A mesa-redonda O desafio da gestão de unidades conservadoras, realizada na XVI Semana do Meio Ambiente, teve como foco a gestão administrativa em áreas de proteção ambiental. O debate, realizado na quarta-feira (16/06), contou com a presença do consultor Gustavo Melo, o professor do Departamento de Geografia da PUC-Rio Marcelo Motta de Freitas e o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Leonardo Teixeira.
De acordo com Gustavo Melo, a administração dos recursos naturais é uma questão política e coletiva, não exclusiva do indivíduo. A governança ideal, segundo o consultor, constitui-se de diretrizes semelhantes às estabelecidas para a administração pública ou corporativa. Melo acredita que a aplicação dessas diretrizes são fundamentais para a boa gestão das unidades conservadoras – áreas ambientais protegidas pelo governo.
– O governo brasileiro não tem prática de boa governança das unidades conservadoras, de modo a incluir questões como, por exemplo, a responsabilidade social e a participação popular. É preciso um longo caminho para que isso aconteça – afirmou Melo.
A falta de governança implica, segundo o professor Marcelo Motta de Freitas, na má gestão de áreas naturais e tem graves consequências, como o desabamento de encostas que ocorreu, em janeiro deste ano, em Angra dos Reis. Freitas também reafirmou que o ambiente está relacionado com a sociedade e, a partir dessa associação, é construída uma identidade local.
– Quando os índios habitavam a Baía de Guanabara a vegetação era abundante. Se o Movimento dos Sem Terra (MST) tivesse ocupado, por exemplo, o local, existiriam casas iguais para todos os moradores – comentou o professor.
O professor Leonardo Teixeira acrescentou que o conceito de identidade regional se relaciona com o meio ambiente e com a educação ambiental. Teixeira defendeu ainda que os conceitos de identidade e percepção estão relacionados ao meio ambiente. O palestrante citou o exemplo do dono de uma casa que percebe somente o seu interior. Simbolicamente, para ele, o descuido com o exterior da moradia representa a despreocupação com o meio ambiente. Segundo o palestrante, moradores de encostas e favelas não têm essa percepção, nem uma identidade com o espaço.
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