Gabriela Caesar e Thaís Bisinoto - Do Portal
31/08/2011A indústria das quatro rodas acelera rumo à nova classe média, cujo consumo de veículos, especialmente zero quilômetro, ainda patina. Apesar de corresponder a 54% da população brasileira e exibir um poder de compra crescente, a classe C até já descobriu o avião mas ainda está a dois ou três degraus do carro novo. Para reduzir essa distância, executivos da Renault – que até sexta-feira participam de palestras e oficinas no Renault Experience, na PUC-Rio – acreditam que o caminho seja um equilíbrio entre preço e equipamentos mais valorizados por esse tipo de consumidor, identificados por estudos específicos.
De acordo com a supervisora de estudos de mercado Marjorie Kockanny, que comandará uma oficina sobre essa área, nesta quinta-feira, às 11h, na sala 102-K, a classe média valoriza "preço justo" e automóveis de marcas tradicionais. A professora de comunicação e pesquisadora Claudia Pereira, coordenadora da oficina, acrescenta que,“hoje, a classe C, quando tem meio de transporte, se concentra em moto e carro seminovo”.
Marjorie observa ainda que, além de preferir marca "conhecida", o consumidor da classe média mantém-se fiel ao parcelamento como forma de pagamento predominante. A gerente de relações institucionais da Renault, Vanessa Castanho, aponta três aspectos fundamentais para os novos consumidores: preço, custo de manutenção e valor de revenda do veículo. O engenheiro especialista em eletrônica Evaldir Negrelli, que lidera o workshop de eletrônica embarcada nesta quarta-feira, às 15h, no laboratório Lieng, no Edifício Cardeal Leme, reforça a percepção de que o preço mantém um peso significativo na decisão de compra da classe C. Ele ressalva, no entanto, que equipamentos de conforto são mais valorizados do que itens de segurança:
– Ar condicionado, direção hidráulica e o trio elétrico (vidros, travas e alarme) são itens bastante valorizados – identifica – Em contraste com o perfil do consumidor médio europeu, que dá prioridade a itens como freio ABS (sistema antitravamento de roda) e airbag.
Para atender às demandas da nova classe média, a Renault desenvolve pesquisas e projetos especializados nesse público. Adaptações em acabamento e tecidos do interior do automóvel estão, por exemplo, entre os itens em estudo.
Eletrônica ocupa espaço crescente
Para Negrelli, a tendência é, aos poucos, inovações da chamada eletrônica embarcada (recursos eletrônicos adotados em diversos sistemas do veículo para, em geral, melhorar o rendimento, a segurança e o conforto). Ele pondera que evoluções do gênero, boa parte delas derivada do laboratório da Fórmula 1, ainda se concentram nos modelos de luxo:
– Desde 1995, a eletrônica embarcada vem evoluindo muito, sobretudo nos modelos mais sofisticados.
O professor de engenharia mecânica da PUC-Rio Mauro Speranza Neto, também orientador da mesa de Negrelli e da de carros elétricos nesta sexta-feira, às 13h, na sala 110-L, observa que esse tipo de tecnologia ocupa espaço crescente nos veículos e até se tornaram trunfos de mercado. Seja como atrativos de conforto (regulagem elétrica dos bancos com opções de memória, controle digital de temperatura, computador de bordo etc.), seja como suportes à dirigibilidade (nível de direção) e à segurança (câmbio automáticos "inteligentes", ajuste dinâmico da suspensão, sistema avançado de tração, sistema antitravamento das rodas). Neste sentido, a tendência é a eletrônica embarcada reduzir a autonomia do motorista. Speranza acredita que, em 20 anos, os carros serão “autodirigíveis”:
– Esse é o futuro da indústria automobilística. Vai chegar um ponto em que as pessoas não precisarão mais dirigir os carros; só se quiserem.
Alinhada a essa tendência, o Departamento de Engenharia da PUC-Rio desenvolve um projeto, ainda em fase preliminar, para a criação do "automóvel do futuro". Speranza esclarece que o objetivo não é propriamente criar o veículo autodirigível, mas qualificar os futuros profissionais para que possa converter a ficção em realidade:
– Estamos começando a aprender como isso funciona.
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