Como a biodiversidade e os ecossistemas podem contribuir para a sustentabilidade foi o assunto do terceiro painel desta quarta-feira, 13, no Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação sobre o Desenvolvimento Sustentável, organizado pelo International Council for Science (ICSU). No palco do ginásio da PUC-Rio estavam os ambientalistas Thomas Lovejoy, Lidia Brito, Anne Larigauderie, David Steuerman e o mediador Salvatore Arico.
Em seu discurso, o americano Thomas Lovejoy, presidente do meio ambiente do Global Environment Facility Scientific and Technical Assessment Panel, ressaltou que a ciência não é o bastante para que haja evolução. É preciso mais ação por parte dos cientistas políticos:
– A política mundial precisa estar mais envolvida para poder dispersar a divulgação dos planos sobre o desenvolvimento sustentável. É nosso papel (da comunidade científica) garantir que o conhecimento sobre a biodiversidade esteja acessível a todos.
Para a diretora executiva da Diversitas (programa internacional sobre biodiversidade) da França, Anne Larigauderie, a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, é a comemoração pelos 20 anos de pesquisa sobre a biodiversidade. Apesar disso, lembrou que a virada do milênio representou mudanças climáticas e outras transformações que afetaram o bem-estar humano e os ecossistemas.
– A ciência da biodiversidade se modernizou nos últimos 20 anos. Agora é preciso que essas políticas se integrem na sociedade. Temos que melhorar nossa capacidade de observar e ter um olhar mais coletivo.
Concordando que é preciso haver maior contato entre ciência política, governos e as sociedades civis, Lidia Brito, ex-ministra de Ciência e Tecnologia de Moçambique e líder da Divisão de Ciência e Política na Unesco, e o cientista político David Steuerman, diretor do programa Empresas e Biodiversidade da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU, levantaram como se pode chegar à erradicação da pobreza a partir das intervenções políticas.
– Os políticos devem olhar para a sociedade e propor mudanças. Existe crise social e financeira porque as políticas são feitas local e não globalmente. Criando pontes entre governos, sociedades e negócios, criamos uma sociedade mais igualitária. Já temos o know-how, mas, se as políticas públicas não canalizarem a voz da sociedade, não há avanço – afirmou Lidia.
Steuerman adota a sociedade como parceiro relevante para a sustentabilidade, e propõe uma visão mais analítica e global sobre o assunto.
– Somos inimigos do tempo. Por isso precisamos dar um passo de cada vez. Não podemos esperar que chegue 2020 e, de repente, tudo dê certo. É um processo gradativo, uma jornada contínua – defendeu o cientista.
O Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para Desenvolvimento Sustentável termina nesta sexta-feira, 15. Confira a programação completa do Fórum aqui.
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