Boas pautas e produções cuidadosas mostram-se essenciais para manter o padrão de qualidade e a audiência, observou Juarez Passos, chefe de reportagem da editoria Rio da TV Globo, em palestra do curso de telejornalismo do Globo Universidade, parceria com a PUC-Rio. Juarez esclareceu que o conteúdo veiculado nos telejornais depende de uma cadeia de competências – não só da eficácia dos repórteres, como alguns imaginam. Bons VTs, disse ele, exigem desde a escolha correta das pautas até a aplicação afinada dos recursos de edição.
Segundo Juarez, uma boa reportagem nasce de uma pauta bem apurada e de uma produção meticulosa. Na TV Globo há 12 anos, o jornalista contou que os antigos pauteiros foram substituídos por equipes de produção, responsáveis não só por sugerir pautas, mas por checar suas informações, marcar entrevistas, buscar personagens e ajudar os repórteres com as matérias.
Ex-pauteiro do jornal O Dia, Juarez comparou a pauta ao produto bruto numa indústria. É preciso processá-lo para ser consumido. Se a forma bruta for de má qualidade, o produto final ficará comprometido:
– Fazer matéria é como uma indústria. Pegamos o produto bruto e o acompanhamos até o fim. O trabalho jornalístico pode começar com um simples telefonema. Se o profissional tiver tato para perceber que aquilo pode virar uma boa matéria, funciona – ressaltou o especialista.
Quando eventualmente falta na matéria alguma informação – porque, por exemplo, foi confirmada quando a reportagem já estava no ar –, pode-se recorrer à nota pé, esclareceu Juarez: os apresentadores acrescentam o conteúdo pendente assim que o VT termina.
– Checamos cuidadosamente as informações, para evitar equívocos. Não há nada pior que desmentir uma informação – lembrou.
Juarez explicou também que há diferentes formas de desenvolver uma pauta. O primeiro passo, segundo ele, é investigar. Verificar, por exemplo, se uma denúncia ou uma sugestão feita por telefone procede. Outro caminho, ensinou o jornalista, é olhar a cidade:
– Se você está no carro, ou andando pela rua, e vê, por exemplo, um esgoto vazando na rua, o que tem que fazer, ao chegar à redação, é ligar para um ambientalista, para as autoridades, buscar personagens. Pois isso já é uma pauta. Outra orientação: não menosprezar os assuntos. Às vezes ótimas matérias nascem de temas singelos.
Juarez Passos foi estudante de jornalismo da PUC-Rio nos anos 80. Trabalhou no Jornal do Brasil e na TV Manchete, antes de chegar à Globo, em 1996. Ele se diz apaixonado pelo que faz:
– O jornalismo é uma profissão apaixonante. Eu tenho 51 anos e ainda sou apaixonado pela minha profissão. Ninguém faz jornalismo para ficar milionário, e sim porque gosta.
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