Moradora do Leme, 22 anos, mochileira e com um estilo de vida ligado à natureza. Laura Vieira Tani é formanda de Engenharia Ambiental da PUC-Rio. Num curso onde a procura se justifica muitas vezes pela possibilidade de uma remuneração alta no futuro, Laura diz não se preocupar com isso. Para ela, o importante é ter satisfação no que faz.
Laura nasceu no Rio de Janeiro e passou a infância e a adolescência no bairro do Méier, subúrbio da cidade. Já morou na Barra e há pouco mais de dois meses divide um apartamento no Leme com o primo e o irmão que estudam Comunicação.
Hábitos e gostos
Laura revela que uma das suas paixões é viajar. Desde pequena, sempre teve a oportunidade de conhecer vários lugares. Já visitou quase todo litoral do Nordeste. Já esteve na Bahia, em Pernambuco, nos Alagoas, no Rio Grande do Norte e em Fernando de Noronha. Passou um tempo conhecendo as belezas do cerrado e já esteve na Amazônia, em Manaus, Belém e a Ilha de Marajó, onde conheceu projetos desenvolvidos pela Petrobras.
Dentre os lugares próximos ao Rio, ela costuma viajar para a Serra e para a Costa Verde. Mas dentre todas essas viagens, nada se compara à aventura que a estudante enfrentou no final de 2008. Laura passou 40 dias junto a uma amiga viajando apenas com uma mochila nas costas. Andou pelo norte da Argentina, pelo deserto do Salar, na Bolívia, e pelo deserto do Atacama, no Chile. Lá, ela e a amiga vivenciaram culturas, conheceram lugares e povos, como os Aimarás, população andina predominante entre os bolivianos.
Para Laura, mais importante do que “fazer turismo de tirar fotos” é aproveitar o lugar, é “fazer trocas”. Ela diz que pretende fazer mais viagens como essa:
– Eu gostaria de viajar para conhecer o Peru e o Equador – confessa a estudante que também já esteve na Patagônia, no fim de 2007, com a família.
Neste momento, Laura faz um curso de mergulho para poder curtir o mar de Arraial do Cabo. A estudante, que gosta de esportes ao ar livre, já praticou montanhismo, fez trilhas e escaladas. Hoje, ela costuma andar de bicicleta na orla da praia e ainda comenta que gostaria de levar uma vida mais “atlética”.
A estudante revela um gosto especial por cultura brasileira. Prefere literatura e música nacionais. Curte ritmos como samba, forró e músicas regionalistas como jongo e frevo. Seus cantores preferidos são os astros consagrados pela MPB: Lenine, Chico Buarque e Clara Nunes.
– Entretenimento é bom, mas ao mesmo tempo deve agregar culturalmente – explica a estudante que curte filmes de caráter mais reflexivo.
Dentre as pessoas que ela admira está Marina Silva, como um referencial na profissão, e Mahatma Gandhi, de quem leva ensinamentos para a vida. Siddhartha Gautama, o Buda, também a inspira. Sua frase predileta é de autoria dele: "A paz vem de dentro de você mesmo. Não a procure à sua volta."
Numa autoavaliação, Laura aponta como qualidade o fato de gostar de conversar e como defeito a ânsia em querer realizar várias atividades ao mesmo tempo. Deslize conhecido pelos amigos mais íntimos, como Luan Cervantes.
– Gosto muito dela. É uma pessoa que acredita nos próprios ideais e que tenta ver as coisas boas em tudo que faz. Ela tenta sempre melhorar e aprender com os próprios erros – elogia Luan.
Ele é amigo de Laura desde 2005. Os dois se conheceram durante a apresentação dos trabalhos de Introdução à Engenharia no Auditório Padre José de Anchieta, no final de 2004. Ele estava terminando o primeiro período e ela era caloura. Trocaram poucas palavras, mas não se apresentaram. Foi só durante uma festa, pouco tempo depois, que os dois foram apresentados formalmente, por amigos em comum.
Os amigos não chegaram a estudar juntos, mas trabalharam em diversos projetos no Núcelo Interdisciplinar de Meio Ambiente da PUC-Rio (Nima). Luan conta que a Semana de Meio Ambiente (SMA) foi um marco na amizade dos dois. Durante três anos, os amigos participaram da organização do evento que ajudou a divulgar o Nima na universidade.
Vida Acadêmica
A escolha pelo curso começou quando Laura ainda estava no segundo ano do ensino médio. Desde cedo ela demonstrou interesse pela área de meio ambiente. Pensou em fazer biologia, ecologia e engenharia florestal. Mas foi depois de consultar o Guia do Estudante e conhecer a profissão que ela descobriu o que realmente queria. Prestou vestibular para UFRJ e para PUC-Rio. Optou pela última.
– A habilitação de engenharia ambiental é para formar o profissional de modo a controlar e reduzir impactos ao meio ambiente.
A estudante entrou na PUC em 2005. Como a maioria dos alunos de engenharia, ela lembra que teve muitas dificuldades com as temíveis aulas de cálculo. Já no primeiro período, Laura começou a estagiar no Nima. Durante três anos, ela participou de discussões, reuniões, projetos e ajudou a organizar a Semana de Meio Ambiente da PUC-Rio, evento anual que promove a discussão ambiental e a interdisciplinaridade. E foi essa interação entre os cursos que fez a aluna conhecer várias pessoas. Laura conta que tem amigos de vários departamentos.
– Entrei na PUC com vontade de viver a faculdade. Por causa do trabalho no Nima fiz vários amigos nos departamentos de Geografia, Direito, Desenho e Comunicação.
Laura conta que quando estagiou no núcleo, ele ainda funcionava numa pequena sala do Edifício Padre Leonel Franca. Naquela época, quase ninguém conhecia o trabalho do Nima. Ela lembra com carinho da professora Denise Fonseca, que para Laura "virou uma madrinha".
A professora Denise, que foi coordenadora do núcleo na época, não poupa elogios para Laura:
– Ela é o tipo de pessoa que encarna, personifica o brasão da nossa universidade: Alis Grave Nil (Com asas nada é pesado). Sem dúvidas, no futuro, ela será uma grande profissional e trará muito orgulho para a PUC. Eu aposto todas as minhas fichas nela.
Vida Profissional
Apesar da pouca idade, Laura já tem uma experiência digna de grandes profissionais. Depois de passar pelo Nima, a estudante foi bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) em 2007. Com a bolsa, pôde desenvolver estudos sobre a geração de gás em aterros sanitários.
Depois estagiou na Embrapa Solos entre 2007 e 2008. Na empresa, desenvolveu projetos para recuperação de áreas degradadas pela erosão do solo. Ela destaca o projeto de compostagem que desenvolvia em parceria com a Infraero.
– Nós usávamos o resíduo da poda da grama e o lodo da estação de tratamento de esgoto do aeroporto do Galeão para recuperar áreas como mangues. Esses materiais, que são ricos em nutrientes e matéria orgânica, eram reutilizados e geravam soluções para dois problemas urbanos – conta a estudante, com orgulho.
Atualmente, Laura trabalha numa empresa prestadora de serviços que elabora planos de emergência individual (PEI) para possíveis acidentes marítimos como derramamento de óleo.
Futuro
Laura pretende agora fazer um curso de curta duração na Europa. A idéia é passar no máximo um ano no exterior, fazer uma especialização na sua área e vivenciar outra realidade. A estudante que fala inglês e já estudou alemão mostra interesse em viajar para Alemanha. Para o futuro, Laura diz:
– Faria um mestrado ou um doutorado como algo a mais. Quero um dia poder passar um pouco do que sei. Penso em dar aulas para mostrar o lado prático, a vivência da profissão.
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