Bruno Alfano, Daniel Cavalcanti, Fernanda Miranda, Juliana Oliveto, Thaís Chaves - Do Portal
12/11/2010A cerimônia de encerramento das comemorações dos 70 anos da PUC-Rio homenageou professores, funcionários e personalidades que ajudaram a construir a história da universidade. Realizada na quinta-feira, 11/11, a celebração foi marcada pela entrega de 70 medalhas comemorativas e o lançamento do livro PUC-Rio 70 anos.
O arcebispo do Rio de Janeiro e grão-chanceler da universidade, Dom Orani João Tempesta, O. Cist., abriu a cerimônia com um discurso que ressaltou a importância das relações entre pessoas e instituições. Em entrevista ao Portal PUC-Rio Digital, Dom Orani destacou que a PUC conquistou uma posição marcante dentro da cultura e da educação brasileira.
– Nós olhamos para o futuro e pensamos o que cada um de nós deve fazer frente às novas realidades e aos novos problemas. A PUC acompanha essas transformações – afirmou o arcebispo.
Após o discurso de abertura, o reitor da universidade, Padre Josafá Siqueira, S.J., agradeceu a Deus, ao Papa Pio XI – que concedeu o mandato para a fundação da universidade –, a Igreja Católica e ao Padre Leonel Franca, o fundador da PUC-Rio. O reitor também lembrou que 70 foi o número de pessoas que traduziram a Bíblia do hebraico para o grego e destacou que as 70 medalhas são “apenas uma manifestação de gratidão”.
Antes de encerrar seu discurso, padre Josafá parafraseou Santo Ignacio de Loyola ao dizer que “devemos fazer tudo pela PUC-Rio, como se tudo dependesse do nosso esforço e colaboração, mas ao mesmo tempo confiar aos desígnios de Deus como se tudo dependesse Dele”.
Ao Portal, o reitor contou que espera que a universidade continue como sua história de garra, determinação, de vontade "para vencer e superar os obstáculos".
Segundo ele, os maiores legados da PUC-Rio para a sociedade são a ajuda na construção e formação da cultura, a possibilidade de construir um processo educativo de excelência, incluindo ensino e pesquisa, e o pertencimento, ou seja, o sentimento que as pessoas têm pela universidade.
– São essas três coisas que foram vividas no passado e que nós queremos projetar para o futuro – observou.
A continuidade da cerimônia ficou sob a responsabilidade da professora do Departamento de História Margarida de Souza Neves, coordenadora acadêmica do Núcleo de Memória, que apresentou o livro PUC-Rio 70 anos. Segundo ela, a obra procura ser algo comemorativo, coletivo, expressar a unidade e a pluralidade da PUC, um livro com pesquisa histórica e que permita ao leitor conhecer a universidade.
Para a professora Silvia Ilg Byington, coordenadora de pesquisa do Núcleo de Memória, foi um desafio resumir 70 anos de acontecimentos porque, segundo ela, “é impossível abarcar tantos anos de história”.
– Tivemos o cuidado de selecionar os temas, os conteúdos, documentos e os autores que pudessem trabalhar esses temas. Ficamos muito felizes com o resultado, principalmente por termos um número grande de colaboradores e acho que conseguimos criar um marco comemorativo para a universidade – contou.
Antes da entrega das medalhas, o vice-reitor Acadêmico, José Ricardo Bergmann, anunciou os três vencedores do concurso de monografia promovido pela universidade. Em terceiro lugar ficou o aluno de sociologia e política João Carlos Mendonça Peixe; em segundo, Eduardo Gonçalves, aluno do curso de história; em primeiro lugar ficou a aluna de educação ambiental Mariana Moraes de Miranda Montenegro.
Para o Portal, o vice-reitor lembrou o fato de que os quadros de três das principais instituições de ciência e tecnologia do país são comandados por ex-alunos ou professores da PUC-Rio: o ex-aluno Sérgio Rezende, ministro da Ciência e Tecnologia; Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho, atual presidente do CNPq, ex-aluno e professor da PUC; e o atual professor do Instituto de Relações Internacionais Luis Manuel Rebelo Fernandes, atual presidente da agência Financiadora de Estudos e Projetos do governo federal (Finep).
– Isso mostra a importância da nossa instituição na formação de quadros para a ciência e a tecnologia do país. Sem contar que temos prefeitos como ex-alunos e várias outras personalidades importantes da vida pública do estado, da cidade. É isso que estamos comemorando – afirmou o vice-reitor Acadêmico.
O vice-reitor Comunitário, Augusto Sampaio, disse que a PUC é uma universidade que possui uma trajetória brilhante e que está sempre buscando manter sua excelência. Para ele, esse “rumo aos 80 anos” dá a universidade uma responsabilidade cada vez maior de se colocar como ponto de destaque do ensino superior brasileiro.
− Estou aqui há 50 anos e, desde que cheguei, sempre vi a universidade com essa perspectiva de futuro. Isso dá um orgulho muito grande de ser um professor dessa instituição. Em qualquer que seja a avaliação, a universidade sempre está bem colocada – afirmou o professor Augusto Sampaio.
Ovacionado na cerimônia com aplausos de pé de todos os presentes, Sampaio disse ficar contente com todo o carinho.
− Fico muito feliz de ter sido recebido com tantos aplausos, talvez isso seja pelo fato de eu estar como vice-reitor comunitário há 18 anos, e esse carinho me faz muito bem. É um tratamento que atinge direto no coração, estou muito feliz pelos 70 anos da PUC e, claro, pelos aplausos – revelou.
O padre Jesus Hortal Sánchez, S.J, ex-reitor da universidade, ressaltou alguns aspectos que tornam a PUC-Rio única, como o espírito comunitário, que integra os departamentos, e a importância que a instituição dá para a pesquisa.
− A PUC é especial. Nós não separamos os departamentos em faculdades ou escolas separadas, existe integração. Somos, realmente, uma universidade – afirmou.
Para Luiz Carlos Scavarda, vice-reitor Administrativo, a universidade é uma instituição com um diferencial. Depois de 47 anos de Pilotis, fica claro: a relação que a PUC estabelece com os alunos, professores funcionários não é usual. “É uma instituição ímpar, com um modelo que o Brasil deveria tentar replicar em muitos lugares”.
− A PUC é a única universidade privada de pesquisa. Tem uma relação com os alunos, professores e funcionários que não é usual. Estar aqui na PUC é uma alegria, um prazer, um orgulho – comemorou.
O vice-reitor de Desenvolvimento, Sergio Bruni, disse que a PUC é uma das instituições pilares na cidade do Rio de Janeiro. Segundo ele, no que tange à pesquisa, ao ensino e à cultura, a universidade se mantém firme no caminho certo.
− Completar estes 70 anos é um marco. É uma instituição que chega à maturidade mantendo a excelência. Durante esses 70 anos a PUC se profissionalizou, passou a ampliar muito sua área de atuação e tem uma responsabilidade muito grande em se tratando de pesquisa científica e ensino – comentou.
O vice-reitor padre Francisco Ivern Simó, S.J., lembrou que a celebração não marca somente o fim das comemorações dos 70 anos, mas o primeiro passo dos próximos.
– A logomarca desse ano foi "PUC-Rio 70 anos, rumo aos 80". E isso quer dizer que daqui vamos para frente. Temos que nos preparar para os próximos anos, reforçar os nossos pontos fortes, diminuir as nossas fraquezas. Sobretudo para encarar os desafios e as ameaças do futuro. É um ato celebrativo, mas também um ponto de partida para algo novo – ressaltou.
O decano do Centro de Teologia e Ciências Humanas, Paulo Fernando Carneiro de Andrade, afirmou que a universidade cumpre os 70 anos como uma instituição sólida academicamente e entre as primeiras universidades do país e da América Latina.
– É uma longa história, uma história também de amadurecimento e de contínua busca de excelência – disse.
O professor Hilton Augusto Koch, decano do Centro de Ciências Biológicas e Medicina, tem um desafio especial para o futuro da PUC. É dele a responsabilidade de implementar o curso de graduação de medicina na universidade.
– A única PUC do país que não tem graduação em medicina é a nossa aqui no Rio. E eu sou o encarregado de fazer isso. Estamos aproveitando essa festa dos 70 anos pra nos incorporar e mostrar que também a área médica pode fazer um bom trabalho dentro da PUC. É um desafio, mas já estamos construindo um ambulatório médico para 39 especialidades, inclusive radiologia, psiquiatria, ginecologia, todas as especialidades, no antigo Colégio São Marcelo – anunciou.
Para José Raimundo Martins Romêo, membro do Conselho de Desenvolvimento da universidade (Condes), que já foi reitor da UFF e membro do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, a PUC-Rio passa a ser uma espécie de paradigma para a educação superior nacional, se destacando sempre por sua excelência e qualidade.
− Comemorar estes 70 anos é importante por destacar a permanência. Em um país com universidades recentes, uma instituição como a PUC comemorar 70 anos é fundamental. Especialmente importante também no sentido de que não há um apoio concreto de verbas federais ou públicas, ela vive dos seus alunos e da sua competência − ressaltou.
Segundo Romêo, a universidade é como um navio, que vai sendo construído enquanto se navega.
− O importante é saber para onde esse navio deve ir, e a PUC-Rio sempre teve este norte. Ela sempre soube o que ela queria, para onde deveria ir. Tudo o que foi construído, os novos departamentos, os novos setores, foram feitos dentro do princípio da qualidade acadêmica e da excelência universitária – afirmou.
Para o professor do Departamento de Educação, o filósofo Leandro Konder, homenageado na cerimônia, as instituições duram menos do que deveriam. Para ele, a PUC é um caso raro e precioso de sobrevivência.
– O maior benefício da PUC para a sociedade é a ética da pesquisa, da construção de conhecimento e a prática política da democracia, além da convivência com as diferenças – contou.
A professora do Departamento de Educação Hedy Silva Ramos afirmou que a emoção de receber o prêmio foi muito grande. Segundo ela, lembrar o caminho da universidade até os dias atuais, fazer votos para o futuro e continuar melhorando é importante para a instituição. Na opinião dela, a comemoração reanima essa jornada que se inicia.
– Eu achei muito interessante o logotipo que aponta para os 80 anos e não para os 70. Espero que nos 100 anos a festa seja maior ainda – disse.
O professor e fundador do Departamento de Matemática João Bosco Pitombeira contou que o da PUC-Rio foi o primeiro Departamento de Matemática moderno do Brasil. Segundo ele, a luta foi difícil, mas valeu a pena.
– É muito bom ver uma organização que você ajudou a criar tornar-se adulta e forte. Ver que está em boas mãos. É uma sensação muito boa – ressaltou.
Um dos fundadores do Projeto Comunicar, o professor do Departamento de Comunicação Social Adair Rocha disse que um dos traços importantes da PUC-Rio é a aproximação que houve com a comunidade no entorno da universidade.
– Abrimos um espaço extraordinário para a entrada de estudantes antes mesmo de haver o Prouni. A bolsa social possibilitou oportunidades a muitos estudantes e mudou a “cara” da universidade – comemorou.
O governo do estado também foi homenageado na cerimônia e foi personificado pelo assessor de Relações Institucionais do estado Luiz Carlos Pugiali, representando o governador Sérgio Cabral que não pode comparecer por questões de agenda. Pugiali reafirmou a parceria entre a universidade e o governo do estado.
– O governo do estado e a PUC-Rio estão sempre unidos procurando cada vez mais um melhor desenvolvimento para o estado do Rio de Janeiro.
O prefeito e ex-aluno Eduardo Paes foi outro que não pôde participar e fez questão de enviar um representante. O escolhido foi o professor da PUC e economista Sérgio Besserman que lembrou de sua própria relação com a universidade.
– Minha vida tem sido a PUC. Como aluno e professor, já tenho 33 anos aqui – afirmou.
Besserman disse que a alma carioca está relacionada com a PUC:
– A PUC e o Rio são uma coisa só e que os próximos 70 anos continuem a vir no padrão de excelência alcançado por essa universidade: uma das principais forças impulsionando o Rio na direção da sociedade e do conhecimento.
Formado pela PUC, Guido Gelli, representante da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, lembrou que foi na universidade que surgiram os primeiros discursos em defesa do meio ambiente, na década de 1970, e isso o influenciou na decisão que tomou quando decidiu trabalhar pela causa. Segundo Gelli, a possibilidade de um modelo de desenvolvimento sustentável se faz com geração de conhecimento, e, segundo ele, a PUC é especialista nisso.
– A PUC-Rio está gerando conhecimento que vai influenciar as próximas gerações de governantes. Estas pessoas vão ocupar os cargos no setor público e privado e podem transformar a sociedade, oferecendo uma qualidade de vida melhor, ou seja, promovendo o desenvolvimento econômico verdadeiramente sustentável – disse.
Roberto Irineu Marinho, presidente das Organizações Globo, foi outro homenageado na cerimônia. Ao Portal, ele declarou que o Brasil está precisando de mão de obra de alta qualidade.
– A importância da PUC é imensa. O mercado tem dificuldade, por exemplo, de contratar gente da área de informática, de alta tecnologia. A PUC pode estimular mais gente a estudar aqui, pois é um centro de alta tecnologia. Uma referência no mundo – ressaltou.
Irineu Marinho disse que sua ligação com a PUC é muito antiga. Há mais de 50 anos seu pai o trouxe à universidade e comprou a parte de cima do terreno para, em seguida, doar à PUC.
O diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) declarou que a PUC-Rio é uma das principais instituições de ensino e pesquisa do estado do Rio de Janeiro.
– Posso assegurar a importância da PUC visto que é uma das cinco ou seis instituições que mais captam recursos para projetos de pesquisa na área da ciência e da tecnologia – afirmou.
A vice-presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Wrana Pazinni classificou a PUC-Rio como “uma referência para todos nós brasileiros, acadêmicos, professores e pesquisadores”.
– Sem dúvida nenhuma a influência da PUC é enorme. Ela nos ajuda muito até na própria elaboração das nossas políticas públicas em termos gerais, desde da nossa política econômica, das discussões da nossa política econômica, passando por toda a nossa política editorial, para o sistema produtivo, a formação de recursos humanos, nossas políticas sociais. E certamente é esta seriedade, esta excelência que nos faz respeitá-la.
Filha de um dos fundadores da universidade e professora emérita do Departamento de Letras, Eneida do Rego Monteiro Bonfim estava muito emocionada ao receber sua medalha. Na universidade desde 1960, a professora se considera “um dos tijolinhos da PUC” e conta, feliz, como foi testemunha da história da instituição.
– Lembro muito bem quando meu pai chegou em casa contando a visita do grupo ao presidente da República da época, Getúlio Vargas, tendo à frente o padre Leonel Franca e o professor Amoroso Lima. Nunca esqueci quando soube que Vargas disse que o padre Leonel Franca além de um sábio era um santo – lembrou.
Clique aqui para visitar galeria de fotos da festa de comemoração dos setenta anos da PUC-Rio.
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