Ligia Lopes e Mariana Alvim - Do Portal
22/11/2011Às vésperas da eleição para a gestão 2012 do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da PUC, um debate entre as duas candidaturas atraiu nesta segunda-feira, 21, mais de 50 pessoas ao pilotis da Ala da Amizade. Na disputa este ano estão as chapas Roda Viva, que completa o terceiro mandato, e Integração, disputando pela segunda vez. No ano passado a Roda Viva venceu a Integração por uma diferença de 275 votos, em uma eleição que contou com 2.508 votantes, de um universo de cerca de 12 mil alunos.
A função do DCE é representar os alunos frente à universidade. O DCE da PUC, criado há 56 anos, atualmente recebe da instituição R$ 5 mil mensais para custear despesas (leia quadro abaixo). O mandato é de um ano, podendo haver reeleição. O critério das eleições é de maioria simples – ganha quem tiver mais votos. Todos os alunos de graduação e pós-graduação podem votar.
– A ideia é que os alunos levem, via DCE, suas demandas, pedidos, reclamações e reivindicações à Vice-Reitoria Comunitária. O DCE trata de solicitações, palestras e eventos do coletivo dos alunos, em parceria com a Vice-Reitoria: a Festa Junina, o Festival de Primavera, o calendário dos trotes. O voto não é obrigatório, mas é de extrema importância, porque é o meio pelo qual os alunos se comunicam com a Vice-Reitoria – explica o coordenador de Atividades Estudantis da Vice-Reitoria Comunitária, o professor Renato Callado.
A chapa Roda Viva traz na bagagem a realização do Festival de Primavera e da Festa Junina, o fim da cobrança por atividades complementares e, mais recentemente, o adiamento da taxa para empresas conveniadas à Central de Estágios da PUC na contratação de alunos (relembre o caso). O Roda Viva apoiou em sua gestão outros projetos na universidade, como a I Semana de Fotografia e a recepção do 21º Encontro Nacional de Estudantes de Design. Para um eventual quarto mandato, a coordenadora de movimentos estudantis do Roda Viva, Talita Tanscheit, de 21 anos, destaca entre as propostas a realização do Congresso PUC, a fim de discutir temas relacionados à universidade, e a reforma da Vila dos Diretórios, além do aperfeiçoamento de projetos já consolidados, como o Festival de Primavera e a Semana da Diversidade. O grupo também tem como causa a meia-passagem para universitários.
A chapa Integração, de oposição, propõe a renovação do DCE. Entre as principais propostas está a realização de uma Olimpíada interna na universidade, a criação de atléticas (equipes esportivas dos centros acadêmicos) e o uso das redes sociais para ampliar o alcance do diretório. A Integração defende também estreitar a relação da universidade com empresas, o que, segundo o coordenador social da chapa, Hugo Providente, de 24 anos, é uma demanda dos alunos não atendida pela atual gestão.
No debate de segunda-feira, representantes do Roda Viva criticaram a aproximação de empresas com a universidade, alegando que a abertura ao setor privado seria prejudicial aos estudantes se não houver contrapartida das empresas. Providente rebateu afirmando que a chapa defende os interesses dos alunos em parceria com a iniciativa privada.
A Integração, por sua vez, acusou a Roda Viva de não prestar contas corretamente, já que faltavam números relacionados ao faturamento da última festa junina em uma prestação de contas divulgadas no jornal PUC Urgente. O Roda Viva alegou que as contas do órgão são divulgadas na sede do DCE, na Vila dos Diretórios, e que no caso do jornal houve falta de espaço.
Eleição também para CAs
Nesta quarta e quinta, computadores ligados ao Sistema de Gerência Universitária (SGU) estarão disponíveis no pilotis para a votação. Os alunos devem apresentar documento oficial com foto. A votação será realizada das 9h às 18h (para alunos de cursos diurnos) e das 9h às 22h (para os noturnos).
No mesmo dia haverá eleições para os Centros Acadêmicos, que tratam das demandas dos cursos e levam reivindicações do curso para a direção do Departamento, ou mesmo para a Vice-Reitoria Comunitária.
– O Centros Acadêmicos são organizações mais fechadas, com foco nos departamentos, enquanto o DCE pensa na coletividade – distingue Callado.
AS PRINCIPAIS PROPOSTAS
Roda Viva
Integração
Corpo a corpo
O Portal conversou com representantes das duas chapas: a coordenadora de movimentos sociais do Roda Viva, Talita Tanscheit, aluna de ciências sociais, do Roda Viva; e o coordenador social da Integração, Hugo Providente, estudante de relações internacionais. Confira:
Portal PUC-Rio Digital: Quais são as principais propostas da sua chapa para este ano?
Roda Viva/Talita Tanscheit: Optamos por não ter carro-chefe nos projetos, porque no começo tínhamos isso: lutávamos por uma creche para filhos de mães jovens, para que não houvesse evasão escolar das mulheres, pelo pré-vestibular comunitário e outros. E vimos que muitas coisas surgem com o contexto. Por exemplo, a luta para que o preço do bandejão baixasse não era uma luta nossa, mas vimos essa demanda e lutamos por ela (durante a gestão de 2010, o preço da refeição caiu R$ 2, mas voltou ao preço anterior em 2011). Mas um dos projetos para o futuro é o Congresso PUC, um evento para discutir questões da universidade, como a reforma da Vila dos Diretórios e a maior participação dos alunos nas decisões da universidade.
Integração/Hugo Providente: A proposta é integrar todos os cursos. A proposta principal é ter um órgão de representação dos estudantes que seja livre e democrático. Nós entendemos que a gestão atual tem uma série de iniciativas que são diversificadas, mas que, na verdade, não conseguem dialogar com a totalidade das demandas dos alunos. Nossa chapa tem uma proposta bem clara que é abrir espaços físicos de discussão dentro da PUC, além de usar as redes sociais para promover esse diálogo, não só para divulgar as nossas atividades como para construir coisas novas. Além disso, teremos transparência na prestação de contas: os alunos vão saber cada receita que entrar e sair do DCE.
Portal: Como veem a relação do DCE com partidos políticos?
Integração/Hugo: Sempre há um discurso de despolitização das atuações do DCE, mas nós vemos esse partidarismo na gestão atual. É isso o que nós vamos combater, não vai haver nenhuma vinculação política.
Roda Viva/Talita: No Roda Viva, poucas pessoas são filiadas a algum partido. E essas devem ter o direito de se expressar. Ficamos 30 anos sem partidos políticos, é importante que as pessoas se envolvam na política para exercer seus direitos democráticos. É mentira que envolvemos a estrutura do DCE para lutas pessoais.
Despesas do DCE*
A seguir, as despesas da gestão Roda Viva no DCE no mês de outubro:
35 caixas de cerveja (R$ 0,75 por lata): R$ 315
5 sacos de gelo: R$ 65
Ida ao 2º Festival Latino-Americano das Juventudes em Fortaleza: R$ 2.233
35 caixas de cerveja (R$ 0,75 por lata): R$ 315
5 sacos de gelo: R$ 65
Compra de aparelhagem de som: R$ 320
Compra de dois cabos SATA: R$ 20
Compra de 35 caixas de cerveja (R$ 0,75 por lata): R$ 315
Compra de 5 sacos de gelo: R$ 65
Ajuda de custo para o Seminário dos Punks aos Riots: R$ 208
35 caixas de cerveja (R$ 0,75 por lata): R$ 315
5 sacos de gelo: R$ 65
Compra de 28 tapumes de madeira para cenografia do Festival de Primavera: R$ 715
Compra de equipamento de som para as seletivas do Festival de Primavera: R$ 3.950
* Última prestação de contas. Dados retirados de relatório afixado no mural da sede do DCE.
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