Rodrigo Serpellone e Caroline Hülle - Do Portal
31/08/2012A necessidade de unir lucro e sustentabilidade, conceito base da economia verde, e a exploração de novas áreas de recursos naturais, como o pré-sal, ampliam a recente demanda por profissionais relacionados ao meio ambiente. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que, até 2030, serão criadas 25 milhões de vagas ligadas às práticas ambientais responsáveis. No Brasil, o levantamento da OIT observou que há 2,6 milhões de empregos ligados a esta área no território nacional, correspondendo a 6,6% dos empregos formais. Profissionais ouvidos pelo Portal PUC-Rio Digital apontam a interdisciplinaridade e a especialização como características essenciais no mercado sustentável, que ainda está em “processo de evolução”.
Em 2003, a Petrobras, maior empresa brasileira, tinha 89 postos de empregos ligados ao meio ambiente. Em 2010 este número saltou para 1.398, um aumento de quase 1.500%. A gerente de recursos humanos da Petrobras, Mariângela Mundim, acredita que as vagas não vão parar de crescer nas grandes empresas, principalmente com a exploração de áreas pouco conhecidas, o que necessita “uma maior preocupação na atuação das corporações”:
– Estamos procurando 284 engenheiros de meio ambiente, 93 analistas ambientais e 92 técnicos ambientais. Além do trabalho em equipe e da iniciativa, é importante se preocupar com a carreira e buscar um autodesenvolvimento.
Outro fator que valoriza o profissional da área é a legislação ambiental, mais rigorosa por parte de muitos governos.
– A tendência é que esses empregos continuem em alta nos próximos anos, até por conta dos acidentes da Chevron, na Bacia de Campos, e os ocorridos nos Estados Unidos e no Golfo do México. A prevenção desses fatos requer mais profissionais qualificados dedicados a essa área – exemplifica a gerente de RH.
Para empresas que não têm o próprio departamento de meio ambiente, a solução é contratar um gestor ambiental para supervisão e avaliação de riscos à natureza. Esses profissionais também organizam “ações verdes”, como coleta seletiva e cursos de descarte de resíduos que instruem melhor os funcionários (confira aqui reportagem sobre o posto de coleta da Fábrica Verde na PUC).
À frente da empresa Interação Ambiental, que presta serviços de gestão ambiental, Fernando Altinho conta que a maior parte dos clientes é formada pelas indústrias e secretarias municipais de Meio Ambiente. Segundo ele, a demanda por parte de empresas, indústrias e comércio faz parte de um processo de evolução do mercado que encontra, nas ações sustentáveis, a valorização da marca:
– As empresas querem transparecer sustentabilidade e demonstrar o que têm e o que fazem para um reconhecimento econômico. Até para ajudar na alta das ações na Bolsa de Valores.
Como a sustentabilidade é a “menina dos olhos” da área, no momento, engenheiros ambientais têm enfrentado a concorrência de colegas de outras especialidades:
– Não é comum o engenheiro formado na área ambiental se voltar para outros setores da engenharia, mas sim os de outras áreas (química, civil, mecânica) se especializarem na parte ambiental – confirma o engenheiro Marcelo Duque, diretor da Ambio Participações.
Apesar disso, Duque conclui que “o mercado é grande e ainda está em crescimento”, o que abre vagas para quem está se graduando. Isso se deve às opções de locais de emprego do engenheiro:
– O profissional da área pode trabalhar em consultoria, em departamentos de sustentabilidade das grandes empresas ou até no desenvolvimento de projetos ambientais – afirma o engenheiro formado na PUC-Rio.
Advogados ambientais, por sua vez, ainda encontram certa dificuldade para atuar nesse mercado, devido ao reduzido número de escritórios especializados. Entretanto, segundo a advogada Danielle Moreira, professora de Direito da PUC-Rio, a expectativa é de aumento dos escritórios especializados no ramo. Ela acrescenta que o papel desse profissional é promover assistência às pessoas físicas e jurídicas, como na obtenção de autorizações ambientais:
– As empresas, em sua maioria, têm um departamento jurídico, e neles há a tendência de consultar profissionais ligados à advocacia ambiental. As grandes empresas também acabam terceirizando esses serviços.
A pesquisadora Cristina Haguenauer, responsável pela área de tecnologia da informação do Grupo de Estudos em Ciências e Educação Ambiental da UFRJ (GEA), acrescenta que profissões como direito, gestão, engenharia e contabilidade ambientais têm como principal função a prevenção e a orientação de como amenizar as agressões ao meio ambiente, e estes cargos têm requerido funcionários com perfil multidisciplinar:
– As pessoas fazem atividades relacionadas ao meio ambiente mesmo tendo formações originais em outras áreas. Por isso existem oportunidades em vários setores para a questão ambiental.
Apesar da variedade de graduações, para garantir um emprego nesse mercado os profissionais devem ficar atentos à especialização, já que os cursos de graduação voltados para ecologia são recentes. Ainda segundo Cristina, esse conhecimento pode ser adquirido por meio de cursos rápidos e até mesmo na prática, com o desenvolvimento de projetos.
Profissões, funções e salários: Direito ambiental: Um advogado da área defende empresas poluidoras e ajuda na prevenção de punições futuras, sempre respeitando a legislação ambiental. O salário para quem está começando é de cerca de R$ 2 mil, e gira em torno de R$ 5 mil para quem trabalha fixo em empresas. Engenharia ambiental: Esse profissional fiscaliza as indústrias para a preservação da qualidade da água, do solo e do ar. Ele pode atuar em ONGs, centros de pesquisas, órgãos públicos, empresas e consultorias. Começando com um salário de R$ 3 a R$ 4 mil, o engenheiro chega a ganhar mais de R$ 7 mil. Educação ambiental: Pode trabalhar em ONGs, empresas ou escolas, ensinando mudanças de hábito para crianças e até para diretores de multinacionais. Com salário inicial em torno de R$ 2 mil, o educador ambiental chega a ganhar R$ 6 mil. Gestão ambiental: O gestor detecta problemas de impacto ambiental e os direciona para o profissional que possa resolvê-los, além de desenvolver projetos de conscientização dos funcionários. O salário para quem está começando fica em torno de R$ 2 mil. Para quem está no meio há mais tempo, fica em cerca de R$ 5 mil. Química ambiental: O químico dessa área faz levantamentos dos aspectos do meio ambiente, elabora relatórios de impacto ambiental e monitora órgãos públicos. Começa com um salário em torno de R$ 2 mil e pode chegar a mais de R$ 7 mil. Auditoria ambiental: Ele avalia se a empresa está tomando as medidas exigidas pelas normas para obter os certificados ISO 14000 e ISO 14001 (indicadores de excelência ambiental). O auditor começa com um salário de até R$ 2 mil e pode ganhar mais de R$ 4 mil. Consultor ambiental: Prepara relatórios que identificam os impactos ambientais da empresa e desenvolve projetos para reduzir essas agressões ao meio ambiente. O profissional da área começa com uma remuneração de até dois mil e chega a ganhar mais de R$ 6 mil. Fonte: Guia do Estudante, Catho e profissionais da área. |
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