Projeto Comunicar
PUC-Rio

  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram

Rio de Janeiro, 26 de dezembro de 2024


Economia

Negócios comemoram salto de temperatura e de visitantes

Maria Christina M. Corrêa - Do Portal

18/12/2012

 Arte: Maria Christina Corrêa

Rio 40 graus, cidade maravilha, purgatório da beleza e do calor. O verão só começa oficialmente na próxima sexta, 21 de dezembro, mas os cariocas já enfrentam máximas na casa dos 35, 36, 37 graus. Parte do comércio aflige-se com a temporada de praias cheias, consideram-na uma ameaça às vendas. Outra parcela aposta, pelo contrário, no aquecimento comercial decorrente da escalada dos termômetros. Caso do vendedor de abacaxi Rodrigo de Oliveira, de 20 anos, que veio do Espírito Santo para aproveitar a estação favorável ao negócio: 

– O Rio é sempre muito quente, sobretudo nessa época, o que facilita o meu trabalho.

Para fugir da concorrência na praia, Rodrigo prefere as ruas quentes do Centro. Cada fatia, generosa, de abacaxi gelado sai por 50 centavos. Nos dias mais tórridos, vende até 240 pedaços, em sete horas de trabalho. O verão representa, assim, um ganho médio de R$ 20 por semana. Nesta temporada, espera bater seu recorde e vender 100 unidades por dia. Carlos Serra

– Entre meio-dia e duas da tarde, a procura é maior. Uns querem só matar o calor, outros aproveitam como sobremesa do almoço.

O suco Do Bem também aposta alto no verão. Com galões inspirados naqueles usados por vendedores de mate, o negócio ganhou a praia de Ipanema. A principal novidade é a entrega na areia, via telefone. O serviço restringe-se, por enquanto, a Ipanema, mas os executivos pretender espalhar os galões coloridos (marca regisrada do suco) por outras praias. Divulgação

Negócios tradicionais da praia, como a venda de coco, também já observam um aumento da procura, que costuma estender-se até o fim do carnaval. O vendedor Alex dos Santos, de 19 anos, comemora a disparada comercial proporcionada pela predominância, ao menos nesse fim de ano, de dias ensolarados. Nos fins de semana, vende cerca de 80 garrafas com água de coco e lucra R$ 720, o dobro do que retira de segunda sexta.

– Com o calor tudo melhora. No verão, tudo dobra – vibra.

Fluxo crescente de visitantes também incrementa os negócios  

O economista e professor da PUC-Rio, José Marcos Camargo, lembra que a sazonalidade, a princípio, não representa um desequilíbrio no volume comercial na estação: alguns negócios e produtos são favorecidos – desde produtos como ar-condicionados e ventiladores, cujas vendas saltaram cerca de 200% no varejo carioca, mês passado, até novidades como entrega de suco na areia, por telefone –outros perdem público, como o consumo de destilados. Camargo pondera, no entanto, que, em cidades de praia, as vendas de verão tendem a superar as das outras estações. Ele projeta um avanço comercial neste e nos próximos quatro verões do Rio, impulsionado pelo suposto crescimento do fluxo de turistas decorrente dos grandes eventos internacionais, como Jornada Mundial da Juventude, Copa e Olimpíada. 

– O Rio é uma cidade quente, voltada para a praia. Assim, a venda de produtos como fatia de abacaxi, coco e suco, que ajudam a combater o calor, costuma disparar. Além disso, a quantidade crescente de visitantes também deve gerar mais negócios – observa.  

A Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) ainda não tem uma projeção oficial das vendas no verão, mas o presidente do Conselho Empresarial de Comércio de Bens e Serviços da ACRJ, Aldo Gonçalves, adianta que a estação deve registrar um desempenho comercial, no mínimo, equivalente ao do verão passado:  

– Aqui o comércio é muito voltado para o turismo, que incrementa segmentos como o relativo aos produtos de praia (biquíni, chinelo, picolé etc.) e o de bares e restaurantes, porque as pessoas preferem ficar mais ao ar livre. 

Moda acompanha hábitos particulares de se vestir no verão, diz especialista

A moda também se ajusta para vestir-se com os lucros da estação. Itens como bermudas, biquínis, sandálias, óculos escuros e acessórios de praia ganham espaço na rotina e no orçamento dos cariocas. A professora Luiza Marcier, supervisora do curso de Design de Moda da PUC, explica por que o verão interfere no estilo de se vestir: 

– O calor do verão faz com que as pessoas construam hábitos particulares de se vestir. As roupas precisam ser mais leves, com cores mais claras e mais arejadas, com sapatos abertos ou sandálias. Vestir um jeans, por exemplo, é mais difícil. Além disso, ir à praia passa a ser um hábito cotidiano. Então. levar biquínis, maiôs ou sungas na bolsa, para um eventual happy hour praiano torna-se comum – observa a professora – As pessoas também passam a tomar mais banhos, o que significa mais trocas de roupas – completa.

 Arquivo pessoal Ainda segundo Luiza, a tendência em 2013 inclui seda em blusas e vestidos; saias; conjuntos à la pijama; peças flexíveis para novas combinações; high-low; clutches como bolsas de noite; vestidos com estampas geométricas ou digitais, tudo com muitas imagens e cores. A estudante de Publicidade da PUC-Rio Laryssa Camargo, de 20 anos, idealizadora de um blog com dicas de moda (visite), acrescenta outras peças "obrigatórias" no guarda-roupa da estação, cuja procura também deve aumentar com a subida dos termômetros: 

– Os hot pants (shortinhos), claro, estarão em alta. Para quem está em forma, o top cropped é ideal nesse calor que está fazendo. E um biquíni de franjas, para levar a moda para as areias. 

 

Colaboração Carlos Serra