Caio Lima e Mauro Pimentel - Do Portal
13/12/2010O estudo dos problemas mundiais pela ótica brasileira é o principal objetivo do BRIC Policy Center, inaugurado sexta-feira passada, na antiga Casa Affonso Arinos, em Botafogo. A cerimônia reuniu o prefeito Eduardo Paes, o reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., e o ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, entre outros representantes do meio acadêmico e do poder público. Parceria entre a universidade e a Prefeitura do Rio, a iniciativa produzirá análises sobre aspectos centrais dos integrantes do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) e aproximará as agendas entre pesquisadores deste grupo. Para o ministro, a novidade representa também "independência em relação a pesquisas feitas no exterior".
"A casa do saber internacional", como sintetiza padre Josafá (foto), é dividida em cinco núcleos de pesquisa: política internacional e agenda multilateral; desenvolvimento econômico; desenvolvimento urbano e sustentabilidade; cooperação técnica e cientifica; e análise da economia e política dos quatro países. João Pontes, supervisor do projeto e diretor do Instituto de Relações Internacionais da universidade (IRI), que irá coordenar o centro, ressalta a perspectiva de melhor avaliar as políticas públicas daqueles países. Ele acrescenta:
– Outro efeito prático é informar à sociedade carioca e brasileira sobre a importância dessa nova realidade: a cooperação entre países em desenvolvimento.
Padre Josafá Siqueira, S.J., destaca a importância da articulação de pesquisas para a sustentabilidade. "Não se pode mais pensar em economia e política sem um olhar sustentável", observa. A visão do reitor, especialista nesta área, alinha-se com as novas metas da agenda ambiental da PUC para 2011, que será anunciada no próximo dia 16.
Na inauguração do BRIC Policy Center, padre Josafá ressaltou a parceria entre universidade e administração pública. O Prefeitura atuará como "incentivadora", sem interferir no desenvolvimento dos estudos. Eduardo Paes descartou a possibilidade de intervenções políticas e de participação de integrantes do governo nos grupos de pesquisa.
– O BRIC Policy Center mantém uma tradição de internacionalização da cidade – comemorou.
Uma das principais funções do novo centro remete à organização de seminários, conferências e debates para integrar o mundo acadêmico em torno das principais questões relativas aos BRICs – boa parte delas estratégica às ambições políticas e econômicas do Brasil no cenário internacional. Essas discussões serão organizadas, regularmente, tanto no Brasil quanto no exterior. Segundo João Pontes (foto), outra função essencial é o estímulo ao intercâmbio entre pesquisadores daqueles países.
Os núcleos de pesquisa são orientados pelo IRI. Na avaliação de Pontes, o Instituto terá, sobretudo, dois benefícios: incentivo ao estudo entre os alunos da graduação e da pós-graduação; e a oferta de novos recursos para que os pesquisadores da universidade desenvolvam estudos referentes às áreas contempladas pelo BRIC Policy Center. O novo centro também abre mais uma frente de estágio para os estudantes de relações internacionais da PUC-Rio.
– Ganhamos um capital importante em recursos humanos e materiais – destaca Pontes.
Pioneirismo nacional
O projeto é uma novidade no Brasil. De acordo com o ministro Pinheiro Guimarães (foto), o BRIC Policy Center significa uma oportunidade para discutir questões internacionais "através de uma visão brasileira":
– Pela primeira vez, não estaremos dependentes de pesquisas feitas no exterior – afirma.
Luiz Manuel Rebelo Fernandes, representante da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), concorda com o ministro. Diz que o "olhar brasileiro é o mais importante no centro de estudos". Mas ressalva:
– Esse olhar só estará completo com a presença dos colaboradores chineses, indianos e russos.
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