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Rio de Janeiro, 30 de dezembro de 2024


Campus

Jornalismo deve estar em sintonia com o público

Gabriela Ferreira - Do Portal

13/10/2008

Na primeira palestra do curso de telejornalismo do Globo Universidade, em parceria com a PUC-Rio, a chefe de redação da Editoria Rio, Márcia Monteiro, revelou os bastidores do desafio diário de pôr no ar histórias sintonizadas com o público. Para facilitar a distribuição no telejornal, as reportagens são divididas em categorias:

– Há, basicamente, quatro tipos de matérias. – explicou a jornalista – As de serviço tratam, por exemplo, de trânsito, de cursos. As de assunto comunitário abordam hospitais sem leitos, escolas sem professores, entre outros assuntos. As matérias produzidas têm um tempo maior de produção e aprofundam o tema. E as factuais cobrem os acontecimentos mais recentes, como um tiroteio, um desabamento, uma passeata.

O ideal, segundo Márcia, é manter um equilíbrio entre os tipos de reportagens no telejornal. A ordem com que são veiculadas depende do perfil do público e da linha editorial. O RJTV primeira edição, por exemplo, apresenta uma ênfase comunitária.

Outro fator determinante para a seqüência das reportagens é o relógio. Para conciliar o padrão editorial com os prazos rigorosos, são necessários esforços articulados – desde o desenvolvimento da pauta e da produção até o uso de motoqueiros que se desdobram para levar as fitas a tempo de as matérias serem editadas.

– O editor conversa com o repórter, combina o texto para que chegue redondinho à redação. Os motoqueiros são a melhor saída para vencer o trânsito. Ainda assim, às vezes algumas matérias não chegam a tempo. Neste caso, temos de mudar a ordem das reportagens – contou a editora, que trabalha na Globo desde 1994.

O compromisso em alinhar o conteúdo com o interesse do espectador conduz a forma como as reportagens são pensadas, produzidas e veiculadas. A jornalista esclareceu os critérios pelos quais um conteúdo torna-se prioritário:

– Se o nosso público se interessa mais pelos assuntos comunitários, este é nosso interesse principal. O que determina a importância de uma matéria no jornal são a urgência, a abrangência, o tempo e a imagem. Em geral, as reportagens vão da mais abrangente para a mais leve.

Cada jornal reúne características específicas de acordo com o horário, o público e seus interesses. Na primeira edição do RJTV, de perfil mais comunitário, há uma ênfase em matérias de serviço. A segunda edição é mais abrangente, pois se dirige a um público que chegou do trabalho, quando a família já está em casa.

A montagem do jornal começa, segundo Márcia, às 7h30min, com a reunião de pauta. Em seguida, cada equipe sai para cumprir as respectivas pautas. Terminadas as gravações, cinco motoqueiros recolhem as fitas e as levam para a redação. Incorpora-se à operação o RJ Móvel, uma unidade integrada com a redação, que permite a circulação dos repórteres.

– Tudo é muito corrido – contou a jornalista aos estudantes – Há o jornal ideal, que foi pensado, e o jornal que vai ao ar. Apesar das mudanças e dos imprevistos, a boa qualidade tem de ser mantida.

Quando o trabalho é ao vivo, imprevistos exigem habilidade técnica e jogo de cintura dos profissionais. Márcia lembrou o esforço em equipe para salvar um telejornal ameaçado por uma queda subida de sinal:

– O RJTV ia ser transmitido de Copacabana. A poucos minutos da abertura do jornal, descobrimos que não havia sinal. Tive de pedir a um jornalista de outro setor para apresentar o jornal, enquanto a apresentadora corria para o Leme, onde havia sinal. No fim, deu tudo certo.

Márcia acrescentou que, além da formação técnica e intelectual necessária ao exercício da profissão, é preciso cultivar responsabilidade social e compromisso ético.

– Ser repórter não é só aparecer na TV. Vocês têm que entender que são a imagem daquela notícia. É necessário que tenham comprometimento com a notícia e com a ética. A notícia pode mudar uma realidade – reiterou a jornalista, que se formou pela UFRJ e trabalhou também na extinta TV Manchete e na TVE, hoje TV Brasil.