Olivia Haiad - Do Portal
15/08/2008Do latim petroleum (petrus, pedra; oleum, óleo) ao apelido de “ouro negro”, tornou-se herói e vilão nesses seis mil e poucos anos nos quais movimenta turbinas e guerras, indústrias e riscos ambientais. Fonte recorrente de manchetes, o petróleo tem ocupado os jornais por três fatos em especial: a descoberta da enorme reserva na costa brasleira, cujo esboço do modelo de extração desperta polêmica; a escalada da cotação internacional do barril (ultrapassou 130 dólares), apontada por especialistas como uma das principais causas da inflação mundial; e o crescente risco ambiental associado ao consumo de combustível fóssil. De 16 a 19 de junho, tais questões foram discutidas na primeira Semana da Petróleo (PetroPuc) da PUC-Rio, que criou, em 1999, o curso de Engenharia de Petróleo.
“Esse preço do petróleo não é interessante sequer para indústria do petróleo. Não sei se economia vai suportar por muito tempo”, ponderou Maurício Figueredo, da Baker Hughs do Brasil, na palestra “Equilíbrio Energético”. Ele lembrou que a oferta de petróleo não está crescendo na mesma proporção que a demanda. Uma das causas, de acordo com o especialista, é o preço da tecnologia para exploração terrestre:
- Os recursos e possibilidades de exploração nas bacias terrestres estão cada vez menores. Gasta-se, em média, 200 mil dólares diários por poço na Bacia de Campos. E em águas profundas, são necessárias sondas muito desenvolvidas e, conseqüentemente, caras.
Para Figueredo, os integrantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) estão tomando consciência de que o barril a 130 dólares é "algo inviável". Em relação às perspectivas brasileiras, ele acredita que o país terá papel importante no quadro energético mundial:
- Hoje, basicamente, consumimos o que produzimos. O Brasil terá um papel mais importante à medida que for desenvolvendo seus campos de exploração e chegue aos níveis de produção esperados: uma média de cinco milhões de barris por dia.
Paulo Hargreaves, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE) da UFRJ, abordou um tema igualmente importante: caminhos para conciliar a extração e a preservção ambiental.
- Vamos reciclar - disse ele - Transformar estruturas de aço em corais artificiais. Quando você retira a plataforma, interfere na vida da biomassa que já se formou ao redor do local. Além disso, o desmonte custa caro hoje em dia.
O especialista ressaltou que as soluções ambientais exigem um investimento maior em pesquisa. De acordo com ele, as cidades costeiras de Maricá, Saquarema e Atafona, no Estado do Rio de Janeiro, já sofrem conseqüências da falta de estudos oceanográficos. “Nenhuma universidade brasileira tem cursos de oceanografia econômica”, criticou.
Sérgio Fontoura, professor de Engenharia de Petróleo na PUC-Rio, também destacou, aos alunos presentes no auditório do RDC, a importância do conhecimento para o fazer da exploração do petróleo um trampolim para o desenvolvimento responsável. Ele apresentou o curso Engenharia de Petróleo, cuja primeira turma se formou em 2005, e adiantou detalhes do prédio de estudos que será incorporado ao campus da universidade em 2009.
- O prédio abrigará 13 laboratórios de pesquisas voltadas exclusivamente para Petrobras, o que será um grande salto para o curso.
Para Maurício Figueredo, a qualificação profissional adquire uma relevância crescente neste segmento:
- Sem profissionais qualificados não há produção. Se você estiver perfurando um poço com uma sonda que custa 600, 700 mil dólares por dia precisará de gente muito bem qualificada.
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