Lara Aleixo e Júlia Cople - aplicativo - Do Portal
11/02/2014A preocupação com a devassa de informações nas redes sociais e a divulgação do monitoramento de dados pela Agência de Segurança Americana (NSA), tornado público pelo ex-agente Edward Snowden, no ano passado, estimularam a já ascendente procura por cursos universitários ligados à informática. Segundo Ivan Mathias Filho, coordenador de Ciência da Computação e Sistemas de Informação, e Sérgio Colcher, responsável pela graduação de Engenharia da Computação, o aumento da demanda beira os 20% na PUC-Rio. O segmento de segurança na rede soma-se ainda ao setor do entretenimento, em especial de jogos virtuais, cuja movimentação chega a R$ 5,3 bilhões anuais no país por ano, de acordo com o Sebrae, e ao mercado da computação móvel, embalado pelo intenso lançamento de aplicativos para smartphones, artigo quase unânime entre os 88 calouros do Departamento de Informática recepcionados, nesta segunda, na série atividades batizada de Meu Primeiro Dia na PUC.
Ainda que tenha sido alçada aos holofotes da mídia com o programa de espionagem americano, a segurança na rede, diz Colcher, já era contemplada pela PUC-Rio com disciplinas específicas. Pois, ainda conforme o professor, a área assumiu importância estratégica especialmente coim o advento da web 2.0, na virada do século:
— Se já não era, hoje é muito importante se proteger das ameaças na internet. A atenção da mídia para esse assunto no ano passado desperta ainda mais o interesse do aluno. As empresas valorizam o profissional que está sob essa luz.
Prova disso, exemplifica Mathias Filho, é o concurso específico da Polícia Federal para o setor de monitoramento de dados. Para Fernanda Ramos, de 19 anos, caloura de Engenharia da Computação, o caso Snowden mostra o quanto a tecnologia pode causar mudanças mundiais de enorme proporção. Opinião que compartilha com o colega de curso Lucas Souza, que credita à “divulgação da informação escondida” um dos orgulhos da profissão:
— A informática tem a capacidade de transformar o mundo positivamente, ajudar a evoluir e facilitar a vida das pessoas sem causar muitos danos ao ambiente. Mas, da mesma forma, pode ser usada de má-fé. Então é preciso, além do conceito de ética e moral, atuação dos profissionais da segurança.
O sistema da NSA chamou a atenção também de Eduardo Carvalho, já técnico em informática. Embora não descarte a proteção da rede, segundo ele, uma área “muito extensa e ainda pouco explorada”, o calouro em Engenharia de Computação, de 19 anos, pretende trabalhar com desenvolvimento de tecnologia. Um segmento que, segundo Colcher, faz parte da diretriz do curso, o qual possui um Núcleo de Inovação Tecnológica para pensar softwares e soluções para problemas de tecnologia de ponta.
Quem também está atento a esse nicho da profissão é Luiz Felipe Camargo, ingressante em Ciência da Computação. No mundo todo, segundo estudo da Sebrae, existem mais de 1,8 milhão de aplicativos, soma estimulada, ano passado, com o lançamento de plataformas para mobilidade e rádio e tevê. O estudante reconhece a dificuldade, mas acredita que a dedicação em sistemas embarcados “valerá a pena”:
– O mercado está em constante evolução, sempre sobrando emprego – confia – Além disso, por ser uma área difícil, muita gente entra, mas pouca gente se forma. Acredito que, no Brasil, principalmente, por ser um mercado mais novo e sem tanto investimento, a necessidade de profissionais na área na área seja enorme.
As empresas buscam cada vez mais especialistas na área, aposta Fernanda, por conta das demandas diversas associadas ao desenvolvimento tecnológico. Por outro lado, a complexidade dos sistemas de dados e o extenso repertório dos segmentos profissionais cultivam dúvidas nos novatos sobre as escolhas nesse setor. Samuel Amaral, de 18 anos, conta que se decidiu pela Ciência da Computação por gostar de tecnologia, mas admite que ainda não "sabe que caminho seguir". Mathias Filho tranquiliza os indecisos:
– A informática é um setor da economia que disputa os profissionais formados. Ninguém fica desempregado. Um segmento diversificado que se expande a cada ano. Basta que o aluno se dedique às oportunidades que oferecemos na PUC-Rio.
Colcher ressalta que, somado aos softwares para proteção na rede e ao desenvolvimento de aplicativos, o entretenimento tem ganhado espaço nos planos dos alunos com efervescente indústria de jogos. O Brasil, segundo o Sebrae, é o quarto maior mercado de games do mundo, com cerca de 35 milhões de jogadores. Eduardo Carvalho não descarta dedicar-se ao mundo da diversão:
– Sou apaixonado por software e programação. Se eu puder juntar essa parte técnica com projetos interessantes voltados ao lazer, por que não?
Aos jogos, junta-se o setor de desenvolvimento da TV Digital interativa. Interação, explica Colcher, diz respeito "à aplicação dos conceitos e do domínio de análise de bancos de dados na gerência de redes sociais e sistemas multimídia". O mercado potente é confirmado por recente levantamento da Agência Internacional de Telecomunicações, que põe o Brasil na quarta posição entre os países com mais nativos digitais (jovens de 15 a 24 anos conectados há cinco anos), atrás só de China, Estados Unidos e Índia, e à frente, por exemplo, do Japão.
Apesar do estudo Medindo a Sociedade da Informação, da mesma organização, limitar o Brasil à 62ª colocação no ranking de países mais desenvolvidos em inclusão e infraestrutura digital, a pesquisa projeta que os emergentes dobrarão o contingente de nativos digitais nos próximos cinco anos. Luiz Felipe Camargo previu essa tendência em sua decisão de curso:
– É uma área promissora. Afinal, tudo hoje é feito por computador, tudo tem sido digitalizado. O profissional de informática sabe o que tem pela frente.
Para encarar essa empreitada, Mathias Filho e Colcher dizem ser crucial o esforço na trajetória acadêmica e o domínio da língua inglesa. O espírito empreendedor, para eles, também diferencia o estudante, em termos de qualificação:
– Temos disciplinas específicas para empreendedorismo. No Instituto Gênesis da PUC-Rio, mais da metade das empresas incubadas tem ligação com o Departamento de Informática. O setor de óleo é gás é um dos que mais procuram esse tipo de profisdsional – destaca Colcher.
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