O carnaval este ano começa oficialmente no dia 5 de março. Mas concursos de marchinhas carnavalescas, ensaios técnicos das escolas de samba e blocos de rua são algumas das opções que permitem ao carioca cair na folia antes da hora. Para completar, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) organizou uma programação pré-carnavalesca para o mês de fevereiro.

O Concurso Nacional de Marchinhas Carnavalescas é um projeto criado pelo produtor cultural Perfeito Fortuna que resgata a tradição dos antigos carnavais. Desde 2006, o projeto procura valorizar a música carnavalesca, seus compositores e intérpretes. As inscrições para o concurso são gratuitas. As 10 melhores marchinhas já foram escolhidas pelos jurados e gravadas em um CD, que terá distribuição nacional. No baile da grande final, transmitido ao vivo pela TV, os jurados anunciam os três grandes finalistas e o público escolhe o vencedor.

Todo ano, o concurso homenageia um grande nome das marchinhas carnavalescas, como Carmen Miranda e Chiquinha Gonzaga. Em 2011, o homenageado é o músico João de Barro, mais popularmente conhecido como Braguinha.

Nesta edição, o concurso recebeu 940 inscrições. Ao todo, o projeto já recebeu mais de 5 mil músicas. Segundo a assistente de produção Michelle Rodrigues, o evento é um programa de família. A expectativa – como nos outros anos – é de casa cheia. A novidade de 2011 foram as inscrições pela internet, antes feitas pelo correio. Michelle chama a atenção para a diversidade das canções participantes:

– Os temas variam muito esse ano. Uma das 10 melhores marchinhas é sobre o metrô para a Barra. Há também as de cunho político, romântico e a mais tradicional: a da mulher – conta.

A atriz e cantora Soraya Ravenle, convidada do Concurso de Marchinhas Carnavalescas há quatro anos, se orgulha da sua participação anual no evento. Ela afirma que o projeto já faz parte de seu pré-carnaval. A cantora ressalta a importância do resgate do gênero musical no cenário carioca:

– Esse evento faz parte da enorme revitalização carioca que vem ocorrendo nos últimos 15 anos. Ele traz à tona a verdadeira identidade do Rio de Janeiro – explica Soraya. – O Rio tem essa vocação da brincadeira de rua, dessa coisa tropical, de eventos ao ar livre. E olhando isso de fora, eu me pergunto: o que o Rio de Janeiro poderia fazer além disso? A música brasileira faz parte da história da cidade – justifica.

A professora Santuza Naves, do Departamento de Sociologia e Política da Puc-Rio, é autora do livro O Violão Azul: modernismo e música popular. Ela acredita que o formato pequeno das marchinhas, em termos de letra e música, facilita a composição e propicia que todos cantem juntos.

– Seu ritmo de origem militar é mais adequado, por exemplo, para acompanhar o desfile dos blocos que o samba – explica a professora.

Outro bom programa de pré-carnaval são os ensaios técnicos das escolas de samba do Grupo Especial e do Grupo de Acesso A. Os desfiles preparatórios começaram no dia 9 de Janeiro e continuam aos sábados e domingos no decorrer do mês de fevereiro, até o dia 27. Quem fecha a programação é a Unidos da Tijuca, campeã em 2010 do Grupo Especial.

Com entrada franca, os ensaios também oferecem grupos de pagode aos domingos após o desfile da última escola. Deita e Rola, Regente e Estrela Negra se revezam nos shows, que são realizados no palco montado no Sambódromo.

O vice-presidente da Unidos da Tijuca, Joaquim Felipe Mendes, ressalta que a vitória em 2010 colaborou para o sucesso dos ensaios da escola em 2011. Felipe Mendes acredita no quinto título da escola, com o samba-enredo “Essa Noite Levarei Sua Alma”:

 – Acho que temos boas chances de vencer. Está bem diferente do ano passado. No dia do desfile, veremos se está melhor ou pior, mas o apoio do público durante os ensaios é um estímulo para nós – afirma.

Segundo Felipe, os ensaios trazem o ritmo do carnaval. Mesmo sem os carros alegóricos, a empolgação e ansiedade das pessoas contribuem para um pré-desfile em grande estilo. O vice-presidente ressalta a importância psicológica e prática dos ensaios técnicos:

– Colocamos na avenida, 2 a 3 mil pessoas por ensaio. Esses componentes entram em contato com a escola, que organiza o desfile. Essa relação antes do grande dia é de extrema importância, pois tudo fica mais perfeito. O pessoal da harmonia ajuda nessa organização, coloca os componentes no meio da ala, dá uma força. Com o público nas arquibancadas fica ainda melhor, pois você sente o apoio das pessoas, e isso nos empolga ainda mais – conta.

Mais uma opção são os blocos de rua, que começaram em janeiro. Os desfiles da Zona Sul e Centro ganham um ritmo mais intenso agora e vão até o domingo depois do carnaval. São uma tradição do carioca, onde música, fantasia e diversão se proliferam pelas ruas. Alguns dos mais tradicionais são o Cordão do Bola Preta, no Centro, o Simpatia É Quase Amor, em Ipanema, e o Carmelitas, em Santa Teresa.

O Centro Cultural Banco do Brasil organizou o baile carnavalesco “Viva o Zé Pereira!”, que ocupa a programação carioca de todos os sábados e domingos de fevereiro. A série de shows é gratuita, começa sempre às 18h e conta com a Orquestra Popular Céu na Terra e outros convidados.

O projeto inaugura a área externa do CCBB, onde foi montado um palco no estacionamento em frente ao prédio. A Orquestra Popular Céu na Terra preparou um repertório temático diferente para cada fim de semana.

A produtora cultural e organizadora do evento, Mariane Moraes, conta que a intenção do projeto é valorizar os ritmos tradicionais do carnaval popular. Ela já realizou outros projetos no CCBB, mas nenhum com a proposta do pré-carnaval.

– A Orquestra Popular Céu na Terra é ligada ao Núcleo de Cultura Popular Céu Na Terra, que é responsável há 10 anos pela saída do bloco de mesmo nome em Santa Teresa. A nossa expectativa de público é de mil pessoas todo sábado e domingo de fevereiro – afirma a produtora.

Concurso Nacional de Marchinhas Carnavalescas: 

Baile da Final "6º Concurso de Marchinhas da Fundição Progresso".
Show com Orquestra Popular Céu na Terra, Banda Fundição e Exalta Rei!

Dia: 20/02
Horário: a definir.
Local: Fundição Progresso
Ingresso: R$10 - antecipado (com direito ao CD das Marchinhas).

Viva o Zé Pereira, Centro Cultural Banco do Brasil:

Dias 12 e 13 de fevereiro: MARCHINHA, com João Roberto Kelly.
Dias 19 e 20 de fevereiro: SAMBA E SAMBA-ENREDO, com Moyseis Marques.
Dias 26 e 27 de fevereiro: FREVO E MARACATU, com Adryanna BB.