O poder de decidir o futuro do Rio de Janeiro daqui a 50 anos está nas mãos dos cidadãos, ao alcance de um clique. Pelo menos no jogo Forward+50, lançado sexta-feira, dia 15, simultaneamente no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Pavilhão do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) da Rio+20, no Riocentro, e na internet.
Criado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma/Unep), com o Lord Cultural Resources e o grupo AXA, o jogo procura mostrar as consequências dos atos de cada indivíduo. Até quinta-feira, dia 21, será dada uma missão diária aos jogadores, que precisam atingir as metas para os próximos 50 anos, com o menor dano possível ao meio ambiente. As missões são: energia; construção; transporte; agricultura sustentável; resíduos; saúde, água e saneamento; instrução, formação, solidariedade e inserção.
No jogo, os cidadãos aprovam diretamente a construção de usinas, investimento em saúde, educação, transporte. Ao se tomar uma decisão, o simulador indica o benefício gerado e seu impacto ambiental, levando o jogador a quebrar a cabeça para “construir” um futuro melhor. As decisões só podem ser tomadas coletivamente. Os votos dos participantes vão determinar diariamente qual passo será dado, se rumo ao desenvolvimento limpo – representado por um cenário de céu azul com um arco-íris, favelas urbanizadas, consumo de energia limpa, transporte de massa eficiente – ou ao apocalipse: um Rio totalmente favelizado, com as baixadas inundadas pela elevação do nível do mar e tempestades elétricas.
A ideia é mostrar a um número maior de pessoas o que as mudanças climáticas podem causar, de maneira direta e divertida:
– Estamos testando uma nova forma de ver as mudanças climáticas. Vamos mostrar que é algo que vai acontecer de qualquer maneira, mas que devemos frear as mudanças negativas – acredita a consultora da Lord Cultural Resources, Denisse Rondon.
O jogo promete mexer também com as redes sociais. Pelo Twitter, o jogador pode protestar contra as decisões que estão sendo tomadas e mudar o rumo do jogo.
Para os que passavam desavisados pelo térreo do CCBB na sexta-feira, o desenho do Rio em chamas (pior cenário da simulação) chamou a atenção. A professora de Ensino Fundamental Valéria Ferreira usará a oportunidade para ensinar sobre as mudanças climáticas.
– Vou trazer meus alunos e mostrar para eles. Na faixa etária com que trabalho, até 9 anos, participar desse tipo de atividade vai melhorar o entendimento deles a respeito dos problemas que estamos enfrentando.
Por enquanto, somente a cidade do Rio é retratada nas telinhas, mas nos próximos cinco anos isso deve mudar. Os organizadores pretendem levar os jogos até o Pan-Americano de 2015, em Toronto, no Canadá, e para o Qatar.
– Queremos associar o projeto a eventos maiores, sejam eles sociais, esportivos, políticos, econômicos ou ambientais – afirmou Denisse.
Mas para que isso seja possível, o jogo precisa ser alterado para representar a realidade geográfica e climática de cada cidade que retrate. Para isso, o responsável por comandar a equipe de desenvolvimento técnico do jogo, o francês Gregoire Chailleux, se baseia nos documentos da Agenda 21 (documento herança da Eco-92, que também ocorreu no Rio).
– A estrutura do jogo é a mesma, mas temos que trabalhar com os cientistas do país em que vamos lançar o jogo, para que possamos adaptar corretamente as condições climáticas na simulação de cada cidade – explicou Gregoire.
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