Matheus Vasconcellos - Do Portal
21/06/2012Maria Christina Corrêa " alt=" Maria Christina Corrêa " class="popup">Embora ainda careça de uma definição precisa e de metas internacionais, a propalada economia verde é incorporada, pela primeira vez, ao texto de um documento assinado por chefes de Estado dirigido ao desenvolvimento sustentável. O pequenino avanço expõe a dificuldade de se adotar um modelo econômico mais comprometido com as exigências ambientais. O desafio esbarra em divergências políticas, financeiras e até acadêmicas. Pesquisadores estão incertos sobre o casamento entre economia verde e a expansão desejada. “A economia verde ajuda ou atrapalha o desenvolvimento?”, provocou a economista Liz Stanton, do Instituto Ambiental de Estocolmo, também professora da universidade de Tufts (EUA), no fórum da PUC-Rio,
Dos centros de pesquisa e das empresas às administrações públicas, o mundo busca a resposta. Para o professor de desenvolvimento sustentável da Universidade de Surrey, no Reino Unido, e diretor do Grupo de Pesquisa em Estilos de Vida, Valores e Meio Ambiente, Tim Jackson, o “dilema do crescimento” ainda está longe de ser resolvido:
Maria Christina Corrêa " alt=" Maria Christina Corrêa " class="popup"> – O crescimento é insustentável e o decrescimento é instável. O problema é que, quando decrescemos, as pessoas perdem seus empregos. Portanto, há três passos que precisamos dar: consertar a economia, estabelecer limites ecológicos e modificar a sociedade de consumo. Precisamos parar de pensar que a economia só vai crescer com o consumo desenfreado – alerta.
Liz também acredita que a economia verde tem potencial para ajudar o desenvolvimento, mas ressalva a necessidade de uma "maior interação entre ambos". Já o ambientalista Fabio Feldmann, secretário do Meio Ambiente de São Paulo entre 1995 e 1998 e vencedor do prêmio Global 500, propõe mudanças incisivas, especialmente no modelo de desenvolvimento do governo brasileiro. Ele reforça o coro dos que reconhecem os avanços sociais e econômicos do país nas duas últimas décadas, porém consideram tímidos os ganhos ambientais. Na área da sustentabilidade, avalia ele, a dívida verde e amarela ainda é alta:
– É mais fácil um governo abaixar os impostos dos carros novos, estimular a compra para diminuir os impactos da crise econômica do que resolver o problema do trânsito. A consequência nós estamos vendo hoje: cidades quase intransitáveis como Rio e São Paulo. Isso é péssimo para um país que quer ser sustentável.Maria Christina Corrêa " alt=" Maria Christina Corrêa " class="popup">
Jackson espera que debates como os das programações oficial e paralela se convertam em esforços conjuntos para resolver aquele complexo dilema. Empresas, governos e instituições de pesquisa voltados para equacionar políticas e ações que equilibrem as ambições de crescimento sem as quais emprego e renda tornam-se vulneráveis e as exigências ambientais sem as quais a degradação dos recursos ameaça a construção de um mundo sem fome e sem miséria.
– Não poderemos nunca alcançar uma sociedade totalmente verde, sem antes respeitar os limites ambientais – resume o pesquisador inglês.
Participaram também do Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para Desenvolvimento Sustentável na PUC-Rio o vice-diretor executivo do Conselho de Pesquisa em Ciências Humanas da África do Sul, Ivan Turok; o diretor executivo do Programa Internacional Dimensões Humanas de Mudanças Ambientais Globais (IHDP), Anantha Duraiappah; o diretor do Instituto Mazingira, em Nairobi (Quênia), Davinder Lamba; o professor do Departamento de Economia e História Econômica da Universidade Autônoma de Barcelona, Joan Martinez Alier; e o professor Ronaldo Seroa da Motta, pesquisador do Instituto de Pesquisa de Economia Aplicada (Ipea).
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