Nicolau Galvão - Do Portal
06/05/2013O crescente uso de remédios psiquiátricos no meio urbano é o pano de fundo de Terapia de Risco, de Steven Soderbergh. Em cartaz desde a sexta-feira passada, o filme discute até onde essa sanidade artificial pode nos levar.
Assim como em Contágio, o diretor contou com o roteiro de Scott Z. Burns para retratar os efeitos negativos da medicina moderna. A parceria com o roteirista vem ajudando Soderbergh a reaparecer com longas mais autorais, em contrastes com trabalhos recentes nos quais a influência do diretor acabou engolida por elencos estelares, como na trilogia Onze homens e um segredo.
Durante a maior parte de Terapia de Risco, o diretor mostra algumas das qualidades que tornaram Traffic – que lhe rendeu um Oscar – e Erin Brockovich sucessos entre os críticos de cinema. Porém, o mesmo roteiro que dá espaço a Soderbergh não se sustenta por todo o filme. Cai em lugares-comuns, ao tentar uma guinada na história.
Rooney Mara emplaca outra boa atuação ao interpretar uma nova-iorquina deprimida pela prisão do marido (Channing Tatum, tentando escapar da fama de galã de filmes teen). Mostrando por que é considerada um dos talentos da nova geração de atrizes. Conduzem um suspense cujo ponto principal levanta a necessária discussão sobre as implicações do uso indiscriminado, ou oportunista, de medicamentos experimentais.
A premissa sobre a qual o enredo se desenvolve remete aos traços de uma sociedade pautada pela velocidade, na qual as doenças psiquiátricas pegam a contramão da saúde coletiva e do princípio utilitário: afetam o rendimento no trabalho e na convivência social. Terapia de Risco aponta como a promiscuidade entre médicos e empresas farmacêuticas desdobra-se em efeitos colaterais (daí o nome original do filme, Side Effects) de difícil ou impossível compensação, que muitas vezes atingem as pessoas ao redor.
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