Carina Bacelar - Do Portal
28/04/2011O que o publicitário David Ogylvi, que completaria 100 anos em junho, diria hoje aos jovens prestes a entrar no mercado de trabalho? A palestra de Luiz Cama, vice-presidente de planejamento da Ogylvi & Mather, nesta terça-feira, na PUC-Rio, trouxe algumas suposições. Autor de uma vasta literatura sobre a publicidade, Ogylvi escreveu o que acreditava ser importante para o sucesso profissional na área. As orientações, segundo Cama, se mantêm atuais, devido ao caráter "interdisciplinar e abrangente". Os “valores” do célebre publicitário, disse o palestrante, são "cartas na manga" para o êxito nesse ofício.
– Ogylvi inspirou um mercado como um todo, não só a filosofia da sua empresa – destacou.
Entre tais “valores”, Cama ressaltou a importância que as "boas ideias e o trabalho árduo" tinham para o publicitário. Ogylvi sempre baseava suas campanhas em pesquisas se mercado, e nunca subestimava o consumidor. Numa época em que as campanhas eram feitas, basicamente, de homens para mulheres, “a consumidora deveria ser tratada como a própria esposa” do profissional de propaganda.
– Foi Ogylvi quem criou o conceito de posicionamento de marca. Para ele, estudar o produto antes de anunciá-lo era fundamental – lembrou Cama à plateia composta, sobretudo, por estudantes.
Ogylvi também acreditava que funcionários nunca deveriam estar aquém daqueles que contratam. Assim formaria-se uma “empresa de gigantes, não de anões.” A criatividade, ainda de acordo Cama, era igualmente valorizada por David Ogylvi:
– Quando forem pedir um estágio, cheguem e falem “Eu sou um dos gigantes de quem David Ogylvi falou. Contrate-me” – aconselhou, bem humorado, Luiz Cama.
Depois da palestra de Cama, voltada para a aplicação dos valores de Ogylvi ao mercado de trabalho, o professor da PUC-Rio João Renha, coautor de um livro sobre o publicitário inglês, ainda sem data de lançamento, relembrou casos peculiares da vida singular de David Ogylvi.
– Como ele (Ogylvi) tinha sido cozinheiro, oferecia os fogões Agga (dos quais era vendedor) e dizia que, se o cliente comprasse dele, traria o melhor cozinheiro da Europa para “estrear” o eletrodoméstico. Alguns dias depois, chegava ele mesmo à casa do comprador, com chapéu e avental, e fazia um prato – contou Renha.
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