Na data em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, é difícil entender o que se passa com o clima. No último mês, ele se mostrou totalmente imprevisível. Secas no Sul, tempestades e enchentes no Norte e Nordeste. Como resultado, centenas de milhares de pessoas perderam suas casas. Depois da tragédia de Santa Catarina, foi a vez do Maranhão sofrer com as fortes chuvas. A população tem grande responsabilidade para a melhora da situação. Porém, ainda há muito do que se conscientizar. As recorrentes alterações climáticas mostram que o meio ambiente pede socorro.
Segundo o professor de Comunicação e Meio Ambiente da PUC-Rio, André Trigueiro, há uma série de eventos no mundo que corroboram o relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), órgão vinculado à ONU. De acordo com a pesquisa, as mudanças climáticas determinam uma maior quantidade de eventos extremos, sejam estiagens ou inundações. O estudo também afirma que esses fenômenos são decorrentes do aquecimento global.
De acordo com a professora do Departamento de Geografia da PUC-Rio Adriana Filgueira, o que acontece no Brasil é o mecanismo atmosférico la niña, um fenômeno natural notificado há séculos.
- Ele é o resfriamento das águas do Oceano Pacífico. No período normal, os ventos empurram a água quente da região do Equador para o Pacífico Leste. Neste fenômeno, os ventos ficam mais fortes e levam as águas quente e fria para a Oceania. O resultado disto é a diminuição da umidade na Região Sul e o aumento de tempestades no norte do país.
Adriana acrescenta que, segundo os pesquisadores, o homem influencia na frequência destes eventos e na diminuição do intervalo de tempo entre eles. Para ela, a sociedade ainda está inerte diante da situação.
- As pessoas estão mais atentas e preocupadas, mas falta muita informação. As atitudes estão muito incipientes, não há nenhum movimento popular. Precisamos investir na informação para que todos se sintam parte do meio ambiente e de tudo o que acontece com ele.
Trigueiro não é tão otimista. Para ele, a situação é grave e as previsões não são boas.
- O mundo precisa colocar o pé no freio em relação à queima de combustíveis fósseis, ao desmatamento e fazer o manejo correto do lixo. Se você tomar como base o que vem acontecendo nos últimos anos, o nosso destino não é bom, porque agrava-se o degelo das calotas, eleva-se o nível do mar e aumentam os eventos extremos, como as enchentes e as secas que assolam o país. É preciso reduzir as emissões de gases estufa de um lado, e se preparar para o pior de outro - conclui.
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