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PUC-Rio

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Rio de Janeiro, 30 de dezembro de 2024


Campus

Desafios em busca de uma universidade sustentável

Laura Mollica, Vanessa Vega e Rafaella Sierra - Da sala de aula

16/06/2008

Camila Barata ajudou a organizar a XIV Semana do Meio Ambiente (SMA)na PUC-Rio. Entre méritos e lições, ela faz um balanço das atividades desenvolvidas de 2 a 6 de junho na PUC-Rio. Conta os benefícios e os desafios para a próxima edição. Formada em biologia na Santa Úrsula, com pós-graduação na UFRJ, Camila trabalha no Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (NIMA), responsável pela iniciativa. A especialista aponta as dificuldades e surpresas de realizar a SMA, e as ambições de projetos sustentáveis.

– Como você avalia os resultados da Semana de Meio Ambiente (SMA) da PUC-Rio? Ficaram dentro das expectativas?

Foram positivos. A Semana do Meio Ambiente, que já está no 14° ano, sempre foi organizada por alunos. Perdia-se a experiência. A cada ano, criava-se um grupo de alunos para tocar o projetor. Eles ficavam enlouquecidos fazendo a SMA. No fim, ninguém queria mais saber do assunto. Esta foi a primeira vez que o NIMA assumiu o evento. Em três meses, o tempo que a gente teve, conseguimos montar uma equipe e viabilizar a SMA. Agora a mesma equipe tem um ano para pensar na próxima,  já com a experiência adquirida.

– Que atividades renderam mais ?

Os minicursos, por exemplo, foram um sucesso. Mas a maioria dos alunos era de fora da PUC-Rio, de outras universidades. A agenda cultural também funcionou muito bem, não só nos Pilotis como no Anfiteatro. As oficinas, que nós havíamos planejado minuciosamente, acabaram sendo muito espontâneas. Quem estava passando por perto se juntava. Ficou algo bem vivo e acolhedor: a tenda de bambu, a feira de trocas, as mesas grandes com pessoas pintando.

– Como foi a atuação dos voluntários

– É incrível como os problemas tendem a se dissolver quando a energia da pessoa que quer realizar alguma coisa se junta com outras que também querem realizar. Dos 120 voluntários que se inscreveram, 80 participaram: um número imenso. Foi uma grande sacada da professora Lea Tiriba, de Educação, montar a barraca do NIMA uma semana antes. Isso permitiu que os voluntários se conhecessem e entendessem como seria a operação. Ainda serviu como propaganda, porque as pessoas paravam para perguntar o que era a barraca. Agora, o que vamos tentar fazer é manter reuniões mensais. Já temos uma voluntária vai continuiar. Se tivermos uns quatro que fiquem, formamos uma equipe integrada para o próximo ano.

– A divulgação da SMA foi eficiente?

Tínhamos um discurso de não usar papel, por uma questão ideológica e porque havia horários em aberto. A divulgação não precisa ter panfleto. Foi a primeira vez que a SMA contou com mídia externa. Saiu no plin plin na Globo, no meio do Fantástico, e numa propaganda espontânea no Jô Soares e na Ana Maria Braga. Além de ter sido divulgada pelos meios de comunicação da PUC-RIO.

– O que você acha da PUC-Rio como espaço para abrigar um evento como esse?

– Não podia ser num lugar melhor. A PUC tem uma formação do poder hierárquico que é muito válida. Os professores são basicamente autônomos em suas decisões, e isso é fantástico. Por exemplo, o chefe de departamento é um dos professores. Fora isso, a estrutura da PUC-Rio é incrível. O campus, os auditórios e as equipes são formadas com pessoas que trabalham aqui há anos, e conhecem tudo: onde tem um lugar para plugar um fio, onde compra tal coisa, leva mesa para lá e para cá. No fim das contas, os funcionários daqui estavam todos com a camisa da SMA. Eles compraram a briga com a gente.

– O que precisa melhorar para o próximo ano?

– O que não deu certo foi o fator tempo. Quando vi, estávamos eu e o Felipe, também estava organizando o evento, enlouquecidos com questões operacionais. Reunião com a segurança, com a Vice-Reitoria Comunitária, com a comunicação e mais uma série de reuniões para fazer a coisa funcionar. Não deu tempo de fazer diplomacia. Eu não consegui nem mandar emails para minha mala-direta. Fora isso, acho que faltou uma interação das disciplinas relacionadas ao meio ambiente e às palestras. De forma que a palestra realizada no horário da aula de um desses professores entre no programa do curso. Senão, o público da atividade vai continuar sendo, em geral, de fora.

– Como o NIMA pretende dar continuidade a projetos do gênero?

– Desde que o reitor da PUC-Rio, padre Jesus Hortal, participou de uma reunião em Nova Yorque com reitores de outras universidades, ações relativas ao meio ambiente assumiram importância ainda maior. Criou-se uma comissão de sustentabilidade, com quatro grupos de pesquisa: materiais e resíduos, água e energia, biodiversidade e educação ambiental. Cada um mapeou de alguma forma um pedaço da PUC-Rio. Para buscar soluções ambientais, é preciso entender o que está acontecendo. Por exemplo, um dos grupos mapeou um andar, com suas problemáticas: ar-condicionado, lâmpadas, torneiras pingando e o que mais se gasta. Fora isso, o NIMA tem ambições de fazer uma parceria com o pessoal de energia solar, para transformar a casa deste núcleo auto-sustentável em energia. O mais difícil a gente tem aqui na PUC, que é o conhecimento, pessoas competentes de varias áreas. O desafio maior é mudar a cabeça das pessoas, naquelas pequenas coisinhas do dia-a-dia.