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Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2024


Campus

Como uma cidade, PUC-Rio tem prefeito

Lucas Landau - Do Portal

26/10/2009

 Lucas Landau

São 192 banheiros, 306 boxes, 80 mictórios, 150 bebedouros, 3 mil aparelhos de ar-condicionado, 40 mil pessoas circulando por dia no campus, R$ 600 mil por mês de conta de luz, orçamento anual de R$ 8 milhões. Estes são alguns números gerenciados pela prefeitura do campus da PUC-Rio. Muitos não sabem, mas a universidade tem um prefeito – que trabalha das 7h às 19h. Eduardo Cabral Lacourt, 57 anos, é prefeito do campus há oito anos.

 

Formado em Arquitetura, Eduardo trabalhou na área de informática da PUC-Rio antes de chegar à prefeitura, em 1999. Após dois anos, assumiu o cargo de prefeito. O administrador considera difícil encontrar um perfil para a função. Segundo ele, o que vale é a experiência, o aprendizado do dia a dia.

 

– Eu só não sei fazer parto, o resto sei quase tudo – brinca.

 

A prefeitura é estruturada em três áreas: serviços gerais, serviços externos e manutenção técnica. Reúne 127 funcionários, com a missão de zelar pela ordem no campus. Os serviços gerais contemplam correio interno, jardinagem e faxina. Central de telefonia, CEDAE e as funções burocráticas ligadas ao governo são os serviços externos. A área manutenção conta com refrigeração, elétrica, carpintaria, motoristas, bombeiros, serralheria, obras, pintura e ascensoristas. Apesar de a área de manutenção ser maior, os serviços externos dão mais trabalho, pois dependem da "burocracia do governo", explica Eduardo.

 

A prefeitura é o setor da universidade que recebe os pedidos e chamadas da comunidade PUC. Quando uma janela quebra, por exemplo, o aluno ou funcionário da universidade pode chamar a prefeitura por telefone.

 

Um novo projeto pretende tornar esse processo eletrônico. A SGU, Sistema de Gerência da Universidade, desenvolveu um sistema virtual pelo qual se abre um processo pela internet que chegará às mãos do prefeito. A comunicação entre o público e a prefeitura será exclusivamente pela web.

 

O sistema foi criado para melhorar a comunicação com a prefeitura. Das dezenas de chamados e pedidos encaminhados diariamente à prefeitura, os mais comuns são relacionados a ar-condicionado. Há 3 mil aparelhos espalhados pela PUC. Principalmente no verão, o equipamento é campeão de reclamações. No auge da epidemia de gripe suína no Rio, em agosto, foi alvo de polêmica: enquanto uns alunos concordavam com a determinação para manter os aparelhos desligados, outros iam até a prefeitura bufando – de raiva e de calor – para reclamar.

 

Enquanto concedia a entrevista para esta reportagem, o prefeito foi interrompido pela secretária: 

 

– Prefeito, chegou agora um aluno muito irritado reclamando que ar-condicionado está desligado.

 

Eduardo pediu educadamente à secretária que explicasse ao aluno a situação. Era tarde, o rapaz já tinha ido embora reclamando. Diplomático, Eduardo compreendia a bronca: 

 

– Imagina estudar numa sala de aula pegando esse sol de 30ºC? O incorreto é a forma como o aluno veio reclamar.

 

O prefeito observa que lidar com o público é complicado: “Alguns trazem os problemas pessoais”, exemplifica. Acessando a internet, ele imprime a fábula O velho, o menino e o burro, de La Fontaine, e conta que a história é o retrato da prefeitura. Na fábula, não importa o que os personagens façam, estão sempre sob críticas.

 

É também na prefeitura que funciona o achados e perdidos da PUC-Rio. O que mais se perde, dependendo da estação, são casacos e guarda-chuvas.

 

Cabe também à prefeitura tarefas como tirar gatos dos telhados (“Isso acontece sempre!”) e, por exemplo, apagar princípio de incêndio, como o ocorrido atrás do RDC no começo do ano. Por isso, encontrar Eduardo na prefeitura é difícil. Ele está sempre andando, resolvendo os problemas do campus. Bem humorado, Eduardo se diverte com a dureza do ofício:

 

– Estou aqui ainda porque acho que não tem outro para ocupar minha vaga!