Projeto Comunicar
PUC-Rio

  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram

Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2024


Campus

Garra para limpar e estudar

Glaucia Marinho - Do Portal

31/01/2008

Milhões de histórias e 259 funcionários. Todo o serviço de conservação e alimentação da PUC-Rio é feito por funcionários de empresas terceirizadas, que são unânimes em afirmar que a “Puc é uma mãe”. Mas para muitos desses trabalhadores a vida foi madrasta. Para dar conta de um campus que é quase do tamanho de uma cidade – são 104.40 mil metros quadrados e uma população de 16 mil alunos e 2 mil funcionários e professores por dia – as equipes são divididas em três turnos. Sempre de uniformes cinza ou azul, trabalham duro oito horas por dia para realizar sonhos ou simplesmente sobreviver.

 Ocimar Moura dos Santos (foto) varre as ruas da PUC e é encarregado do lixo pesado. Morador de Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, acorda todos os dias às 4h20 e gasta 1h30 para chegar ao trabalho. E, apesar do cansaço, aos 53 anos está sendo alfabetizado pelo Núcleo de Educação de Adultos da PUC-Rio. “É para ter uma vida melhor”, diz ele. Seus dois filhos, de 20 e 28 anos, não chegaram a concluir os estudos. Seu Ocimar é companheiro de trabalho e de turma de Maria Tereza Basílio da Silva e de Paulina Maria da Conceição. Os três, embora tenham vidas diferentes, compartilham a sala de aula no Núcleo de Educação para Adultos.

 

 Dona Paulina (foto), 70 anos, é faxineira. Moradora do Vidigal, espera ver sua filha de 34 anos terminar os estudos. Maria Tereza, 67 anos, moradora da Ilha, já formou seus dois filhos, um em Educação Física e o outro em Enfermagem. Dona Paulina e Dona Maria Tereza são aposentadas e continuam trabalhando na limpeza por que a aposentadoria de um salário mínimo não é suficiente para seu sustento. E sonham com o término da obra da casa.

Seu Maximiliano Marquês Filho, 73 anos, é morador da Pavuna. Casado há 40 anos, já viu “sua menina” se formar. Marta formou-se em Jornalismo pela PUC-Rio, mas está desempregada. Ele estudou apenas até o colegial. Desde 1989 trabalhando na universidade, é encarregado de pessoal na parte da tarde e já viu muita coisa mudar.

Mirani Rosa de Oliveira, 56 anos, é faxineira e moradora de São Cristóvão. Está ansiosa, esse ano seu filho se forma em Administração de Empresas em uma faculdade particular do Espírito Santo. E ela vai à festa, o que fará de 2008 um ano muito especial. Além da formatura do filho, ela receberá o diploma de conclusão do ensino médio. Mirani também estuda no Nead. Segundo ela, a escola foi o maior beneficio já dado aos funcionários. Todos os dias, entre 12h20 e 14 horas, ela vai para aula e não pretende parar no ensino médio. Seu sonho é formar-se em Serviço Social. Ela chega às 7h na PUC e só sai às 21 horas, porque trabalha em dois turnos. Manhã e tarde na limpeza e à noite em um curso no setor de Engenharia Elétrica.

 De Pedra de Guaratiba à PUC, Maria Antônia de Souza Morais (foto) gasta duas horas no trânsito. Ela administra o bandejão da PUC. Em seus 51 anos, de vida 18 já foram dedicados a PUC. E sonha com o dia da reforma da cozinha do bandejão. São 259 lições de vida que se uniram em dezembro, na festa de Natal organizada pela Pastoral. Todos estavam presentes com os filhos, esposas, maridos e sonhos de um futuro melhor.