Leticia Martins* - Da sala de aula
21/02/2014http://puc-riodigital.com.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/authoring/editor.htm?login=editor_jornal
A maior rede social do mundo, com mais de 1,2 bilhão de usuários em 213 países, completou 10 anos de existência este mês. Desde que foi criada, mudou hábitos no cotidiano, como “curtir” e não simplesmente apreciar fotos, mandar mensagens de texto inbox em vez de telefonar, compartilhar conteúdos, organizar festas, criando eventos e convide seus amigos. Com poucas exceções, todos estão no Facebook. A rede mudou o dia a dia das pessoas e também se tornou uma nova área de trabalho, sobretudo relacionada aos profissionais de comunicação.
Não só o Facebook, mas também o Twitter, Instagram e YouTube modificaram a comunicação corporativa. Em estudo realizado em junho de 2012 pela Latin America Social Media Check-up, 88% das empresas brasileiras utilizam alguma rede social como plataforma de comunicação com seus clientes, sendo que 52% destas têm páginas no Facebook. O percentual não é surpreendente considerando que o Brasil é o segundo país com o maior número de usuários diários na rede, com cerca de 720 milhões de perfis, segundo dados do Facebook.
– Se as empresas não entenderem que as redes sociais e o universo online são aliados no processo de comunicação corporativa, estão se alienando do momento social que dita, inclusive, o rumo de seus negócios. As redes sociais trouxeram uma nova roupagem à interlocução, mudando o curso do relacionamento com clientes, consumidores, prospects e colaboradores – diz Laura Régent, analista de Novas Mídias do grupo Textual, agência de comunicação que auxilia empresas a se adaptarem ao mercado digital, trazendo soluções para cada cliente e situação.
– Nossa empresa auxilia no relacionamento com fãs e seguidores, na gestão da marca nas mídias sociais, no desenvolvimento de ações e campanhas online e em muitas outras funções. A área de Novas Mídias é quase ilimitada. A cada hora surge um novo cenário – comenta a analista.
Laura Régent lembra que as empresas podem ter funcionários próprios para administrar suas redes, ou lançar mão de uma das diversas agências digitais especializadas nesse tipo gerenciamento.
A profissão varia de nome: analista de mídias sociais, consultor digital, communit, animador de redes sociais, social media. Mas a função é a mesma: gerenciar as comunidades e acompanhar a repercussão da empresa dentro das redes sociais. O mercado de novas mídias procura jovens antenados com uma característica marcante: serem heavy users das principais redes.
Valentine Fontanella, 22 anos, estudante do 7° período de publicidade e propaganda da PUC-Rio, estagia como analista de redes sociais há três meses na Emotion.me, empresa que auxilia na organização de casamentos pela internet. Ela acredita que o mercado, por ser muito novo, é imprevisível.
– Quase todos os meus amigos da faculdade estão trabalhando com mídias sociais. É um espaço que está crescendo muito em todas as empresas, mas não é algo ainda que te dê estabilidade ou lucro alto. Como a gente trabalha com novas tecnologias é difícil saber como vai ser o futuro. Daqui a algum tempo pode surgir uma nova tecnologia e a publicidade pode deixar de achar interessante investir em novas mídias, assim, a profissão pode acabar – diz Valentine.
A estudante de publicidade deve entregar relatórios semanais de audiência para avaliar o retorno da mídia social, e mensalmente é feito outra avaliação, que mede o público. “Assim, conseguimos avaliar o que mudou e o que não mudou, e a partir desse resultado nossa empresa elabora estratégias de comunicação nas redes sociais para os próximos meses”, explica.
A Emotion.me, assim como muitas outras empresas, passaram a utilizar o Facebook também para fazer atendimento ao cliente. Em uma pesquisa realizada pela empresa Direct Talk em outubro passado, dados confirmam uma diferença no comportamento das empresas brasileiras. Se antes elas preferiam utilizar o Twitter para resolver problemas de clientes, agora, o Facebook é a rede preferida para se relacionar os consumidores.
Apesar do futuro incerto dos consultores digitais, a rede social mais utilizada no país ajuda usuários a começarem um novo negócio ou projeto. O Facebook oferece espaço para artistas divulgarem gratuitamente seus trabalhos por Fan Pages ou abas personalizadas. Publicadas de graça na rede, as obras ou produtos podem alcançar um número muito mais significativo de espectadores.
Monalisa Marques, de 24 anos, deixou sua carreira de jornalista de lado para se dedicar a uma paixão, a fotografia. Tudo começou quando postou em seu perfil do Facebook a ideia do projeto Uma Pessoa por Dia, fotografando alguém diferente diariamente ao longo de 2013. Os amigos apoiaram, e o desafio foi lançado.
A jornalista criou a página do projeto no Facebook e postou sua primeira foto no dia 2 de janeiro. Em um post tímido, com uma foto do rosto aproximado de seu pai, Monalisa escreveu: “Affonso. Teve um dia produtivo no trabalho”. A foto, teve 38 curtidas. Hoje, a página tem mais de 20 mil seguidores, seus posts contam histórias inusitadas e a média do número de curtidas chega a 600.
Através de suas lentes e textos, as pessoas fotografadas viram personagens apaixonantes. Pelo Facebook, a interação entre o artista e o público é bem fortalecida.
– Levo tudo em consideração. Leio todos os comentários e mensagens que recebo, fico monitorando 24 horas por dia. É minha responsabilidade proteger a pessoa que me cedeu o uso de imagem, sabe? Além disso, uma pessoa que não ouve a opinião e a sugestão dos outros acaba tendo uma visão muito limitada de mundo, acaba sendo arrogante. Tenho o maior medo disso – diz Monalisa.
O projeto, que ganhou grande repercussão na web, não deve se limitar às páginas do Facebook. A fotógrafa vai publicar um livro reunindo as fotos e pensa em fazer uma exposição.
Assim como o projeto de Monalisa, empresas e usuários conseguem, a partir da audiência conquistada na rede, realizar projetos concretos fora do ambiente online. Embora o futuro do Facebook como uma plataforma de divulgação ainda seja incerto, hoje, ela pode ser considerada a melhor estratégia publicitária, por oferecer um espaço gratuito e livre de divulgação com um enorme alcance, graças à ferramenta de compartilhamento. Para definir se o mercado de trabalho terá futuro ou não, talvez seja necessário esperar os próximos dez anos.
Leia também: Redes sociais recebem mais reclamações contra empresas
* Reportagem produzida para o Laboratório de Jornalismo.
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