo de Estudos e Ação sobre o Menor (Neam), que completou recentemente 34 anos de atuação, e o apoio local do Centro Comunitário da Rua Um - A União faz a Força. Em março, o se integrou aos 30 programas apoiados pelo Criança Esperança, em alusão às três décadas da campanha.
– O objetivo é proporcionar uma técnica apropriada para que tenham a oportunidade de produzir conteúdos. Eles precisam ter interesse em olhar a tela, construindo conteúdos a partir da realidade deles. O que me incomoda é que o jovem não produz, mas é levado pela televisão, pelo cinema. Estamos dando as ferramentas necessárias para que eles produzam e tenham uma autonomia nos registros – destaca a fundadora do Neam, Marina Moreira.
Já o supervisor administrativo do Neam, Davison Coutinho, ressalta a importância de incorporar as novas ferramentas tecnológicas no processo de aprendizagem, para engajar os alunos: “Falar a mesma linguagem que os jovens e sair do quadro, papel e giz são procedimentos essenciais para incentivá-los e seduzi-los”. A professora de teatro Amília Francisca Mércio, diretora adjunta da Escola Municipal Oscar Tenório, na Gávea, acredita que a ligação dos alunos com o audiovisual pode ampliar a visão dentro do ambiente escolar e melhor preparar os jovens para o futuro profissional:
– Às vezes, o primeiro contato com a tecnologia da criança e do adolescente, estudante de escolas públicas, é dentro da escola. Por isso, procuro proporcionar aos meus alunos a relação com as produções audiovisuais. Como professora de uma das artes mais antigas do mundo, a melhor maneira de engajá-los, de fazê-los entender melhor o conteúdo, é com filmes e vídeos.
Aluno do 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Oscar Tenório, o adolescente Luiz Eduardo, 14 anos, é um dos 100 integrantes do projeto Jovem Profissionais do Audiovisual. Ele reconhece a importância das técnicas audiovisuais para a formação escolar: “Além das aulas ficarem muito mais atraentes com vídeos, filmes e computadores, uso muito do que aprendo nos meus trabalhos e apresentações escolares”. Luiz Eduardo se diz um apaixonado pela câmera fotográfica, que pretende transformar em instrumento de trabalho:
– Manejar uma câmera profissional é simplesmente maravilhoso.