Projeto Comunicar
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Rio de Janeiro, 21 de novembro de 2024


Campus

"O repórter deve ir em busca da audiência”

Gustavo Côrtes - Do Portal

28/04/2016

 Gustavo Cortês

A compreensão da comunicação na internet é fundamental para os profissionais se realocarem nas novas opções que o mercado oferece. Em palestra na PUC-Rio, onde se formou no início dos anos 1990, Victor Javoski falou sobre jornalismo on-line e mídias sociais, área na qual se especializou. Diretor de Estratégia Digital na FSB Comunicação, o jornalista atende ao Governo do Estado do Rio, que “vive em crise constante”, como diz. Ele ressaltou a importância do contato com o público e cuidados necessários na publicação de informações nas redes sociais, cujos usuários buscam, em geral, amenidades.

– No Facebook, disputamos a atenção do leitor com namoradas, páginas humorísticas e times de futebol. Usamos técnicas diversas para dar informações relevantes de forma incisiva, como o uso de boas imagens. Quem decide isso não sou eu, o governador ou a assessora-chefe, mas a rede. Se, em vez de responder as perguntas dos internautas, nos concentrássemos em publicar a agenda do governador Pezão, por exemplo, nosso alcance tenderia a zero – comenta, acrescentando não haver espaço para brincadeiras: – Nossa atuação na internet é voltada para a informação clara e transparente. É difícil adotar tom leve na comunicação de um órgão associado à Polícia Militar, por exemplo. Poderíamos não ser compreendidos.

 Gustavo Cortês Tom bem diferente do que adotava como repórter da Globo.com, em que a sintonia entre veículo e leitor se dá principalmente por meio do entretenimento. Para ele, o repórter deve se preocupar com o volume de acessos do que produz:

– Uma vez fizemos uma enquete com torcedores, cujo objetivo era ver qual clube tinha maior torcida. Porém, no momento em que o internauta votava, fazia-se automaticamente uma espécie de assinatura vinculada ao time escolhido. Dessa maneira, o site privilegiava, de acordo com o voto do leitor, notícias relacionadas ao clube.  

Ao comentar a crise dos veículos impressos, que vêm sistematicamente reduzindo suas equipes – caso de O Globo e O Dia, jornal em que trabalhou – ou mesmo deixando de circular, como os centenários Jornal do Brasil e Jornal do Commercio, o jornalista disse acreditar na sobrevivência do formato impresso, que pode encolher, mas nunca acabar:

– O papel tem muitas vantagens: não quebra e não acaba a bateria, como o celular. A mudança não envolve apenas a disputa entre impresso e on-line, afinal O Globo também demite profissionais que trabalham na plataforma digital. A reordenação tem a ver também com a orientação política dos veículos. Sites foram criados para contrapor posicionamentos da imprensa.