O 2º Ciclo de Conferências Cidades Verdes reuniu autoridades e especialistas em sustentabilidade, na quinta (26) e sexta-feiras (27), para os debates “Grandes eventos, legado e sustentabilidade” e “Prevenindo e remediando catástrofes na era do aquecimento global”. Realizado pela ONG OndAzul, em parceria com o jornal O Globo, o evento, no auditório da Firjan, no Centro do Rio, contou com a participação do deputado federal e presidente da Subcomissão Rio+20, Alfredo Sirkis; do vice-governador e coordenador executivo dos projetos de obras da infraestrutura do Estado do Rio, Luiz Fernando Pezão; do secretário municipal de Meio Ambiente da cidade de São Paulo, Eduardo Jorge; do presidente da Câmara Técnica de Desenvolvimento Sustentável da Prefeitura do Rio, Sérgio Besserman Vianna; e do jornalista André Trigueiro, os dois últimos professores da PUC-Rio.
Um dos assuntos que despertaram maior interesse da plateia foi o da reconstrução da Região Serrana, atingida pelas enchentes em janeiro de 2011. O promotor de Justiça e coordenador-geral do 6º Centro de Apoio Operacional do Ministério Público do Estado, Vinicius Leal Cavalleiro, mostrou fotos imagens da catástrofe em Friburgo e Teresópolis, que provocou 810 mortes nas duas cidades (leia mais em "Governo precisa se preparar melhor para os verões e "Especialista prevê mais 25 verões de deslizamentos").
– Esses são os retratos de uma triste realidade resultante da falta de planejamento durante décadas. Já está na hora de a sociedade se mobilizar e mudar isso – afirmou Cavalleiro.
Ele lembrou as fragilidades e irregularidades no uso das verbas federais destinadas à reconstrução das cidades, como fraudes em licitações, empresas fantasmas e inconsistência de documentos comprobatórios e apontou 100 pontos com risco de enchente ou deslizamentos em Teresópolis e 254 setores de encosta com risco iminente em Nova Friburgo.
– É preciso trabalhar a cultura da população das cidades para que todos saibam conviver com o risco, e estimular cada vez mais as pessoas a participarem nas cobranças por políticas públicas e discussões, e assim conscientizar a todos sobre a importância do plano de contingência. Além disso, é necessário trabalhar um plano de habitação, que já está sendo discutido pelo poder público e pela população – informou o promotor.
O estudante de engenharia ambiental Felipe Ferreira acredita que o encontro tenha sido proveitoso, não só pelo debate sobre a catástrofe das enchentes, mas por todos os assuntos.
– Estudo uma engenharia que pensa no futuro, em como lidar com o meio ambiente provocando menos danos, e é isso que todos fizeram nesta conferência: debateram sobre a necessidade de construir estruturas capazes de sediar grandes eventos de esporte, mas também de proteger o meio ambiente, de certa forma; falaram sobre a prevenção de tragédias como essa na Região Serrana. Para mim, o encontro foi muito produtivo – opinou Felipe.
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