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Rio de Janeiro, 22 de dezembro de 2024


Campus

Professora ressalta educação sexual infantil

Fernanda Miranda - Do Portal

24/08/2010

O comportamento dos pais perante os filhos é diferente entre meninos e meninas. O assunto “sexo” gera sempre um ligeiro desconforto independente da idade. Para as meninas a educação é através do “não”, onde não se pode sentar de perna aberta, não pode ficar sem blusa, não pode beijar muitos meninos. Já com os meninos é através do “pode”, do “deve”, pode ficar de perna aberta, deve beijar muitas meninas, entre outras coisas.

As conclusões foram apresentadas pela professora, psicóloga e sexóloga Sheila Reis, na XIV Mostra PUC, na palestra “Saúde sexual para todos: um bate papo informal” promovida pela escola médica da universidade.

– O assunto deve ser tratado de forma séria desde a infância. O problema é que a sociedade não trata com naturalidade, o que é errado, pois não há como querer que uma criança comece a descobrir a sexualidade somente quando atingir a vida adulta – afirmou a professora Sheila.

A sexóloga explicou também que grande parte da culpa é dos pais, pois uma criança se comporta de forma natural, para ela nada tem maldade. Já os pais enxergam o ato, como por exemplo, a criança se tocar ao ver televisão, com um olhar adulto e a reprimem como se ela soubesse que aquele é um comportamento sexual. Com isso a criança cresce aprendendo que aquilo é algo errado, um assunto que não deve ser naturalmente discutido, que gera um tipo de vergonha.

Para Sheila Reis, a sexualidade é um assunto muito mais amplo do que somente o ato sexual, está no olhar, no falar, qualquer coisa que envolva prazer está dentro da sexualidade. Todos devem receber educação sexual dentro de casa, e se os pais têm dificuldade de conversar sobre o assunto devem levar a criança a um psicólogo. Isso é necessário para que a criança entenda que o sexo é natural, mas também que cada comportamento tem um significado e que não é em todo local que se pode agir tão livremente.  

Presente também na palestra, o professor, urologista e sexólogo Luiz Vasconcelos analisou a visão masculina da sexualidade. Segundo ele, muitos comportamentos masculinos, como não trocar de roupa em um vestiário, vem de brincadeiras que começam em casa, como dizer que o menino possui o órgão sexual pequeno.

Para o professor, situações como essa pode gerar traumas. Muitos pacientes, segundo ele, chegam ao seu consultório com o desejo de fazer uma operação para aumentar o tamanho dos seus órgãos. Vasconcelos explicou que o tamanho não tem importância e é isso que ele tenta passar para seus pacientes, que os testículos devem estar funcionando bem, pois são eles que coordenam toda essa região e são os responsáveis pela reprodução.

− Não existe mistério na sexualidade, ela é inerente de todos nós − afirmou.

Luiz Vasconcelos deixou claro que todo homem deve procurar um urologista a partir dos 40 anos, não deve adiar a visita e nem ter medo achando que isso vai fazê-lo ser menos homem, pelo contrário. Ele explicou que o exame é importante para detectar o aparecimento de um câncer de próstata logo no início.

O professor disse que “todos têm que descobrir como é sua sexualidade, com quem e como querem dividi-la”, o mais importante na realização do ato sexual é a segurança, o uso da camisinha que evita as doenças sexualmente transmissíveis e métodos contraceptivos para prevenir a gravidez. Quando você se sente protegido, o outro também se sente protegido. Isso faz com que tudo ocorra naturalmente e da melhor maneira.