A publicitária Isabel Barreto, professora do Departamento de Comunicação Social é a vencedora do Prêmio Ser Humano, da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Rio de Janeiro (ABRH-RJ). Na última segunda, 12, em premiação no auditório do Senac, no Flamengo, Isabel ficou muito feliz ao ter o seu trabalho escolhido, e ainda reencontrou um antigo aluno, que faz parte da diretoria da associação.
– Agora estou revigorada para continuar meu próximo MBA. A alma está alimentada – contou a professora entusiasmada. Isabel afirmou ter notado uma visão mais ampla do conceito de sustentabilidade além da relação com o meio ambiente.
Ao decidir fazer o MBA Gestão em Recursos Humanos, pela PUC-Rio, Isabel pensava em buscar embasamento teórico para defender uma tese em que acreditava: a sustentabilidade deve ter foco nas pessoas; os reflexos no meio ambiente são consequência. Sua monografia, Competências humanas para a sustentabilidade, concorreu na categoria de trabalho acadêmico.
Além de querer saber quais as contribuições das empresas na área, Isabel já fazia pesquisas sobre sustentabilidade com foco no ser humano:
– Visam muito o meio ambiente. Primeiro, precisam mudar o ser humano, sua forma de pensar, que interfere diretamente nas relações sociais e pessoais. A transformação do meio ambiente é consequência – destaca Isabel.
No livro As três ecologias, de Félix Guattari, em que o filósofo francês defende a articulação entre meio ambiente, as relações sociais e a subjetividade humana para evitar a “deterioração progressiva do mundo”, Isabel encontrou ecos de seu pensamento: “Ele conseguiu colocar em palavras tudo o que eu pensava”.
A publicitária também se identificou com outras duas obras, que foram as bases da sua pesquisa: Capital moral, de Marcelo Diniz, e Capital espiritual, de Danah Zohar. Ambos abordam o bem comum.
– O bem comum é o mais simples e básico. Porém, falta respeito. A ferramenta para o desenvolvimento humano se resume nas iniciais TDE: treinamento, desenvolvimento e educação corporativa – afirma Isabel, que considera a educação um desafio para se chegar à mudança.
Segundo a professora, as empresas têm dificuldade em encontrar pessoas que consigam pensar e trazer soluções:
– Apesar de massificarem o discurso de missões e valores, as empresas sofrem com um apagão de mão de obra. Falta qualificação. O sistema educacional é mecanicista: o aluno é adestrado a ter respostas certas para perguntas pré-elaboradas. Muitas vezes, tem o conhecimento técnico, mas falta a competência comportamental, como viver em grupo.
Isabel cita catástrofes como o atentando às torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, como exemplos de que o ser humano só consegue mudar depois de passar por crises:
– Não foi um atentado de Bin Landen contra Bush, foi um atentado contra o sistema capitalista ocidental. Naquele momento, começou a engatinhar uma nova forma de pensar – afirma a professora, que também compara o julgamento do mensalão a “um momento de crise do Brasil, no qual o país tem a oportunidade de voltar ao equilíbrio da política, por mais que haja um enraizamento da corrupção”.
Isabel começou, em abril, outro MBA em Management, pelo Departamento de Administração da PUC. A professora também programa fazer um workshop de treinamento com a física e filósofa Danah Zohar, por quem foi convidada, na Inglaterra.
O trabalho de Isabel concorreu ao prêmio da ABRH-RJ – por insistência da coordenadora do curso, professora Ana Heloisa Lemos – na categoria melhor trabalho acadêmico.
O mesmo estudo recebeu menção honrosa durante a 15ª Mostra PUC, em agosto, no concurso de trabalhos acadêmicos sobre sustentabilidade.
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