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Rio de Janeiro, 4 de janeiro de 2025


Cidade

Escoamento do trânsito requer avanços no transporte público

Caio Lima - Do Portal

07/04/2011

Luisa Nolasco

Luisa Nolasco

O aumento exponencial do fluxo de veículos, e dos congestionamentos, aguça um dos principais desafios da administração pública do Rio: o escoamento do trânsito, cuja urgência se intensifica à luz da Copa 2014 e da Olimpíada 2016. Especialistas afirmam que o antídoto exige um conjunto de ações, a começar pela contenção do número de veículos nas ruas. (1,8 milhão de carros circularam pela cidade em fevereiro deste ano 2011, um aumento de 29,54% em relação a 2002. Só na Gávea, estima-se que passem cerca de 5.000 veículos por dia). Para reduzir a quantidade de carros, são necessários avanços no transporte público. O professor do Departamento de Engenharia Industrial da PUC-Rio José Eugenio Leal, vice-decano do Centro Técnico Científico (CTC), é contundente em relação à oferta de ônibus no Rio:

– É preciso uma distribuição (de linhas de ônibus) mais equilibrada em toda a cidade. Existem bairros nos quais a quantidade de ônibus circulando é baixíssima. Uma das consequências é a opção pelo carro, aumentando o caos.

Para a professora da Escola Politécnica da UFRJ Eva Vider, também é necessário tornar os ônibus mais confortáveis, até para aumentar a credibilidade do serviço. Ela faz uma sugestão:

– Deveria-se seguir o exemplo da linha 584, na qual o piso é mais baixo e a aceleração e a frenagem são mais suaves. E tem ar-condicionado, um requisito importante principalmente nos dias de calor.

A professora acrescenta que o gerenciamento de tráfego revela-se igualmente estratégico. Ela observa que é preciso melhorar, por exemplo, o nível de informação à população:

– Muitas pessoas deixam de usar o metrô, por exemplo, porque simplesmente não estão informadas sobre a malha metroviária – acredita Eva.

Na opinião de Leal, grande parte dos transtornos seria evitada se houvesse uma melhor sincronia dos sinais: “Em muitos pontos da cidade é preciso melhorar o tempo deles. Para agravar, colocam guardas para fazer a mesma função. Se o sinal está mal regulado, a situação continua errada”, critica o engenheiro.

Para Eva, deveriam ser deslocados mais agentes de trânsito para "bifurcações que geram dúvidas nos motoristas":

– Muitas vezes o trânsito (intenso) se forma pelo vai-não-vai, ou seja, pela dúvida se é melhor pegar logo a via ou esperar o carro que já está nela passar. Nesses casos, os agentes ajudariam na sinalização e se reduziria o fluxo de veículos.

A professora acredita que uma das medidas mais estretágicas para combater o colapso do trânsito seja a difusão das ações de inteligência, como inversões de sentido e faixas alternativas em horários de pico: 

– Acho que as inversões de sentido, pela manhã, deveriam começar às 6h, quando as primeiras pessoas saem de casa para o trabalho – sugere.

Exemplo europeu

Os especialistas consideram também a ampliação do metrô essencial para o escoamento do trânsito, e apontam os exemplos de metrópoles como Paris e Londres. “Nessas cidades, por exemplo, existe uma verdadeira malha metroviária em forma de rede alcançando todos os pontos. No Rio, deve ter um bom projeto a médio prazo oferecendo linhas maiores, mas que tenha uma oferta de vagões de trem suficientes”, avalia Leal.

– O incentivo à criação de novas linhas de metrô, tomando o exemplo da rede estrutural, é muito importante para a cidade. O novo projeto da Linha 4 (até a Barra) é bom, mas um projeto dessa mesma linha feito há 30 anos, que pegava Botafogo, Humaitá e Jardim Botânico, seria melhor, se levarmos em consideração a grande demanda para o Centro – afirma Eva.

Outro projeto antigo que, segundo Leal, deveria ter sido levado adiante, é a expansão do metrô até a Praça XV. “A utilidade seria imensa, pois de lá haveria uma integração com as barcas. Assim, muitas pessoas que vêm de Niteroi para trabalhar no Rio deixariam de usar os carros”, justifica o especialista. Leal acredita que a restrição do uso de carros em alguns lugares e horários específicos (como em Londres) também seria benéfica ao trânsito. 

Comunidade PUC influencia trânsito na Gávea

O transporte solidário, comum em outros países, soma-se ao conjunto de ações no combate aos crescentes engarrafamentos. José Maria, chefe de parqueamento da PUC-Rio, observa que houve um "aumento significativo" no volume de veículos. Segundo ele, a maioria dos veículos que passam pelo estacionamento da universidade são ocupados só pelo motorista.

José Maria acredita que a solução "mais plausível" seria o metrô. Andréa Pavão, presidente da Associoção de Moradores da Gávea, diz que vai mobilizar esforços para a estação da Gávea não ser excluída.

– Outra medida para melhar o fluxo no bairro é conter a especulação imobiliária – afirma Andréa – A situação está ficando insustentável, e o governo continua a liberar alvarás para as construtoras.

Procuradas pela equipe do Portal PUC-Rio Digital, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio) e a Secretaria Muncipal de Transportes não se manifestaram oficialmente até o fechamento desta reportagem.