Miguel Pereira * - Do Portal
28/11/2011Segundo longa-metragem do ator Selton Mello, "O palhaço" é um filme que surpreende por sua cativante sinceridade. O mundo do circo é sempre algo atraente por natureza. Encerra mistérios e situações em que o ser humano experimenta esticar os seus limites físicos e espirituais. O corpo se torna maleável às acrobacias e se expõe ao perigo com as feras e os movimentos frenéticos. Mas, o grande espírito do circo está mesmo nos palhaços. São a expressão da alegria e da confraternização que existe entre o público e os artistas.
No fundo, o circo é uma família nômade que monta e desmonta a sua tenda de acordo com o interesse que vai despertando por este mundo afora. É um anúncio daquilo que faz bem a todos, crianças, jovens e adultos. É uma pregação pela paz e pela concórdia entre os homens. Mas, dentro dele, muitas vezes, as vilanias humanas estão presentes como em qualquer grupo social. E aí o circo não é diferente de outros espaços da vida cotidiana. Com uma única diferença. Na hora do espetáculo, nada pode transparecer. Ele deve continuar. Angústias, incertezas e inseguranças são postas de lado para que o show aconteça. Foi sobre este universo que Selton Mello se debruçou para realizar "O palhaço".
* Miguel Pereira é professor da PUC-Rio e crítico de cinema.
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