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Rio de Janeiro, 30 de dezembro de 2024


Campus

"Serviço Social é para pensar políticas públicas"

Paula Bastos Araripe - Do Portal

02/03/2015

 Paula Bastos Araripe

Depois de mais de 20 anos como docente na PUC-Rio, a assistente social Andréia Clapp Salvador acaba de tomar posse como diretora do Departamento de Serviço Social, e aponta o trabalho em conjunto como a marca de sua gestão pelos próximos dois anos. Na cerimônia de posse, a professora Luiza Helena Nunes Ermel, à frente do departamento nos últimos dez anos, e professora de sua sucessora, destacou que Andréia, ainda como aluna, liderou a campanha para sua direção do departamento pela primeira vez, em 1990.

Em entrevista ao Portal, a nova diretora afirma que a diversidade cultural existente hoje na PUC enriquece a experiência não só dos alunos de Serviço Social, como de todos os demais departamentos. Ela ressalta ainda a importância dos assistentes sociais na nossa sociedade e indica a proposta do curso para seus alunos: “Hoje, frente à complexidade da sociedade, precisamos de um profissional [de serviço social] que proponha, pense e implemente políticas públicas e privadas”, declara.

Portal PUC-Rio Digital: Qual a importância do profissional de Serviço Social na sociedade brasileira atualmente?
Andréia Clapp:
O profissional de serviço social é muito importante no campo da intervenção social e da ação social, em que o assistente social está à frente de diversas instituições e espaços institucionais, sejam espaços públicos, empresas ou organizações governamentais, atuando em comunidades, em periferias e em movimentos sociais. Ele é o profissional que lida com as expressões da questão social, então ele está sempre trabalhando na perspectiva da mediação dessas relações. Ao mesmo tempo, o serviço social é um campo da pesquisa, em que o profissional também é um pesquisador que está inserido na sociedade, então é um profissional que também atua muito na pesquisa com uma perspectiva de compromisso social.

Portal: Em vista do Primeiro Dia na PUC, nesta segunda-feira, o que os alunos de Serviço Social podem esperar do curso?
Andréia:
A proposta principal do nosso curso, na graduação, é preparar o aluno para que seja um profissional crítico, comprometido e propositivo, porque hoje, frente à complexidade da sociedade, precisamos de um profissional que proponha política, que pense política e que implemente políticas públicas e privadas. Então, é fazer com que esse aluno tenha uma consciência crítica da sociedade, e ao mesmo tempo tenha propostas inovadoras, tenha uma participação efetiva, sem tirar as questões dos direitos humanos.

Portal PUC-Rio Digital: Quais são os desafios do Departamento de Serviço Social hoje?
Andréia Clapp:
O principal desafio do nosso departamento é a manutenção do trabalho executado, tanto na graduação como na pós-graduação, em um processo de solidificação e de amadurecimento do próprio processo de trabalho do departamento. Vimos avançando bastante, e agora é o momento de olhar para nossa trajetória e propor e construir outros caminhos.

Portal: Ao assumir o cargo de diretora, como a senhora pretende resolver esses desafios?
Andréia:
Nessa nova direção, meu principal compromisso é com o próprio corpo docente e discente do departamento. Já temos uma trajetória de construção coletiva do próprio projeto pedagógico do departamento, os indicadores, os PDIs institucionais, então acho que vamos conseguir avançar e manter a qualidade, que já temos, pensando de forma coletiva, discutindo e debatendo. A proposta se baseia muito nessa construção.

Portal: A PUC mantém uma ação afirmativa, desde 1994, que possibilita a jovens pobres e negros estudarem na universidade, diversificando a PUC. Como essa diversidade pode beneficiar a experiência de todos na universidade?
Andréia:
É constitutivo do próprio projeto pedagógico do departamento, do compromisso com a classe trabalhadora, com lideranças comunitárias e com movimentos sociais. A gente tem uma parceria direta com grupos, organizações, pré-vestibulares comunitários e pré-vestibulares para negros e carentes, onde se estimula muito que esses estudantes façam a seleção para a universidade e ingressem no departamento. O Departamento de Serviço Social já tem esse trabalho realizado há quase 20 anos, é um processo da universidade e o departamento também veste esta camisa, faz parte do projeto. Este aluno não é exclusividade do nosso departamento, mas é um sujeito central no Serviço Social, até porque é uma profissão que pensa as políticas públicas, elabora as políticas públicas, e é muito bom você elaborar com os próprios atores sociais.

Portal: Como isto se reflete dentro do departamento?
Andréia:
No departamento existe uma dupla dimensão no campo da ação afirmativa. Temos efetivamente essa política de ação afirmativa dentro do próprio departamento, e ao mesmo tempo uma linha de pesquisa que tem como tema as políticas de reconhecimento. Temos uma experiência de intervenção junto às políticas afirmativas e isso é também um campo de pesquisa, de estudo. Então temos essa possibilidade e vontade de ampliar isso como campo de pesquisa. Hoje há um campo de estudo bastante forte com um quantitativo bom de ex-alunos, nossos e de outras instituições, que já fazem uma reflexão teórica nas suas dissertações, nas suas teses e nas suas pesquisas. A proposta é a manutenção disso, algo que já estamos construindo, e dar continuidade a esse compromisso.

 Paula Bastos Araripe

Portal: E como professora, como a experiência das ações afirmativas se refletiu em seu trabalho, no contato com os alunos bolsistas?
Andréia:
Eu acho que influencia toda a dinâmica institucional. Influencia a dinâmica dos departamentos, influencia como os professores pensam, influencia os próprios alunos, influencia a administração, quer dizer, gente aprende muito. A partir do momento que você amplia a universidade, ou seja, quando a universidade se transforma em uma universidade mais diversa e mais plural, a gente aprende muito com isso. Cada experiência é um aprendizado, cada olhar no mundo é um aprendizado. Então, quando numa sala de aula tem um estudante morador da Baixada Fluminense e um estudante morador da Gávea, é uma enorme riqueza de trocas. Acredito que todos nós, Tanto o corpo docente-discente como o técnico-administrativo, temos aprendido muito com esse crescimento da diversidade na universidade. Hoje a gente tem uma PUC muito mais diversa e democrática, e isso tudo também nos auxilia muito na perspectiva da interdisciplinaridade, em uma troca muito mais efetiva de conteúdos e de experiências. É um processo rico de produção de conhecimento.

Portal: Quais são as suas metas para o curso de Serviço Social pelos próximos anos?
Andréia:
 Preparamos alguns pontos centrais que planejamos para os próximos dois anos. Na verdade, estamos muito voltados para a manutenção da qualidade da graduação e da pós-graduação, para um fortalecimento da produção de conhecimento, conhecimento pautado em uma perspectiva interdisciplinar. Pensamos em elementos de fortalecimento para que seja uma produção madura e consolidada, e uma meta importante é a ampliação dessa rede nacional e internacional de troca, de pesquisa, e de ação social, uma meta muito importante. E também a manutenção dessas parcerias e pensar essa parceria entre ensino, pesquisa e extensão, e a sociedade. É sempre uma perspectiva de ampliação, de crescimento. Agora temos a perspectiva de uma produção maior, mais intensa, tanto do corpo docente como do corpo discente.