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Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2024


Campus

Diálogo, ingrediente básico para o ensino

Bianca Baptista - Do Portal

09/11/2009

Lucas Landau

"Boa parte dos problemas no ensino das escolas públicas é causada por falta de diálogo e pela forma errada de construção das avaliações dos alunos", afirmou Mônica Villela, professora da Uerj e doutoranda da PUC-Rio, no X Encontro de Prática Exploratória, semana passada, no Salão da Pastoral. O diagnótico, baseado em pesquisa feita por alunos da Uerj, expõe o que a especialista considera uma das principais distorções nos ensinos fundamental e médio: o uso inadequado da avaliação.

Segundo Mônica, as provas são usadas de forma incorreta pelos professores. Alguns as aplicam, diz ela, como mero cumprimento da função de dar notas. Para outros, representam uma forma de sustentar um “poder superior”.

As provas deveriam ser usadas como forma de saber quais são as dificuldades do aluno e ajudá-los – lembrou Mônica.

O X Encontro de Prática Exploratória reuniu também pesquisas sobre o relacionamento entre alunos e professores dos ensinos fundamental e médio. Como a de Aline Santiago, aponta caminhos para melhorar a qualidade de vida na sala de aula e assim cativar os alunos para o aprendizado. 

 Quando comecei a lecionar, em 2006, eu me impunha demais, o que prejudicava o interesse dos alunos. Uma aluna perguntou: “Professora, por que você chega dando fora?”, e isso me fez acordar – confessou a professora de inglês da Escola Estadual Doutor Adino Xavier.

Segundo Aline, ao identificar a percepção dos alunos sobre qualidade de vida, a pesquisa mudou sua atitude em sala de aula. No estudo, os estudantes apontam o diálogo como um dos principais, senão o principal fator para o bom ambiente de ensino. 

 A sala passou a ser um espaço agradável. Percebi que se não chegasse disposta a ganhá-los como amigos, seria difícil o trabalho. Eles necessitam de voz.

Alunos do Instituto de Educação Carlos Pasquale, de Nilópolis, na Baixada Fluminense,  também expuseram, no seminário, suas visões de mundo reunidas numa revista por eles elaboradas. Segundo os cinco representantes da escola, "ser ouvido" os incentiva ainda a prestar atenção na aula.

É fundamental o diálogo para um rendimento melhor na escola – observou Angélica de Oliveira, de 16 anos.

De acordo com os estudantes de Nilópolis, a amizade os ajuda a entender o lugar do professor. A falta dela os faz perder vontade de assistir a certas aulas.

Odeio as aulas de matemática, mas percebi que é mais por conta da professora. Ela já chega à sala de aula de cara feia, nem dá bom dia – contou Milena Dutra.

Tanto para alunos, quanto para professores a “caminhada em conjunto” é o que mais importa no processo de aprendizagem. Segundo Maria Isabel Cunha, professora do curso de especialização em inglês da PUC-Rio e uma das organizadoras do encontro, o objetivo é dar voz a todos:

 Todo mundo tem o que dizer. E aqui trocamos as reflexões resultantes dos trabalhos desenvolvidos a partir da observação das aulas de inglês. Precisamos compreender uns aos outros para um melhor trabalho.