Christiane Sales * - Da sala de aula
20/08/2012Escassez de mão de obra qualificada e novas tecnologias são os termos que mais se ouvem nas rodas de conversas e debates sobre a exploração de petróleo no Brasil. Desde a descoberta desta fonte energética na camada pré-sal do litoral brasileiro, em 2006, e o início da exploração, em 2008, estes temas têm mobilizado profissionais e estudantes de engenharia de todo o país. Para ampliar esta discussão, os integrantes do Capítulo Estudantil SPE (Society of Petroleum Engeneers) da PUC-Rio promovem a quarta edição da PetroPUC. O evento, que será realizado entre 20 e 24 de agosto, no Auditório RDC, pretende orientar os estudantes de engenharia com mesas-redondas, palestras, minicursos e bancos de currículos, promovendo um intercâmbio com a indústria de petróleo e gás.
De acordo com o pesquisador da indústria de petróleo e gás Carlos Frederico Rocha, a quantidade de profissionais no mercado é suficiente para a demanda atual de exploração petrolífera. Ele explica que a divulgação de notícias sobre a falta de profissionais qualificados para atuar na área tem em vista o potencial de expansão do mercado para os próximos anos, e não o cenário atual.
O vice-presidente da Associação de Engenheiros da Petrobras (Aepet), Fernando Siqueira, também acredita que não há motivos para alarde sobre a mão de obra do setor. Para ele, mesmo com a construção de novas refinarias, o Brasil tem potencial suficiente para suprir esta demanda. “Esta questão da falta de profissionais carrega um pouco de exagero. Acho que teremos tempo para treinar e capacitar os brasileiros. Esta afirmativa visa tentar justificar a vinda de empresas estrangeiras para operar o pré-sal. É uma campanha do lobby internacional feito pelo cartel do petróleo que quer evitar que a Petrobras seja operadora única do pré-sal,” contou.
Outro mito desconstruído pelos especialistas é que o pré-sal não é a galinha dos ovos de ouro apenas dos engenheiros. Profissionais de diversas áreas também são atingidos pelo aquecimento do mercado. Geólogos, geógrafos, analistas, gestores e até pedagogos e sociólogos são alguns dos que verão o surgimento de novas vagas de empregos nos próximos anos. De acordo com Rocha, a tendência é a atuação multidisciplinar na área devido ao aumento das exigências ambientais para a exploração.
Prospecção e prevenção de acidentes são as áreas com maior tendência de crescimento para os próximos anos no Brasil. Segundo Rocha, mesmo com a dificuldade de se projetar o futuro por se tratar de uma fonte esgotável, os profissionais deste setor podem ficar tranquilos pelos próximos 50 anos. “No horizonte de longo prazo o setor energético vai se expandir com o deslocamento de profissionais para outros setores. Mas isso não afeta quem está em formação hoje”, disse.
Este otimismo, porém, não deve acomodar aqueles que desejam trabalhar no setor. As vagas existentes são para profissionais de nível superior, e esta é a tendência. Segundo Rocha, a Petrobras não contrata profissionais de nível médio para atuar na exploração de petróleo e gás. Ele alerta, ainda, que, com a divulgação de notícias sobre a escassez de mão de obra qualificada, novos cursos de nível técnico surgiram para capacitar alunos para o setor. Porém, estes profissionais não são empregados no mercado. “Não é o profissional de qualquer curso que vai ser absorvido. É preciso ampliar a oferta de cursos, mas com qualidade”, explicou.
A programação e outras informações sobre o Petropuc estão no site do evento.
* Reportagem produzida para a disciplina Laboratório de Jornalismo Impresso.
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