Professores dos departamentos de Administração, Ciências Sociais, Comunicação Social, Direito, Geografia, Relações Internacionais e Serviço Social da PUC-Rio, se reuniram nesta quinta-feira, 10 de outubro, para o Encontro Anual do Decanato do Centro de Ciências Sociais (CCS). Foram apresentados trabalhos e pesquisas desenvolvidos dentro de seus departamentos, dentro do tema Espaços locais, regionais e globais.
O reitor da PUC-Rio, padre Josafá Siqueira, desejou sucesso a todos os pesquisadores e aproveitou para lembrar o acordo de cooperação acadêmica entre as pontifícias universidades católicas, assinado em 27 de setembro. Para o reitor, a iniciativa mostra que é possível a integração entre saberes de diferentes departamentos:
– A PUC vem crescendo nessa dimensão. É muito importante que iniciativas locais possam ter mais reflexo.
Novas áreas de pesquisa nas ciências sociais
O coordenador do curso de jornalismo da PUC-Rio, o jornalista e doutor em Relações Internacionais Arthur Ituassu, falou de ciberdemocracia, apresentando seu estudo Comunicação e política: internet e democracia, como uma área que se consolidou após a redemocratização do Brasil.
– A novidade da área da comunicação e política é a internet-democracia, trabalhar com o potencial da internet para o incremento dos processos democráticos. Já há uma série de iniciativas digitais de comunicação no contexto da teoria da democracia, tanto de governo como da sociedade civil.
Pesquisador integrante do Centro de Estudos Avançados em Democracia Digital (CEADD), constituído por uma extensa rede de grupos de pesquisa de todo o Brasil e sediado na Universidade Federal da Bahia, Ituassu lidera um grupo de estudos sobre internet-democracia.
Segundo Ituassu, em todos os regimes democráticos no planeta há uma grande intercomunicabilidade de sintomas, e estão na agenda do dia questões como a ausência de efetividade da cidadania na decisão política; o descolamento do sistema político da vida do cidadão, uma visão negativa da política, informação política de qualidade duvidosa, baixo capital político da esfera civil, ausência de soberania popular e de espaços deliberativos, baixos índices de participação e crise de representação.
Telefones celulares e resiliência social: mercados globais, usos subversivos locais é o tema da pesquisa da jornalista e professora do Departamento de Comunicação Social Adriana Braga, que estuda os usos sociais das tecnologias de telefones celulares. Na fase inicial da pesquisa, Adriana identificou usos “subversivos”, criativos, fora do previsto pelas companhias, e nem sempre criminosos – de aparelhos móveis.
Dos aparelhos em uso no país, 83% são pré-pagos, habilitados para planos de telefonia com preços mais acessíveis para a população. Evita-se gastar créditos a fim de preservar benefícios. Para Adriana, além de mostrar um esforço da população para adaptar a tecnologia às suas necessidades, maneiras irreverentes ou inusitadas de usar os aparatos tecnológicos são também uma forma de resistência social.
– São resultados de integração tecnológica forçada e de apropriações de tecnologias. A implantação do 4G, prevista para 2014, vai ampliar ainda mais os abismos entre os que têm e os que não têm – explicou a jornalista e pesquisadora.
Adriana ainda mostrou, por meio de notícias publicadas na internet ou de fotos, tentativas de enviar celulares para presídios. Há registros de aparelhos escondidos dentro de pacotes de biscoito, em perucas usadas por crianças, em aviões de controle remoto, e até aluguel de celulares na prisão.
Antes, a cientista política Maria Celina d’Araujo, especialista em política da América Latina, sindicalismo e democracia e professora do Departamento de Ciências Sociais, apresentou o trabalho América do Sul como espaço de desenvolvimento e cooperação em infra-estrutura, no qual se dedica a analisar a mudança no papel de militares em direção a uma adequação às democracias sul-americanas.
Para Maria Celina, a redemocratização criou novos espaços de cooperação econômica e militar. Ela frisou que as forças armadas têm forte protagonismo, que se daria graças à manutenção desses setores de maneira preeminente no desenvolvimento econômico. De acordo com a socióloga, as forças armadas no Brasil ampliariam sua atuação em outros eixos. Nos projetos de integração econômica e cooperação militar entre países do continente, elas estariam mais próximas dos países andinos do que do bloco do Mercosul.
Neste sentido, o Brasil reafirmaria a sua influência regional. Maria Celina citou a participação da Integração de Infraestrutura Regional Sul-Americana (Iirsa) para que se a América do Sul se torne um continente bioceânico, integrando suas infra-estruturas.
– As forças armadas no Brasil ainda se consideram autoras do desenvolvimento econômico, como escola de cidadania, garantidores da lei e da ordem. A confiança recíproca passa a ser a moeda principal, com direito a alguns escorregões. Ainda se assumem com papéis que não existem no Chile, na Argentina e no Uruguai, por exemplo – afirma a cientista política.
Outras apresentações que foram realizadas: Internacionalização de clusters brasileiros, por Angela da Rocha, de Administração; Justiça Transicional, Dispositivos de Segurança da Ordem Mundial, por José María Gómez, de Direito; Arquiteturas Territoriais no Estado do Rio de Janeiro, por Alexandro Solorzano e Augusto César Silva, de Geografia e Meio Ambiente; A Dimensão Atlântica, por Marco Antonio Pamplona, de História; Da circulação de práticas e pessoas: humanitarismo e emigração em contextos transnacionais, Carolina Moulin, de Relações Internacionais; Governança Global e Regional, por Monica Herz, também de Relações Internacionais; Jovens Engajados nas Américas: um estudo sobre engajamento social e político, por Irene Rizzini; e Formas de Organização e de Gestão do Trabalho no Brasil Atual, por Inez Terezinha Stampa, ambas de Serviço Social.
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