Dezoito casais, uma juíza, um pastor, dois babalorixás e duas professoras. Padrinhos, madrinhas e damas de honra. Unidos, num sábado abafado de dezembro, no Grêmio Recreativo Escola de Samba Estácio de Sá, dessa vez não para celebrar o carnaval, mas a alegria dos noivos.
Organizado pela PUC-Rio, o casamento comunitário reuniu, no dia 4 de dezembro, na Cidade Nova, homens e mulheres decididos a oficializar sua união. Com a presença da juíza e professora do Departamento de Direito Flávia Vieira de Castro, a cerimônia contou também com a participação das professoras Heloisa Helena, do Departamento de Serviço Social e Telma Lage, do Departamento de Direito.
– Muitos de vocês já vivem juntos, já têm uma história em comum e resolveram escrever um capítulo novo na história de suas vidas – afirmou a juíza. – E hoje, vocês renovam o sentimento e o compromisso, transformando aquele relacionamento que mantinham num verdadeiro casamento.
O pastor Fernando, da Assembleia de Deus de Santa Tereza, e a babalorixá Elizabeth e seu filho, também babalorixá, concederam a benção aos noivos.
Por volta das três da tarde, o primeiro casal foi chamado: Jeferson Soares da Silva e sua noiva Liliane de Oliveira, que, com a perna machucada, foi casar de muletas. Os noivos caminharam juntos até seus lugares, ao som da música tradicional que marca a entrada da noiva nos casamentos. Foram chamados ao todo 36 nomes. Durante a cerimônia, os noivos recitavam juntos os versos do poema "Nós dois", de Cartola, escrito nos folhetos que receberam: "Nada mais nos interessa. Sejamos indiferentes. Só nós dois, apenas dois, eternamente", declararam os noivos, todos juntos.
Ao fim do poema, a juíza evocou “uma salva de palma para os noivos” e a quadra da Estácio de Sá ganhou gritos de alegria e sorrisos sinceros. Ainda assim, os noivos esperavam ansiosos pela oficialização da união. E foi assim que se seguiu:
– Noivos aqui presentes, – introduziu a juíza – aceitam receber suas noivas em casamento como suas esposas de livre e espontânea vontade?
Gritos abafados revelavam um “sim” ofuscado pela timidez. “Não ouvi, está muito baixo. Mais alto!”, exigiu a juíza. “Sim!”, gritaram os futuros maridos. Depois foi a vez das noivas.
– Então, de acordo com a vontade que todos acabam de confirmar perante a mim, juíza de direito, nomeada especialmente para celebrar este ato, em nome da lei, eu vos declaro casados. Podem se beijar – declarou a juíza.
Diferentes casais, de diferentes idades, bairros e cores, se uniram naquele momento por algo em comum: a alegria de realizar seu sonho de casar. Ao som de uma música romântica, noivos e noivas viraram maridos e esposas.
Depois da troca de alianças, convidaram a noiva Gisele de Oliveira para cantar às pessoas presentes no local. Mas o que mais animou Gisele não foi o "palco", mas ter sido uma das escolhidas no tão esperado sorteio: duas suítes no Motel Galante (uma com 50% de desconto e a outra inteiramente de graça). Uma das suítes foi para Gisele e seu marido, Valtair Jorge.
– Mas vamos com calma que ela está grávida – brincou a juíza.
Os premiados com a suíte mais desejada foram Mauro Henrique e Lucimar Maria. Eles foram o primeiro casal a se inscrever no casamento comunitário organizado pela PUC e ficaram muito satisfeitos em receber a “lua de mel”.
A professora do Departamento de Serviço Social, Heloisa Helena, que representou o diretor do departamento, lembrou a importância do evento:
– Já participei de outro casamento comunitário e dou muita importância à institucionalização – declarou.
Este foi o terceiro casamento comunitário organizado pela PUC que a juíza e professora Flávia de Castro pôde participar.
– É uma grande felicidade, porque a gente vê que esse momento é muito importante para a comunidade. Embora os casais já estivessem juntos há muito tempo, eles valorizam este momento e a gente fica feliz de poder colaborar – concluiu a professora.
Depois que as autoridades abandonaram o altar, enquanto os casais aproveitavam o momento para tirar fotos com parentes e com o bolo, um rapaz entrou com um violão e ofereceu aos recém-casados outra música de Cartola: "As rosas não falam".
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