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Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2024


Campus

Ministro confirma mais bolsas de estudo para cotistas

Evandro Lima Rodrigues - Do Portal

26/03/2010

 Mauro Pimentel

Ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Edson Santos confirmou, nesta quinta-feira, na PUC-Rio, o crescimento do número de bolsas de iniciação científica e de mestrado para alunos cotistas e formados pelo programa Universidade para todos (ProUni). Sem precisar o novo número, garantiu que o aumento será consumado em abril. Na palestra de lançamento do ProUnir 2010 (programa pioneiro de atendimento a alunos carentes),  ele apontou caminhos para o aperfeiçomento das universidades no país. Segundo o ministro - que esta semana deixa o cargo para disputar reeleição como deputado federal pelo Rio de Janeiro - o entrosamento entre iniciativas públicas e privadas é essencial para a superação dos desafios históricos do ensino superior. 

As inscrições para as novas bolsas estarão disponíveis no site do MEC em abril. "A iniciativa reforça o combate às desigualdades raciais e econômicas", disse o ministro. Para ilustrar as "desigualdades históricas", Santos lembrou da busca por emprego quando era morador da Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio: em entrevistas, fornecia outro endereço, pois "sabia que dificilmente conseguiria a vaga se declarasse o bairro de origem".

– O mercado de trabalho terá que ser revisto para se tornar mais igualitário, com oportunidades que valorizem o profissional e não a sua origem. E isso já está sendo feito a partir de encontros com empresas do setor privado – disse o ministro, que considera seu exemplo "já ultrapassado".

Santos destacou também as ações solidárias a alunos bolsistas desenvolvidas pela PUC-Rio. Convidado pelo Supremo Tribunal Federal a explicar a adoção de cotas na Universidade de Brasília (sob denúncia de descumprimento de valores como a igualdade), o ministrou citou a PUC-Rio como exemplo de "boa prática de ação afirmativa".

O reitor da PUC-Rio, padre Jesús Hortal S.J., ressaltou que a qualificação profissional é "somente um dos pilares que fundamentam a instituição". Segundo ele, o desenvolvimento "da pessoa humana e a consciência de cidadania" devem ser as prioridades iniciais.

– É na integração racial vivenciada na PUC que a oportunidade para se exercer a cidadania acontece – acrescentou ele.

Convidado também para a palestra, o bolsista Alcimario da Costa, do oitavo período de Relações Internacionais, contou que fora vítima recentemente de preconceito racial. Segundo o estudante, ele e seu amigo, ambos negros, dirigiam-se a um cinema na Barra quando foram abordados por policiais que investigavam um crime. Perto deles, relatou Alcimario, havia um grupo de jovens brancos que não foram incomodados.

– Por isso digo que fui vítima de preconceito. Não houve tratamento igual – argumentou – Eu e meu amigo só fomos liberados quando mostrei a carteira de estudante da PUC – contou o aluno.

Ainda triste com o incidente, Alcimario acredita num futuro com menos desigualdade. Ele já se considera beneficiado pelo "comportamento diferenciado que a sociedade aos poucos vai adquirindo".

– Sou um privilegiado. Estudo numa instituição que me deu condições de crescer, principalmente como cidadão e sem pagar nada por isso – disse o jovem.