O historiador francês Fernand Braudel, entre os mais importantes do século XX, descreve os anos em que viveu no Brasil como os mais felizes de sua vida. O acadêmico participou da criação da Universidade de São Paulo (USP), onde lecionou de 1935 a 1937. O contato com o Brasil teve um enorme impacto sobre o intelectual, cujo trabalho foi profundamente modificado pela experiência. A transformação desencadeada pelo país na obra e na vida do estudioso francês é o tema central do livro Fernand Braudel: vivência e brasilianismo (1935-1945), do professor do Departamento de Teologia da PUC-Rio Luís Corrêa Lima. Segundo ele, a vinda ao Brasil fez com que o historiador compreendesse diversos momentos da história europeia:
– A partir do contato com a sociedade brasileira, Braudel conseguiu imaginar a Europa do Antigo Regime. A leitura da obra do sociólogo Gilberto Freyre permitiu que o historiador compreendesse a sociedade da Grécia Antiga. O desmatamento das florestas brasileiras o levou a entender como o mesmo processo ocorreu na Europa.
Este progresso na compreensão de Braudel da história fez com que ele pronunciasse a seguinte frase: “Eu me tornei inteligente indo ao Brasil.” Durante o período em que esteve no país, ele se sentiu estimulado pela motivação do público e pelos fortes laços de amizade formados.
No livro, são apresentados trechos do manuscrito inacabado de Fernand Braudel sobre o Brasil do século XVI, nunca antes publicado. O professor Luís Corrêa Lima também explora a relação entre o Brasil e a França, que era vista como “um caminho seguro para a modernidade”:
– Na cultura francesa, o equilíbrio entre tecnologia e humanismo agradava a academia brasileira.
O livro Fernand Braudel: vivência e brasilianismo (1935-1945) é uma publicação da Edusp (Editora da USP) e será lançado nesta quarta-feira, 18, no Salão da Pastoral, às 17h. Após o lançamento, será realizada uma mesa-redonda, que contará com a participação do autor e do professor do Departamento de História da PUC-Rio Marcos Veneu.
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