Faz parte da história dos antigos meios de comunicação o medo de serem substituídos pelos mais novos. De acordo com o diretor artístico da Oi FM, Bruno Levinson, o rádio compete, em posição de desvantagem, com um adversário pequeno porém expressivo. Parte do legado deixado por Steve Jobs, o Ipod é o maior concorrente das rádios. Numa época em que usar fones de ouvido é sinal de isolamento do mundo, a rádio ganha a função de tornar-se companheira do ouvinte. Mas como superar os 400 GB de memória que muita gente carrega no bolso? Bruno explica o desafio:
– Para que a rádio “ganhe” do Ipod, ela tem que ser surpreendente. Nosso público geralmente nos ouve quando está sozinho no carro. Por isso, gostamos de nos colocar na posição do carona. A rádio deve ser mais companheira que um Ipod ou MP3, oferecendo, além de música, informação, promoções e companhia.
O que Bruno considera um diferencial, no entanto, para a estudante Marina Ananda Leão Teixeira é um problema. Com um Ipod cujo acervo equivale ao playlist da Oi FM, em torno de 3 mil músicas ativas, ela prefere ouvir suas canções de sempre aos programas das rádios.
– Não ouço muito rádio porque acho chato. Você está voltando do trabalho ou da faculdade, liga o rádio para tirar um pouco do estresse e eles só ficam falando, tocam pouca música. Prefiro ligar meu Ipod e ouvir minhas músicas; é bem mais divertido – ela diz.
Ainda assim, Bruno aposta na surpresa. Lembrando que até mesmo a função shuffle dos dispositivos às vezes fica “meio viciada”, reproduzindo as mesmas músicas na mesma ordem, ele destaca que a rádio tem a vantagem de poder tocar lançamentos mundiais em primeira mão, além das muito antigas que façam parte da memória afetiva do ouvinte.
De acordo com o executivo – que participou da Semana de Rádio e TV promovida no Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, semana passada –, as pessoas tomam as músicas como trilhas sonoras para suas vidas, de forma que, ao tocar músicas antigas, a rádio desperta nostalgia e cria vínculo com o ouvinte. Além disso, a interatividade é um ponto importante na disputa:
– Ela tem motivos que vão além da fidelização. Por se constituir numa importante ferramenta de comunicação da Oi, a Oi FM começou com a interatividade por SMS para fomentar o hábito de enviar mensagens de texto pelo celular. O que começou apenas com informações sobre as músicas evoluiu para uma gama de serviços, como o “Dedique”, em que a pessoa envia uma música para outro cliente Oi.
Bruno conta, ainda, a importância crescente que os apresentadores têm ganhado na rádio. Com o objetivo de convencer cada vez mais o ouvinte, a rádio vem diminuindo a quantidade de spots (propagandas) que vendem os serviços de interatividade para colocá-los nas vozes dos apresentadores, que transmitem a mensagem de maneira mais eficiente. Segundo Bruno, a única forma de vencer os Ipods turbinados das pessoas é criando novos serviços constantemente.