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Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2024


Esporte

Jornalismo esportivo cresce e exige qualificação profissional

Caio Lima - Do Portal

12/04/2012

 Arte: Jorge Neto

A retomada da autoestima após anos de abandono e o fato de o Rio de Janeiro estar no roteiro esportivo mundial, com a realização das copas das Confederações e do Mundo e das Olimpíadas, possibilitou o crescimento em variados setores, entre eles o jornalismo esportivo. A chegada da emissora americana Fox Sports, que escolheu a cidade como sede, e a abertura do canal de TV por assinatura SporTV 3, que aos poucos deve produzir seu próprio conteúdo, são frutos desse aquecimento. Profissionais da área alertam os aspirantes a jornalistas esportivos a buscar mais qualificação.

A Fox Sports chegou ao Brasil envolvida numa polêmica negociação sobre os direitos de transmissão dos jogos da Copa Libertadores da América, que deixaram de ser repassados pela emissora americana aos canais SporTV, da Rede Globosat. De acordo com o diretor de Produção da Fox Sports, Márcio Moron, a escolha pelo Rio de Janeiro se deveu exclusivamente aos eventos esportivos. Ele lembra o fato de que a final do Mundial de 2014 será realizada no Maracanã.

– O jornalismo esportivo no Rio tende a ficar aquecido, e os profissionais devem estar cientes disso. É sempre importante procurar se aperfeiçoar, melhorando a qualificação. Cursos além da faculdade são fundamentais no mercado atual – ressalta.

Segundo Moron, a Fox Sports começou com cerca de 70 profissionais, e o número deve crescer nos próximos meses. Há vagas disponíveis para estágios, com oportunidade de efetivação.

Ainda de acordo com o diretor da Fox Sports, o mercado está à procura de profissionais talentosos, e promete um futuro promissor. Ele afirma que a meta da Fox Sports é que os mais novos cresçam junto com a emissora.

Outra empresa que vem ampliando seu quadro nos esportes é o Grupo Bandeirantes, que no dia 10 de maio estreia uma rádio com conteúdo esportivo 24 horas por dia. De acordo com o gerente comercial da Band, Paulo Loffler, a sede será em São Paulo, mas o Rio de Janeiro terá uma equipe regional.

– Existe um estudo e planejamento para o Rio, até pela aptidão da cidade em relação ao tema. A região será valorizada – afirma.

Loffler lembra que a ideia surgiu a partir de um crescimento do esporte no país. Segundo ele, não apenas pelo interesse de audiência dos seguidores, como também economicamente.

– Uma rádio só voltada para o esporte é algo inédito no Brasil, e ela deve ajudar a divulgar as modalidades olímpicas. Não podemos deixar de ter futebol, mas uma rádio 24 horas de esporte inclui na programação boletins a qualquer hora sobre variados tipos de esportes – destaca o gerente comercial da Band.

Também apostando numa ampla oferta de conteúdo, o SporTV abriu um terceiro canal, que hoje funciona apenas como repetidor, mas em breve passará a ter programação própria, segundo o chefe de redação, Paulo César Vasconcellos.

– A ideia é, aos poucos, transformá-lo em um canal com produção de conteúdo. Ainda estamos em um estágio inicial, mas cada vez mais vamos buscar abastecer de conteúdo todos os nossos três canais – destaca.

Para Vasconcellos, tanto as empresas já reconhecidas no jornalismo esportivo no Rio como as que não possuem grande entrada devem ampliar seus quadros de investimento.

O consequente aumento de oportunidades de emprego, no entanto, não é garantia de vida fácil aos futuros jornalistas esportivos. Vasconcellos endossa a opinião de Moron e atenta para a qualificação dos profissionais que, segundo ele, o jornalismo contemporâneo vem exigindo cada vez mais.

– Para trabalhar com esportes é preciso ter conhecimento geral. Muita gente quer seguir carreira no jornalismo esportivo porque gosta de futebol. A melhor visão é gostar de esportes, em geral, e de tudo o que o assunto envolve. Hoje, quem atua na área precisa ter, por exemplo, interesse por economia, devido às crescentes ações de marketing, e conhecimento histórico dos esportes olímpicos – afirma o chefe de redação do SporTV.  Divulgação

O jornalista carioca Paulo Julio Clement deixou São Paulo, onde era editor do jornal esportivo Marca Campeãopara voltar à sua cidade natal ao ter seu passe comprado pela emissora americana.

Clement lembra que atualmente o Rio tem pelo menos quatro emissoras de TV voltadas para o esporte, além das rádios e dos jornais impressos, e aponta os portais web como novos rumos para os profissionais do setor:

– No meu início de carreira, na virada dos anos 1980 para 90, a grande maioria dos jornalistas esportivos se concentrava nas redações de veículos impressos. Hoje, muita gente trabalha na internet.

Ele destaca que, pelo auto nível de consumo de informação nos dias atuais, os aspirantes a jornalista esportivo devem ficar atentos aos eventos realizados fora do país.

– Pegando o esporte preferido do brasileiro, o futebol, hoje é possível assistir aos jogos até do campeonato russo – exemplifica ele, que reforça a recomendação de Vasconcellos sobre a importância de acompanhar outras modalidades: – Ninguém é obrigado a gostar de todos os esportes, mas é essencial ter o mínimo de conhecimento.

Um desses jovens aspirantes a jornalista esportivo é o estagiário do canal Esporte Interativo Raphael Martins, aluno do 5º período de Comunicação Social da PUC-Rio. Ele aposta que, por conta do aquecimento do setor na cidade, o momento é oportuno para se qualificar.  Reprodução da Internet

– Ter mais veículos de comunicação significa maior concorrência, que sempre motiva a melhora de conteúdo. Sendo assim, é um estímulo para nós, os novos profissionais, nos qualificarmos para nos diferenciar no setor.

Fã de futebol americano, o estudante vê com bons olhos a chegada da Fox Sports ao Brasil, e já está de olho nos processos seletivos de estágio do canal. Segundo ele, a emissora tem tudo para disputar a audiência com os canais ESPN.

Estagiário do jornal Lance, Felipe Sbardella, também do 5º período de Comunicação Social na PUC-Rio, lembra que quando foi selecionado cobriu a editoria de Poliesportivo, onde escreveu sobre basquete, natação, vôlei e outros esportes. Ele afirma que essa primeira experiência lhe rendeu uma grande preparação para seguir no ramo:

– Não apenas pelo estágio, pois eu gosto desses esportes. Estudantes devem aproveitar essa fase de aquecimento e divulgação de outras modalidades como se fosse um estudo, para permanecer no mercado depois dos grandes eventos esportivos.