As perspectivas para o futuro da Rocinha após a implementação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foram discutidas por representantes do poder público, crianças e pesquisadores, sexta-feira passada, no auditório do RDC. No encontro promovido pelo Departamento de Sociologia e Educação da PUC-Rio, 150 alunos de escolas municipais debateram as obras do PAC e o legado que deixarão para a comunidade.
O gerente do canteiro do PAC Social na Rocinha, Marat Troina, apresentou a estudantes de seis escolas da Gávea uma radiografia do programa. Depois de mostrar as perspectivas de mudanças urbanísticas para a comunidade, Troina explicou como funciona o projeto:
– O canteiro social fica na comunidade até seis meses depois da conclusão das obras. Nesse tempo, moradores e instituições recebem suporte para ajustar as intervenções às necessidades locais.
Temas como o lixo na favela, o transporte e, principalmente, as mudanças decorrentes das obras foram discutidos entre o representante do poder público e os alunos. Para Troina, a participação das crianças é fundamental. Isso indica que passaram por uma “tomada de consciência” e assim estão preparadas para reflexões críticas sobre a realidade delas.
Glestun da Silva e Bruna Rafaely, alunos do oitavo ano da Escola Municipal Oscar Tenório, acreditam que as obras já estão mudando a vida dos moradores. Consideram o canteiro social importante para integrá-los à mudança.
O encontro promovido pela PUC-Rio faz parte de um conjunto de atividades desenvolvidas por um grupo de pesquisa do Departamentos de Sociologia e Educação. Coordenados pelos professores Marcelo Burgos e Ralph Bannell, 25 alunos de graduação e quatro de pós-graduação participam da iniciativa.
O professor Marcelo Burgos explicou que a pesquisa em andamento pretende aproximar a escola da realidade do aluno. Participam do estudo 3.500 alunos das escolas municipais Luís Delfino, Arthur Ramos, Oscar Tenório, Christiano Hammam, Júlio de Castilhos e Manoel Cícero. Os resultados servirão de base para a sugestão de avanços na relação entre a família e a escola. Numa segunda etapa, está programada a produção de materiais didáticos que auxiliem as crianças a se socializarem.
Segundo Burgos, 90% dos alunos de escolas municipais da Gávea moram na Rocinha ou no entorno da favela. Por isso, observou ele, é importante que a escola desempenhe o papel socializador e facilite a inclusão dessas crianças.
A pesquisa é desdobramento de um trabalho realizado em 2005, que culminou no livro A escola e a favela. Para esta primeira análise, foram entrevistados professores, educadores e alunos, com o objetivo de se pensar melhor o lugar e o papel da escola pública.
Leonardo Ramos, aluno do Departamento de Sociologia, considerou o encontro positivo. Ele acredita que a participação dos alunos no debate mostra-se essencial, pois são "os maiores conhecedores da comunidade":
– O mais importante do evento é a aproximação entre o poder público, a sociedade civil e a universidade – comentou o estudante.
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