Ana Luiza Cardoso - Do Portal
28/09/2012Como a piada do português que vê a casca de banana à frente e pensa “E lá vou eu escorregar de novo”, a humanidade vai sofrer as consequências do desequilíbrio ambiental se continuar adiando as mudanças, disse o economista Sérgio Besserman, professor de História Econômica da PUC-Rio durante o debate A ética na política e a sustentabilidade, ao lado do reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira.
– É um dos grandes desafios do ser humano. Devemos ampliar a consciência para entender o que está acontecendo, e ter a resposta para desafios que estão a nossa frente – disse o economista – E devemos dar essa resposta rápido!
Em Estocolmo, em 1972, eles diziam: “Cuidado, temos compromissos com as gerações futuras”; na Rio-92, “Atenção, temos alguns fenômenos e problemas climáticos. Vamos nos precaver e enfrentar o aquecimento global”; já na Rio+20, a mensagem era “Atenção! Estamos nos aproximando de diversas fronteiras de risco, alguns limites já foram ultrapassados”.
Para Besserman, o descaso e conformismo com as questões ambientais resultaram em três fatos irreparáveis: a extinção da vida, as mudanças climáticas e a crise no ciclo do nitrogênio. A previsão é de uma redução de 20% a 30% das espécies de seres vivos:
– A vida é uma rede. Todos os seres estão conectados de certa forma, e como não podemos numerar os tipos de animais vivos, não podemos imaginar o prejuízo com a crise na biodiversidade – afirmou.
Entre as consequências acerca do aquecimento global, o economista ressaltou o degelo do solo na Sibéria. Além do incômodo com as mudanças de temperatura, o acumulo de gás estufa na atmosfera pode ter consequências catastróficas.
– O solo congelado da Sibéria tem a mesma quantidade de metano que foi liberado desde a Revolução Industrial. E ele está descongelando – alertou. – Precisamos decidir logo se vamos deixar o planeta esquentando. Não será possível acabar com a pobreza, por exemplo, se não cuidarmos do meio ambiente. É tudo uma coisa só.
Sobre a crise no ciclo do nitrogênio, Besserman comenta que mesmo que esse assunto seja de preocupação recente, não foi discutido na Rio+20. Apesar da substância ser necessária para a agricultura, o mecanismo de fertilização da indústria agrônoma está sobrecarregando o solo.
– O solo e as plantas já não estão conseguindo capturar o nitrogênio que está sendo adicionado em excesso. Esses resíduos seguem para rios e oceanos, o que pode gerar problemas ambientais que ainda desconhecemos. Essa discussão deveria estar presente na Rio+20, precisamos visualizar os riscos para nos prevenir.
Também esteve presente no debate, o reitor e professor de Bioética da PUC-Rio, padre Josafá Siqueira. O reitor deu destaque ao que pode ser feito dentro da Universidade para o desenvolvimento sustentável. Ele também ressaltou a integração entre alunos, independente das diferenças ideológicas.
– A universidade deve ajudar a formar hábitos e habilidades profissionais nas pessoas, potencializando-as para construção de valores e costumes socialmente justos e ambientalmente sustentáveis – afirmou Josafá.
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