Em meados dos anos 1990, o jovem estudante de computação da PUC Rafael Duton resolveu "fazer diferente" e abrir o próprio negócio. Iniciativa ousada para um tempo em que a maioria dos colegas mirava um bom emprego no setor público ou privado. Duton incubou a aposta na recém-criada Empresa Júnior. O projeto derrapou na falta de experiência. A segunda tentativa também durou pouco. Mas a experiência acumulada construiu o caminho para, 17 anos depois, o empreendedor comemorar o sucesso no concorrido mercado de jogos para celular. Um aprendizado que dividiu, com orgulho, quarta-feira passada, no auditório do RDC. na abertura do seminário Ciclo de uma ideia, em comemoração aos 18 anos da Empresa Júnior PUC-Rio. Veja também entrevista com o presidente da Empresa Júnior, Marcos Mota.
O empresário integrou a dezena de profissionais proeminentes, de diversas áreas, escalados para contar casos e lições colhidos na carreira. Para Duton, uma das principais habilidades é aprender com os erros:
– Aprendi que, se você identificar onde errou, automaticamente terá um ganho e não repetirá esse erro, ainda que possa cometer outros ao longo da carreira – ressaltou, no auditório lotado de universitários.
Duton referia-se às inúmeras tentativas de se inserir no mercado de jogos para celular. Tentativas que se mostrariam essenciais para que suas ideias ganhassem corpo até 2002, quando, às vésperas da Copa do Mundo asiática e "afundado em dívidas", ele e os sócios da Movile criaram um jogo de perguntas e respostas sobre futebol via SMS. Foram pedir R$ 10 mil à Editora Abril, detentora do acervo sobre futebol que a empresa queria usar no software.
– Estávamos desesperados. Nada do que fazíamos dava certo, mas tínhamos a certeza de que esse jogo ia pegar Fomos até a Abril, e eles riram da nossa proposta. Fomos também até a operadora ATL e também não toparam. O que fizemos, então? Usamos uma tática maluca: dissemos para a Abril que a ATL tinha topado e vice-versa. Funcionou. Conseguimos o dinheiro e, no primeiro mês de funcionamento do aplicativo, justamente o mês que antecedia o Mundial, conseguimos nada mais, nada menos do que cem mil mensagens de texto, dinheiro suficiente para pagarmos as dívidas e ainda guardarmos algum – contou, orgulhoso.
Era o impulso que faltava. A empresa voou mais alto e tornou-se a maior de aplicativos para celular da América Latina. Hoje, os projetos que envolvam SMS no Brasil passam pela mão da Movile.
Em 2010, Duton fundou a 21212 Digital Accelerator, que presta consultoria para novas empresas na área digital. Auxiliaram mais de 30 do gênero, das quais 40% já conseguiram algum tipo de investimento. O empresário ressalva que, embora suas iniciativas tenham dado certo, não se pode avaliar uma ideia isoladamente:
– Vários fatores devem ser considerados quando se pretende aplicar uma ideia. Primeiro, saibam que há boas ideias que parecem ruins, em princípio, mas depois se revelam ótimas. São exceções. A maioria das ideias que parecem ruins são ruins. Quando tiverem uma ideia que pareça boa, avaliem primeiro os recursos necessários para sair do papel. Por último, mas não menos importante, avaliem quem vai se juntar ao time. A maior causa de falência de empresas é a briga entre sócios. Então, fiquem muito atentos às pessoas que irão trabalhar com vocês. As oportunidades são ambíguas, assim como as boas ideias. Temos de apostar na ambiguidade. A sorte também é importante, porém ela só vem se você trabalhar duro. A sorte encontrou a gente trabalhando, isso fez toda diferença – recomendou Duton, aos estudantes.
Economistas: rebaixamentos exigem reformas
Economia aguarda reequilíbrio entre Executivo e Legislativo
Economia do compartilhamento se estende às cidades
Economistas condicionam saída da crise a reforma previdenciária
Novas profissões: instagrammer ganha por viajar e ter seguidores
Avanço de serviços de música via internet muda rumos do rádio