Maria Adelaide Amaral emocionou os mais de 80 alunos da PUC-Rio que assistiram a sua apresentação Escrita: Uma delicada relação, no ciclo de palestras Operação Lei tura, organizado pela Cátedra Unesco de Leitura PUC-Rio, que teve início ontem (08/03). A escritora contou histórias da sua vida antes de atingir o sucesso e como iniciou no mercado das “letras”, quando trabalhou na Editora Abril.
Maria Adelaide lembrou, por exemplo, de um episódio de demissão em massa que rendeu sua primeira peça teatral, “A Resistência”. Enquanto havia boatos de demissões na empresa, a autora observava a reação de seus colegas frente ao problema.
– É em momentos como esse que as pessoas se revelam. Vemos os puxa-sacos, os corajosos. Como dizem, é possível aprender mesmo com os maus momentos. E eu aproveitei a circunstância desconfortável para escrever sobre ele – contou a escritora.
A autora de A casa das sete mulheres pretendia ser atriz, porém, segundo ela, desistiu graças a invenção do videotaipe. De acordo com a roteirista, ela foi convidada, em 1960, a participar do programa Tv de Comédia, na extinta TV Excelsior. No entanto, foi só se ver na televisão que “se odiou”. Tentou ser crítica de teatro, mas acabou autora.
Segundo Maria Adelaide, que é formada em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero, sua inspiração inicial foi ler, desde pequena, os mais variados tipos de livro.
– Eu lia de tudo, desde Cassandra Rios [autora erótica] até clássicos como os livros de Eça de Queiroz. Mas foi somente depois de um amigo, o Décio Bar, começar a me orientar a ler poetas, como Fernando Pessoa, que comecei a melhorar como leitora – contou.
Essa foi inclusive a dica que a autora deu aos estudantes e aspirantes a autor:
– Leia bastante, não-ficção, história, mas principalmente ficção – frisou.
Em uma conversa informal no auditório do Centro Técnico Científico da PUC-Rio, Maria Adelaide revelou sua fonte de criatividade.
– Como meu amigo Inácio Brandão fala: ‘Não conte nada a um autor. Porque ele vai usar.’ É assim, grande parte das histórias que escrevo, vieram da realidade, de coisas que escuto. Por exemplo, outro dia encontrei com a Leilane Neurbath, e contei a ela que uma das personagens da mini-série Queridos Amigos foi baseada na mãe dela. Através de uma amiga, a atriz Irene Ravache, ouvi a história da mãe dela que tinha se separado de um casamento de longo tempo, começou a namorar um cara 20 anos mais novo e terminou sendo empresária da banda dele – contou rindo a escritora.
Com piadas como “Todos se igualam quando você atinge a idade do seu sapato”, a dramaturga ganhou o público.
– Ouvir as histórias de vida, da trajetória, ver como ela é normal, me inspirou a seguir no ramo editorial. Até agora nunca tinha falado a ninguém que queria seguir esse sonho, mas depois que me identifiquei com ela falando sobre como as histórias se baseiam na realidade, como as minhas histórias, acho que pode ser possível – revelou a estudante de cinema Rayana Rubinsztajn.
Outra admiradora, Alene Leal, estudante de letras, ficou empolgada com a palestra.
– Estar com alguém com tanto sucesso é uma experiência única. Escutar como ela acabou sendo conduzida a atingir isso, a escrever para teatro, televisão e ainda livros me fez pensar que isso também pode acontecer comigo. Fiquei maravilhada em como ela pode observar tudo ao redor dela e escrever tão bem – elogia a aspirante a escritora.
Além de Maria Adelaide Amaral, o ciclo de palestras da Cátedra Unesco de Leitura da PUC-Rio terá a presença de Affonso Romano de Sant´Anna, no dia 9, Ignácio de Loyola Brandão, no dia 10, Zuenir Ventura, no dia 11, e Nelson Motta, no dia 12, sempre às 17h, no auditório do CTC, no décimo-segundo andar do prédio Cardeal Leme.
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