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Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2024


Campus

“Fazer arte é ir em busca de nós mesmos”

Igor de Carvalho - Do Portal

03/09/2010

“A grande arte é saber controlar o self (ponto central da personalidade)”, afirmou o professor Álvaro de Pinheiro Gouvêa na palestra A arte como sintoma: Jung – uma interface entre criação e clínica, nesta quinta-feira, na PUC-Rio. O coordenador da equipe junguiana no Serviço de Psicologia Aplicada da universidade explicou a relação da psicologia com a arte. Para ele, o trabalho desenvolvido pelos psicólogos pode ser semelhante às produções artísticas:

– Todos nós somos artistas. O psicólogo ao lidar com a saúde, está fazendo um trabalho de arte – afirmou aos 40 alunos presentes de vários departamentos da PUC-Rio.

Ao comentar o ponto central da palestra – a arte como sintoma–, Álvaro de Pinheiro disse que "o inconsciente é a solução dos problemas apresentados pelas pessoas":

– A noção de sintoma está ligada com a noção do inconsciente de Jung. O inconsciente quer dar certo, não quer adoecer, é criativo. Ele vai indicar, através dos sintomas, a origem da doença. Solução e problema estão diretamente ligados.

Para explicar a força do ego, o professor fez uma comparação com a história de Aladin e a lâmpada mágica. Na visão dele, “o ego é uma ilhazinha em um oceano enorme que é o inconsciente”.

– É o ego que decide se as nossas fantasias podem habitar o mundo real. Da mesma forma que o Aladin decidia quando o gênio deveria sair da lâmpada – acrescentou.

Segundo o especialista , “é essencial não ter medo, buscar dar forma às emoções, abrir espaços para a mistura do fazer e pensar de forma consciente”. Ele ressaltou o objetivo de Carl Jung, fundador da psicologia analítica ou junguiana, de “formatar os nossos sonhos em imagens”.

Ao relacionar o pensamento de Jung com as artes, o professor reforçou: “o artista deve buscar o belo fora do belo, tem que ir ao desconhecido”. Ele ainda destacou a forma pela qual a tela de pintura deve ser vista:

– Ver a tela é um esforço de abstração. Saber o valor da tela é reconhecer o inconsciente.

Álvaro de Pinheiro sugeriu a criação de ateliês para o curso de psicologia, a exemplo dos encontrados nos departamentos de física Esse espaço “serviria para os alunos se expressarem, fazerem as mais variadas formas de arte”. Paro o professor, a experiência é uma oportunidade de formar profissionais mais capacitados, com mais opções de abordagem no tratamento de doenças:

– Esse tipo de prática é muito importante. Ela possibilita que o psicólogo utilize o meio artístico para desenvolver novas técnicas de tratamento. O processo criativo é saúde.

Organizado pela Divisão de Biblioteca Central da PUC-Rio, o encontro fez parte da comemoração do Dia Nacional da Biblioteca Virtual em Saúde-Psicologia (25 de agosto) e do Dia do Psicólogo (27 de agosto). A diretora da Divisão de Documentação, Dolores Rodriguez Perez, convidou os alunos reunidos na palestra para visitarem a exposição sobre Jung, na Biblioteca Central, 3° andar da ala Frings:

– Nessa exposição, apresentamos o acervo de Jung encontrado na biblioteca da PUC. A grande novidade são as imagens da obra "O Livro Vermelho" – explicou ela.